Viviane Araújo
Diretora científica da Sociedade Mineira de Reumatologia
A vasculite é uma doença autoimune rara e que está causando alarde e uma corrida aos consultórios de reumatologistas, desde que o ator norte-americano Ashton Kutcher anunciou seu diagnóstico, quando ficou sem ver, ouvir, falar e, nem sequer, andar. A enfermidade acomete mais de 150 mil brasileiros por ano, comprometendo os vasos sanguíneos, com inflamações e mudanças nas paredes dos vasos, engrossando ou estreitando, impedindo a correta circulação sanguínea para alguns órgãos e tecidos.
A grande preocupação dos reumatologistas sobre o diagnóstico acontece, justamente, em razão dos sintomas inespecíficos, dificultando a precisão da análise, assim como pela evolução lenta e semelhança com outras inflamações. A identificação e definição da forma de tratamento requerem uma avaliação precoce, verificando a história do paciente, resultados de exames de sangue e imagem, assim como os sintomas, e realizar uma avaliação minuciosa com uma biópsia dos tecidos e órgãos afetados. Descartar outras enfermidades ao longo do processo também é uma prática comum até se chegar ao diagnóstico final.
A medicina já identificou mais de 20 tipos de vasculites, divididas entre primárias e secundárias, cuja denominação depende da área atingida e das causas. A secundária é mais comum, decorrente de agentes infecciosos, como bactérias, vírus, protozoários e doenças autoimunes, além de exposição a drogas. Algumas ocorrências também podem ser resultado de reações do próprio sistema imunológico e outros mecanismos ainda desconhecidos, representando o tipo primário e mais raro. Os sintomas variam e os mais comuns são mal-estar, febre, sudorese, fraqueza, cansaço, perda de apetite e emagrecimento.
O ator não revelou detalhes sobre o tipo de vasculite dele, porém informou que era raro e demorou cerca de um ano para obter o controle da doença. O problema provoca desde simples lesões na pele até acometimento do sistema nervoso central, olhos, rins e pulmão. Quanto mais áreas afetadas, mais grave é considerada a situação.
O diagnóstico precoce é imprescindível para controlar a evolução da doença e início rápido do tratamento para reduzir a inflamação, no momento em que os vasos sanguíneos ainda não se estreitaram ou fecharam.
Os casos mais graves dependem da indicação de drogas imunossupressoras e citotóxicas, e para os outros, mesmo que os sintomas desapareçam de forma voluntária, também é essencial atenção a possíveis retornos depois de uma aparente cura, necessitando reiniciar o tratamento.
O acompanhamento médico para quem teve vasculite será por tempo indeterminado.