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Estado de Minas

A evolução da educação bilíngue pós-pandemia


08/09/2022 04:00


Rone Costa
Gerente de desenvolvimento e relacionamento do Systemic Bilingual

Em um mundo cada vez mais pluricultural e globalizado, a educação bilíngue tem conquistado importante espaço no cenário educacional. Segundo dados do Ministério da Educação (MEC) divulgados em 2021, o Brasil conta, atualmente, com mais de 1,2 mil escolas bilíngues. Além disso, a Associação Brasileira do Ensino Bilíngue (Abebi) aponta aumento entre 6% e 10% no número de escolas desse segmento nos últimos seis anos no país.

Diversos fatores foram responsáveis por esse crescimento, como a necessidade do uso de uma língua adicional no dia a dia, os avanços tecnológicos que nos colocam em contato com pessoas de diversos países; o mercado de trabalho cada vez mais competitivo; a preocupação das instituições de ensino em formar alunos preparados para o mercado e para a vida; a cobrança de pais, mais exigentes por uma educação em duas línguas e de qualidade; e, ainda, a concorrência entre as escolas que oferecem programas bilíngues.

No entanto, nos últimos dois anos, a pandemia de COVID-19 impactou fortemente diferentes setores, em especial a área educacional, e, consequentemente, a educação bilíngue. Com o distanciamento social, as instituições precisaram adaptar-se a uma nova realidade, em que a tecnologia ganhou um papel fundamental e indispensável, tanto para os alunos quanto para as escolas e docentes. A utilização de recursos tecnológicos possibilitou a realização das aulas remotas, tornando-as mais interativas e dinâmicas.

O fato é que o uso da tecnologia auxilia todo o ecossistema educacional e uma das maneiras mais efetivas para promover o engajamento e a aquisição da língua com naturalidade é a utilização de recursos multimídia, que possibilitam um fácil acesso à linguagem autêntica do nativo da língua, variedade de gêneros, estilos e situações diversas, tornando o processo mais fluido para os alunos. Nesse contexto, as escolas tradicionais tiveram que investir em plataformas para transmissão das aulas, bem como em equipamentos para o ensino no modelo híbrido, enquanto os programas bilíngues precisaram aprimorar suas plataformas digitais ou desenvolvê-las para quem ainda não as utilizava.

Com este rápido desenvolvimento tecnológico, surgiram incontáveis soluções para auxiliar o ensino on-line, mas nem todos sabiam utilizá-las da melhor forma, inclusive o corpo docente. Nesse sentido, a formação dos educadores tornou-se prioritária, a fim de aprimorar o uso e a familiaridade com as ferramentas digitais, transformando a maneira como os docentes ministrassem suas aulas.

Outro fator que influencia diretamente a educação bilíngue é a interação entre os alunos, bem como entre aluno-professor. Esse é um processo feito de vivências, de práticas, de exposição à língua e de encorajamento para o uso do idioma. Dessa forma, o professor precisou capacitar-se para trazer o dinamismo necessário para a tela do computador, já que não tinha mais o contato presencial com os alunos, e com a tarefa adicional de motivá-los.

Embora o Brasil tenha avançado e conquistado importante espaço no desenvolvimento de soluções bilíngues, é preciso ampliar os olhares e investir em algo ainda maior: a formação de bilíngues.

É importante ressaltar que, mais do que ensinar um idioma adicional aos alunos, a educação bilíngue consiste em educar em duas línguas, com dois idiomas de instrução transitando na base curricular, desenvolvendo, assim, um sujeito integral – independentemente da língua de instrução –, com habilidades e competências e trabalhando as funções executivas e cognitivas.

Assim, a educação bilíngue, mais do que nunca, torna-se intrínseca às principais necessidades demandadas para o desenvolvimento profissional e pessoal. Seguindo essa tendência, as escolas têm se mostrado mais preparadas tecnologicamente e os professores cada vez mais aptos digitalmente. E esse é o caminho.

Ao passo que a língua é vista como um meio de instrução dentro de uma educação global e significativa para o aluno, mais do que ensinar um idioma adicional é preciso dedicar-se à formação de bilíngues, com metodologias que desenvolvam integralmente o aprendizado do aluno para que ele não aprenda apenas “outra língua”, mas que absorva e compreenda tudo também “em outra língua”.



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