Ale Boiani
CEO, fundadora e Sócia do 360iGroup
Ao montar uma carteira de investimentos é importante diversificar entre os tipos de ativos e também no que se refere à área geográfica e moeda. Ao realizar uma diversificação pensando apenas no mercado local, o investidor pode acabar perdendo oportunidades interessantes para melhores investimentos no exterior – pois quando algo de negativo acontece em outros países, por exemplo, o reflexo negativo na carteira nacional é gigante. Por outro lado, quando acontece algo positivo, muitas vezes o mercado interno não consegue acompanhar.
Em 2009 nossa bolsa de valores entregou um resultado 82% positivo, vindo de um ano de crise em 2008. Muitos clientes no ano anterior se desfizeram de seus investimentos com medo de perder ainda mais, não conseguindo pegar a rentabilidade impressionante que este ano entregou. Além disso, logo na sequência, esses investidores passaram por cinco anos complicados e com investimentos não tão positivos.
Em 2010, o melhor resultado por classe de ativos foi o IMA-B, que mede a inflação. O investidor acessa este tipo de investimento através das rendas fixas IPCA + (inflação taxa de juros fixa). 2011 e 2012 foram anos de excelentes resultados nos fundos imobiliários, o que atraiu vários investidores que entraram na alta e pegaram a perda de 2013, julgando ser um investimento de baixo risco. Os fundos imobiliários, embora menos voláteis que as ações, também são considerados renda variável, e são cotados em bolsa, ponto que é sempre importante ressaltar.
No ano de 2013, o melhor resultado foi da bolsa americana. O S&P500 é o índice composto pelas 500 maiores empresas americanas. Como o mercado americano é muito maior e mais relevante para o resto do mundo do que o mercado brasileiro, é possível notar que ele tem um comportamento de resultado muito mais previsível, não tendo ficado mais do que um ano negativo nenhuma vez durante o período. Agora, em 2022, o índice está negativo, e se seguir o padrão do histórico de resultados, está aí um excelente ponto de entrada para pegar uma possível recuperação em 2023.
A variação do dólar, ou seja, quanto ele valorizou em relação ao real, também é assustadora. Em 14 anos de histórico, apenas em alguns anos específicos ele apresentou redução. Embora o Brasil meça sua inflação pelo IPCA, o brasileiro sofre com a desvalorização do real, pois muito do que consumimos é precificado em dólar. O barril do petróleo, a saca do café, os produtos que utilizam tecnologia, como celulares, computadores, televisores, etc.
Em resumo, o que precisamos “ter estômago” para fazer é entrar "na baixa" do mercado – ou seja, nos papéis que estão baratos, negativos, e então sair depois da alta, e não o contrário. Ter uma carteira diversificada não só na questão de setores, mas também na questão "moeda" e região geográfica é uma excelente estratégia para quem entende a importância de diversificar com inteligência.
O acesso a investimentos fora do Brasil vem evoluindo e sendo facilitado ano após ano. Atualmente, para investir no exterior não é necessário um capital muito alto. O mercado brasileiro disponibiliza fundos internacionais através das corretoras de valores e bancos – assim como as BDR’s (Brazilian Depositary Receipts), que investem em empresas no exterior e além de pegar a rentabilidade do ativo também entrega o resultado da variação cambial.
Existem alguns bancos digitais no mercado que disponibilizam abertura de contas de investimento em dólares, e isto tem chamado a atenção de grandes instituições que têm ou diminuindo os valores necessários para investir no exterior ou até mesmo comprado estas plataformas para incorporar em suas grades de produtos. É sempre recomendável que você conte com um assessor de investimentos experiente que possa te explicar as diferenças entre investir em reais no mercado externo e investir em dólares diretamente – diferença que pode mudar o resultado final e garantir uma tomada de decisão e busca por oportunidades de forma assertiva e personalizada.