Jornal Estado de Minas

artigo

Doença da secura de olhos e boca pode causar linfoma

Conteúdo para Assinantes

Continue lendo o conteúdo para assinantes do Estado de Minas Digital no seu computador e smartphone.

Estado de Minas Digital

de R$ 9,90 por apenas

R$ 1,90

nos 2 primeiros meses

Utilizamos tecnologia e segurança do Google para fazer a assinatura.

Experimente 15 dias grátis

Samara Lobê
Reumatologista membro da Sociedade Mineira de Reumatologia (SMR)

A doença é rara, acomete cerca de 400 mil brasileiros, contudo, a maioria dessas pessoas nem imagina que possui a chamada síndrome de Sjogren, conforme dados da Sociedade Brasileira de Reumatologia (SBR). O problema é popular nos consultórios de reumatologia com as pessoas reclamando de secura nos olhos e boca, mas não é uma enfermidade muito conhecida.





Um complicador e agravante nessas ocorrências está no fato de o diagnóstico dessa patologia auto-imune ser difícil. A grande maioria de quem sofre com esse problema vive uma verdadeira via crucis, entre oftalmologistas e dentistas, até se identificar que a causa tem raiz  reumatológica.

A doença provoca sintomas, como secura na boca e nos olhos, assim como também nos órgãos genitais, pele e nariz,  decorrente da invasão dos linfócitos que atingem as glândulas.  Além da secura, a síndrome de Sjogren pode afetar outros órgãos, como pulmões, rins, fígado e cérebro.

A síndrome apresenta dois tipos de enfermidade: primária, quando ocorre sem a presença de outra doença autoimune, e a secundária, quando os sintomas aparecem acompanhados de outras condições crônicas, como artrite reumatoide, lúpus eritematoso sistêmico ou esclerodermia.





O diagnóstico requer exames laboratoriais e radiológicos, assim como  biópsia das glândulas salivares e avaliação ocular . O tratamento varia de acordo com a especificidade de cada quadro e sintomas. A síndrome não tem cura, mas o tratamento, quando iniciado precocemente, impede a progressão da condição inflamatória e evita a manifestação dos sintomas de forma intensa e com  prejuízos para o cotidiano e qualidade de vida. É fundamental manter o acompanhamento, devido ao risco, embora pequeno, de desenvolvimento de linfoma, câncer que afeta os linfócitos, células de defesa do corpo humano.

Os estudos revelam que a condição é mais comum em mulheres e,  também pode ser identificada durante a gravidez, decorrente das alterações hormonais, características desse período. É importante  procurar tratamento, junto ao obstetra, evitando complicações no desenvolvimento e saúde da criança e para cuidados com os medicamentos nessas circunstâncias, pois alguns remédios também são prejudiciais durante a gestação.

As recomendações para suavizar os sintomas estão na hidratação da pele, beber água, manter os olhos protegidos da exposição solar com o uso de óculos escuros e evitar longos períodos na  frente de telas, tanto de smartphones e computadores. O acompanhamento também pode ser feito com  dentistas e oftalmologistas para uma avaliação mais abrangente dos sintomas específicos, vinculados às áreas ocular e bucal.

Os cuidados devem ser adequados com acompanhamento médico e bons hábitos para fortalecer a saúde, como alimentação adequada e a prática de exercícios físicos.