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Etiane Caloy Bovkalovski
Doutora em história pela Universidade Federal do Paraná (UFPR), coordenadora do curso de história da Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUCPR) 

Ao longo dos últimos séculos, a presença humana no planeta Terra tem sido, inclusive por desconhecimento sobre como fazer e agir diferente, agressora em relação à natureza e suas inúmeras benesses. E se pecamos pelo desconhecimento, também o fazemos pelo olhar indiferente sobre o sofrimento e o abandono da vida à sua própria sorte e à mercê da ação humana.  
 
Tendo isso em vista, faz-se crucial discutir (e valorizar) iniciativas sociais que geram renda, que conferem ao outro dignidade, que respeitam a cultura, que ampliam o olhar sobre a vida animal como parte constituinte da vida em sociedade e que têm apreço pela trajetória histórica do meio ambiente no mundo.  
 
Ainda, mostra-se essencial dar visibilidade para o papel que tem sido exercido por pessoas – em estado de colaboração e de cooperação – na busca de soluções para problemas enfrentados pela sociedade, como a fome, a exclusão de populações vulneráveis e fragilizadas pela pobreza e pela falta de acesso a condições dignas de trabalho, a desqualificação trazida pelo racismo nas suas mais diversas formas (por vezes impedindo o acesso à educação e à saúde) e outras tantas questões que se colocam em nossa sociedade diariamente.  
 
No século 21, o avanço tecnológico e do mundo virtual, o acesso às redes sociais, a ampliação do recebimento de informações sobre várias temáticas e a velocidade imposta por essas transformações, para além de todo o bem social que poderiam trazer (e que também trazem), têm mostrado o aumento da intolerância e o recrudescimento de posições políticas e sociais que, muitas vezes, são intensamente individualistas e pouco agregadoras na construção de uma sociedade mais justa e igualitária. 




 
Mas como o mundo do trabalho e do empreendedorismo social se cruzam com todas as demandas citadas acima? No século 21, quando se fala em empreender, essa ação não é mais pensada (nem aceita socialmente) sem a conduta ética de transformar o mundo num lugar melhor; empreender hoje está alinhado à busca do bem-estar econômico, social e ambiental. Podemos arriscar afirmar que toda a ação empreendedora atual carrega consigo o compromisso com o social ou que todo empreendedorismo é social? 
 
Talvez, e se essa percepção estiver correta, temos um mundo maravilhoso que se descortina diante dos nossos olhos. Mas esse cenário não se apresenta sozinho: ele é fruto de reflexões, de debates e de reivindicações expressadas, incansavelmente, pela área das humanidades ou daquilo que passamos a chamar de “humanidades sustentáveis”. 
É deste contexto que precisamos: fazer da sustentabilidade (nos âmbitos social, ambiental e econômico) e iniciativas que vêm na sua esteira, como o empreendedorismo social, a conservação ambiental e a educação do olhar, a base para a presença humana em prol da vida.