Samara Lobê
Reumatologista membro da Sociedade Mineira de Reumatologia (SMR)
A doença é rara, acomete cerca de 400 mil brasileiros, contudo, a maioria dessas pessoas nem imagina que possui a chamada síndrome de Sjogren, conforme dados da Sociedade Brasileira de Reumatologia (SBR). O problema é popular nos consultórios de reumatologia com as pessoas reclamando de secura nos olhos e boca, mas não é uma enfermidade muito conhecida.
Um complicador e agravante nessas ocorrências está no fato de o diagnóstico dessa patologia auto-imune ser difícil. A grande maioria de quem sofre com esse problema vive uma verdadeira via crucis, entre oftalmologistas e dentistas, até se identificar que a causa tem raiz reumatológica.
A doença provoca sintomas, como secura na boca e nos olhos, assim como também nos órgãos genitais, pele e nariz, decorrente da invasão dos linfócitos que atingem as glândulas. Além da secura, a síndrome de Sjogren pode afetar outros órgãos, como pulmões, rins, fígado e cérebro.
A síndrome apresenta dois tipos de enfermidade: primária, quando ocorre sem a presença de outra doença autoimune, e a secundária, quando os sintomas aparecem acompanhados de outras condições crônicas, como artrite reumatoide, lúpus eritematoso sistêmico ou esclerodermia.
O diagnóstico requer exames laboratoriais e radiológicos, assim como biópsia das glândulas salivares e avaliação ocular . O tratamento varia de acordo com a especificidade de cada quadro e sintomas. A síndrome não tem cura, mas o tratamento, quando iniciado precocemente, impede a progressão da condição inflamatória e evita a manifestação dos sintomas de forma intensa e com prejuízos para o cotidiano e qualidade de vida. É fundamental manter o acompanhamento, devido ao risco, embora pequeno, de desenvolvimento de linfoma, câncer que afeta os linfócitos, células de defesa do corpo humano.
Os estudos revelam que a condição é mais comum em mulheres e, também pode ser identificada durante a gravidez, decorrente das alterações hormonais, características desse período. É importante procurar tratamento, junto ao obstetra, evitando complicações no desenvolvimento e saúde da criança e para cuidados com os medicamentos nessas circunstâncias, pois alguns remédios também são prejudiciais durante a gestação.
As recomendações para suavizar os sintomas estão na hidratação da pele, beber água, manter os olhos protegidos da exposição solar com o uso de óculos escuros e evitar longos períodos na frente de telas, tanto de smartphones e computadores. O acompanhamento também pode ser feito com dentistas e oftalmologistas para uma avaliação mais abrangente dos sintomas específicos, vinculados às áreas ocular e bucal.
Os cuidados devem ser adequados com acompanhamento médico e bons hábitos para fortalecer a saúde, como alimentação adequada e a prática de exercícios físicos.