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O Ministério da Saúde, em nota, descartou que o vírus da poliomielite esteja em circulação no país. A suspeita surgiu, na última quinta-feira, após o exame de fezes de uma criança, de 3 anos, moradora da cidade de Santo Antônio do Tauá, no Noroeste do Pará. Segundo a nota da pasta, o suposto caso de paralisia flácida aguda pode estar relacionado a um evento adverso ocasionado por vacinação inadequada.




 
Desde 1990, o Brasil não registra nenhum caso de poliomielite. Em 1994, a Organização Pan-Americana da Saúde (Opas) entregou ao país certificado de eliminação da doença. O mesmo ocorreu em relação ao sarampo e outras doenças infectocontagiosas preveníveis pela vacinação em massa. Embora o alerta originado no Pará não tenha rebate na realidade, ele pode ser entendido como advertência às autoridades de saúde. 
 
A partir de 2010, os números de pessoas, principalmente crianças e idosos, vacinadas passaram a cair. A meta de vacinar 95% dos públicos-alvo deixou de ser atingida. O declínio nas taxas facilitou o retorno de epidemias até então dadas como erradicadas, entre elas a do sarampo, que, recentemente, provocou mortes em São Paulo. Sinal de que o vírus está em circulação no país.
O Programa Nacional de Imunização (PNI) foi criado em 1973. Dois anos depois, a vacinação de crianças se tornou obrigatória em todo o país. A partir daí, com a diminuição de doenças transmissíveis, o PNI se tornou referência para o restante do planeta. Na contramão dos avanços da ciência, surgiu, no início dos anos 1970, o movimento antivacina, no Reino Unido. No primeiro momento, o alvo era a vacina contra a varíola. 




 
Em seguida, o ataque se voltou à tríplice viral, que protege, principalmente as crianças, do sarampo, da caxumba e da rubéola. A onda de fake news foi tamanha que os inimigos da saúde acusaram a tríplice viral de ser a causa do autismo. Desde então, os negacionistas dos avanços da ciência, sobretudo no campo da saúde, não pararam de agir. 
 
A desinformação está entre os fatores que contribuíram para o Brasil perder a certificação de país livre do sarampo em 2019. Mas não só isso. A descontinuidade das campanhas de vacinação, que antes dominavam todos os veículos de comunicação (rádio, TV, jornais, revistas), convocando todos os brasileiros a aceitarem a vacina e, sobretudo, imunizar seus filhos, passou a falsa ideia de que as doenças haviam desaparecido. 
 
Independentemente dos movimentos anticiência, os governos federal, estaduais e municipais ficaram indiferentes à queda dos índices de vacinação. Os chamamentos públicos, as campanhas, os alertas sobre os danos causados pelos diferentes vírus foram abandonados. Ante os danos causados pela COVID-19, que foram contidos com a vacinação, os governantes não têm outra opção senão rever a estratégia para induzir a população a aderir ao PNI. Apesar dos quase 700 mil mortos pela COVID-19, muitos brasileiros ainda recusam as vacinas.
 
Impõe-se, principalmente ao Ministério da Saúde, fazer uma ampla campanha nacional, por todos os meios disponíveis, para imunizar os brasileiros das doenças virais, bem como das falsas notícias, que levam à morte precoce.