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Estado de Minas Editorial

Os desafios de Haddad

Haddad terá a missão de auxiliar o presidente eleito a reorganizar as contas públicas, castigadas nos últimos anos pelos encargos sociais impostos pela pandemia


10/12/2022 04:00

Após muita especulação e um certo excesso de ansiedade do mercado, o presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva confirmou Fernando Haddad como ministro da Fazenda. Se há poucas semanas as ideias econômicas de Lula provocaram uma reação de investidores, com direito a uma carta aberta assinada por ilustres como Armínio Fraga e Pedro Malan, ontem a Bolsa teve um pregão morno, mais atenta aos índices de inflação nos Estados Unidos e no Brasil. No jargão financeiro, a indicação de Haddad já estaria precificada.

Apesar de não ser o preferido dos agentes econômicos – faltaria-lhe um perfil mais técnico para comandar a Fazenda – o ministro anunciado ontem deu início, logo nas primeiras semanas de transição, a um périplo para dissipar focos de resistência. Em novembro, participou do encontro anual da Federação Brasileira de Bancos (Febraban), em uma primeira aproximação com a  elite econômica. Ontem, a Febraban cumprimentou o ministro anunciado. “Haddad já assumiu compromisso com o crescimento, agenda social e responsabilidade fiscal, como demonstrou em discurso durante o almoço anual de dirigentes de bancos, realizado em 25 de novembro”, escreveu, em nota, o presidente da entidade, Isaac Sidney.

Nesta semana, antes mesmo de ter o nome oficializado por Lula, Haddad entabulou conversas com representantes do Banco Mundial. E, na quinta-feira, em mais um prenúncio, o futuro chefe da política econômica teve conversa reservada com o atual titular, Paulo Guedes. Conclusão: sem fazer alarde e de maneira cautelosa, o governo Lula colocou um petista para uma tarefa monumental: reerguer a economia brasileira nos próximos quatro anos.   
 
Em primeiro lugar, Fernando Haddad terá a missão de auxiliar o presidente eleito a reorganizar as contas públicas, castigadas nos últimos anos pelos encargos sociais impostos pela pandemia. A aprovação da PEC do Bolsa Família no Senado indica, em princípio, um ambiente favorável para manter a ajuda financeira a milhões de brasileiros em situação vulnerável. Mas esse salvo-conduto ainda pode sofrer mudanças na Câmara, e é certo de que ele será provisório. Independentemente da votação no Congresso, impõe-se a necessidade de se criar um novo arcabouço fiscal, após as sucessivas burlas do teto de gastos.

Do ponto de vista do futuro governo, o controle orçamentário se torna ainda mais relevante, pois o presidente Lula pretende utilizar parte dos recursos disponíveis para recuperar programas sucateados como Farmácia Popular e garantir o reajuste do salário mínimo acima da inflação. É preciso considerar ainda outras áreas duramente punidas pela restrição orçamentária, como a educação. É dramática, por exemplo, a situação dos bolsistas que não recebem seu legítimo provento do Ministério da Educação. E nem falemos do imbróglio dos servidores públicos, sem recomposição salarial há sete anos.

Para além dos interesses do futuro governo, além de alcançar o equilíbrio fiscal com obstinação, Haddad precisará se empenhar para que a administração Lula vá além das boas intenções e restabeleça a confiança na economia brasileira. Isso passa por uma política econômica calcada em um tripé: geração de emprego, estímulo ao investimento privado e reforma tributária. Espera-se que Haddad, apesar de neófito no ofício, mostre capacidade para superar esses desafio.


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