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Estado de Minas artigo

Investidores com menos de 18 anos triplicam

O mercado das ações acompanha as mudanças geracionais e acaba sendo moldado por elas


28/06/2022 04:00



Emília de Castro
Administradora e gestora financeira no mercado de
capitais; sócia-fundadora da Aspen Investimentos

Em 2020 eram pouco mais de 10 mil. Hoje, são mais de 30 mil jovens com menos de 18 anos investindo na Bolsa de Valores e a expectativa é de que o número continue crescendo. Isso porque o jovem tem se interessado cada vez mais (e mais cedo) pelo universo dos investimentos. Do menor de idade ao recém-formado, a mudança no perfil do investidor em renda variável já é uma realidade. 

Segundo levantamento feito pela B3, cerca de 46% dos investidores da Bolsa têm entre 15 e 35 anos. Esse jovem está entrando com menos dinheiro se comparado ao investidor com mais idade, mas chega com mais flexibilidade aos riscos da renda variável. 

As justificativas para esse movimento são variadas: existe o pequeno investidor, menor de idade, que investe a “mesada” que ganha dos pais ou os ganhos em negócios informais; o investidor jovem que já trabalha e faz aportes pequenos, mas com regularidade. Há também o investidor recém-formado ou trainee – que já possui uma renda que permite investimentos mensais que vão render uma certa segurança a longo prazo e por último o investidor já em idade adulta, na casa dos 30 anos: ele já está no mercado de trabalho, com uma profissão estabelecida e consegue mesclar objetivos de curto e longo prazo na carteira. 

Mesmo com algumas características traçadas, não existe uma ciência exata sobre o investidor brasileiro, mas é fato que o mercado já se movimenta buscando atender essa “nova” demanda. Os escritórios de investimentos e empresas de educação financeira contam com profissionais cada vez mais jovens, que falam a língua desse novo perfil de investidor. Nos canais do Youtube, encontramos desde crianças investidoras ao jovem da periferia que entrou para o mundo da Avenida Faria Lima.

O mercado das ações acompanha as mudanças geracionais e acaba sendo moldado por elas. O pensamento do jovem mudou e isso inclui a forma como lida com o dinheiro. O fator tempo, nesse caso, contribui positivamente para que os juros compostos trabalhem por mais tempo ainda para essa parcela da população.

Investir hoje, não é mais um "bicho de sete cabeças" que só pode ser feito por especialistas ou por quem tem muito dinheiro para pagar alguém que o faça por ele. O aumento no número de investidores jovens reflete também o aumento na busca pela educação financeira, pela prosperidade, pelo empreendedorismo e pela independência por novos caminhos. 

Benefícios como INSS ao fim da vida não são mais tão almejados, tão pouco fazer carreiras eternas em empregos que não os fazem felizes. O ciclo tem mudado e junto a isso a concepção de que a economia não é só o “lado de lá”. Eles têm percebido que é mais fácil atingir os objetivos financeiros – seja enriquecer ou ter uma vida mais confortável na velhice – quando se sabe que os aspectos econômicos e os investimentos podem andar lado a lado em suas carreiras.


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