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Estado de Minas artigo

O empoderamento feminino na construção civil

Percebo bastante resistência à aceitação da autoridade técnica e da posição hierárquica das mulheres por parte dos mestres, encarregados e demais colaboradores


01/09/2022 04:00



Vivian Carolina Fernandes
Gerente regional de engenharia da Vitta
Residencial, em Campinas, com mais de 
20 anos de experiência na construção civil

Empoderando-se de profissões vistas como masculinas, a pesquisa mais recente do Ministério do Trabalho e o Painel da Relação  Anual de Informações Sociais (Rais) apontou que o número de mulheres que atuam na construção civil com carteira assinada passou de 205.033 em 2019 para 216.330 no ano seguinte. Isso representa um crescimento de 5,5%. 

Ao analisarmos os últimos 10 anos, o ministério compartilhou que o crescimento é de quase 50% na força de trabalho feminina. Um exemplo disso é o estado de Minas Gerais, que tem mais de 22 mil mulheres atuando no setor, o que representa 10% da força de trabalho do estado. 

O aumento da presença feminina segue o crescimento do setor no Brasil. De acordo com o IBGE, o PIB da construção, em 2021, obteve aumento de 9,7%, melhor resultado desde 2013, mostrando que o ecossistema continua tendo um forte papel na economia nacional. 

Para que os números continuem favoráveis e a participação feminina cresça, a Comissão de Defesa dos Direitos da Mulher na Câmara dos Deputados aprovou o Projeto de Lei 5.358/2020, que visa destinar 5% das vagas operacionais do setor para elas. O projeto ainda vai passar por mais algumas instâncias, mas representa uma esperança. 

Quando entrei na área, há mais de 20 anos, era muito raro encontrar outras profissionais no canteiro de obras. Elas costumavam ocupar cargos nos escritórios, mas eu queria estar em ambos os lugares. Inspirei-me em minha primeira gerente  de planejamento e controle, que enfrentava com força e resiliência as dificuldades que encontrava. Observando como ela fazia é que aprendi muita coisa e coloquei em prática. 

De lá pra cá, ficou mais fácil encontrar mulheres nos canteiros, em posições que vão de engenheiras a encarregadas de obra. Elas estão em todos os lugares. Mas não é segredo que muito ainda precisa ser feito, como, por exemplo, oferecer mais posições de liderança. Com a liderança feminina, as empresas vão ganhar mais resiliência, diversidade de pensamento, um olhar meticuloso e atencioso, que são características importantes para a construção civil. 

Ainda percebo bastante resistência à aceitação da autoridade técnica e da posição hierárquica das mulheres por parte dos mestres, encarregados e demais colaboradores da operação. É claro que existe a necessidade de “ser firme” e “se impor”, mas com os incentivos à capacitação, mais inserção de trabalhadoras nos canteiros e projetos de lei como o que tramita na Câmara, há esperança. Afinal, nós mulheres podemos ocupar o cargo que quisermos. Inclusive, colocar as mãos nas obras.  


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