Emmanuelle Fernandes
Psicóloga, fundadora e CEO da startup Avulta Contratação Profissional Inclusiva
Rafael Kenji
CEO da FHE Ventures
Pessoas com diferentes alterações nas habilidades físicas, visuais, auditivas e intelectuais aparecem em registros nas mais variadas e remotas culturas ao redor do mundo. No Brasil, existem cerca de 50 milhões de pessoas com deficiência (PcD) em diferentes faixas etárias. Segundo a OMS, o país apresenta índices alarmantes de ansiedade e depressão, o que reforça a necessidade de políticas públicas que favoreçam o acesso da população a serviços de promoção à saúde mental.
Historicamente, pessoas com deficiências foram isoladas e rejeitadas em diferentes culturas. Durante um longo período, elas foram percebidas como frágeis e dependentes que tinham uma vida limitada de qualquer participação ou contribuição ativa em sociedade. Em geral, significava uma sobrecarga de outros membros da família, restringindo a circulação das PcD aos ambientes familiares. No entanto, esse cenário vem passando por mudanças gradativas.
Foram criadas leis e campanhas de inclusão e foi permitido às pessoas com deficiência a circulação em diversos ambientes públicos, como o acadêmico, o profissional e de lazer. A campanha do Setembro Verde surgiu para reforçar a importância do Dia Nacional de Luta da Pessoa com Deficiência, que é celebrado nacionalmente desde 1982. A cor verde foi escolhida para representar o conceito de florescimento e frutificação dos seus direitos. Trata-se de uma estratégia de promoção de uma grande campanha que pode destacar num contexto maior cada uma das ações realizadas no período.
O Brasil é um país com sistema de cotas para inclusão profissional de pessoas com deficiência. A lei prevê a obrigatoriedade de 2% a 5% das vagas ocupacionais para PcD, sob pena de multa caso haja inobservância dos regulamentos tanto nas instituições públicas quanto em empresas com mais de 100 funcionários.
No país, há ainda um decreto que determina a erradicação de qualquer forma de discriminação contra pessoas com deficiência. Essa determinação representa um marco no processo de inclusão de PcD no mercado de trabalho, uma vez que levou estudiosos e profissionais a analisarem as possibilidades e os desafios do cumprimento das exigências legais. Atualmente, a busca pela quebra de padrões e valorização da diversidade ressalta a necessidade de conhecer as habilidades e de aprender sobre a deficiência de uma pessoa, a fim de identificar em que função poderá contribuir mais.
O trabalho significa suporte organizacional para o indivíduo em sociedade, em que é feito um contrato psicológico e formal de troca de serviços e benefícios. A iniciativa leva a sua autopercepção como um cidadão capaz de produzir e contribuir para um todo maior no qual faz parte. É o trabalho que possibilita o bem-estar gerado por meio das conquistas de objetivos profissionais e de benefícios materiais, como renda, residência e bens; além de benefícios imateriais, como estabilidade e segurança, autonomia e relacionamento social.
Tais significações têm grande influência na construção da identidade da pessoa como cidadã, em sua saúde psicológica e por consequência na qualidade de vida, seja ela uma pessoa com ou sem deficiência.