Luiz Ribeiro
General Manager Latin America da Fluke do Brasil
Atualmente, existe um fato em comum ocorrendo no mundo inteiro. Trata-se do movimento de eletrificação e, consequentemente, do aumento na demanda de energia. Isto porque diversos países estão, cada vez mais, apostando na redução de emissão de poluentes, a fim de obter um cotidiano mais sustentável. Por isso, há uma tendência de diminuição dos combustíveis fósseis, grandes geradores de energia ainda nos dias de hoje e um dos principais responsáveis pelo efeito estufa no aquecimento global.
No Brasil, por exemplo, a meta atual de mitigação dos gases responsáveis pelo efeito estufa é bastante ambiciosa. Durante a Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP26), ocorrida em 2021, na Escócia, o país apresentou projeto de reduzir em 50% as emissões de gases nocivos (CO2) para o efeito estufa até 2030, bem como a neutralidade de carbono até o ano de 2050.
No mesmo sentido, o Balanço Energético Nacional (BEN 2021) aponta avanço da eletrificação sustentável nas fontes de energia do Brasil. De acordo com o levantamento, as fontes não renováveis, e principais causadoras do efeito estufa, ainda predominam na matriz energética brasileira (52%). Porém, de 2011 a 2020, a energia proveniente de fontes renováveis, como hídrica, solar e eólica, obteve um crescimento, passando de 43% para 48%.
Apesar dos desafios, a eletrificação é um caminho sem volta e já ocorre com consistência no mercado brasileiro. Um dos principais exemplos é o setor automotivo, que muitos acreditavam ser algo distante para a eletrificação, mas atualmente é um dos segmentos que têm contribuído com o aumento da sustentabilidade no país.
Segundo a Associação Brasileira do Veículo Elétrico (ABVE), em 2020, as vendas de veículos elétricos cresceram 60%. Além disso, projeção realizada pela Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Elétricos (Anfavea) aponta que existe a possibilidade de, até 2035, 62% da frota de veículos no Brasil ser de automóveis elétricos, minimizando cada vez mais a emissão de CO2 nas ruas.
Da mesma maneira, estudo encomendado pelo Instituto Clima e Sociedade (iCS) e executado pelo Conselho Empresarial Brasileiro para o Desenvolvimento Sustentável (Cebds) indica que já existe um movimento empresarial em relação à eletrificação de suas frotas comerciais. A pesquisa contou com 16 empresas brasileiras de grande porte que têm o compromisso de zerar suas emissões de CO2 até 2030 e já contam com veículos elétricos em suas frotas.
No entanto, para que as iniciativas de eletrificação propostas pelas empresas entrevistadas possam ser colocadas em prática, existem alguns obstáculos a serem percorridos, como melhorar a infraestrutura de carregamento dos veículos, não só pontos de recarga, mas com qualidade e segurança ao usuário e à bateria do veículo. Também obter sistemas e tecnologias que otimizem a gestão dos dados, e, ainda, fomentar a rede de colaboração entre todos os setores envolvidos, desde a geração de energia, até as fabricantes de automóveis.
Com relação ao carregamento dos veículos, com o aumento da frota de automóveis elétricos, maior é a demanda por pontos de recarga dos mesmos no Brasil. Atualmente, grande parte desses pontos estão localizados nas casas dos proprietários dos veículos ou em espaços públicos, como estacionamentos de shoppings e supermercados. De acordo com as estatísticas ABVE, hoje em dia, o país conta com pelo menos 1.250 pontos de carregamento de veículos elétricos.
Dessa forma, para que tais pontos estejam bem amparados e com a manutenção adequada e em dia, é fundamental contar com tecnologias desenvolvidas especialmente para manter o seu pleno funcionamento. Esses equipamentos, cada vez mais tecnológicos, garantem maior segurança aos proprietários de veículos elétricos, uma vez que possibilitam a identificação e correção de determinados problemas na plataforma de carregamento com antecedência e uma manutenção com mais assertividade, qualidade e eficiência.
Independentemente dos desafios enfrentados, o Brasil está e se tornará cada vez mais eletrificado; portanto, a geração de energia será ainda maior. No entanto, com essa aceleração e eletrificação iminente, o país demanda mais planejamento, organização e infraestrutura.
Neste momento, é imprescindível que o mercado tenha acesso a ferramentas e tecnologias que possibilitem uma instalação e manutenção adequada e segura dos campos de geração de energia, bem como das plantas industriais, empresas e casas que investem em energia limpa, além dos pontos de carregamento de veículos elétricos. Dessa forma, o país estará ainda mais preparado para eliminar fontes de energia prejudiciais à atmosfera e investir em seu processo de eletrificação.