Fernanda Consoni
Gerente de recursos humanos do Grupo Benner
Após um avanço vertiginoso no uso de tecnologias pelo setor de recursos humanos, as empresas conferem, agora, um papel estratégico para os profissionais da área, com base no conceito de RH 5.0, que prioriza uma gestão humanizada, com foco no bem-estar do colaborador e desempenho dos negócios, mas sem abrir mão das ferramentas tecnológicas que garantem o suporte necessário para a tomada de decisões mais assertivas.
Para se ter uma ideia do ímpeto do setor por soluções inovadoras, nos últimos 20 anos, os investimentos em HRTechs, startups focadas em tecnologia para RH, somaram US$ 3,6 bilhões no Brasil, de acordo com levantamento da Distrito. Entretanto, só a partir de 2019 esses investimentos realmente se solidificaram, passando de US$ 4 milhões, em 2018, para US$ 1,5 bilhão no ano posterior, dando força para a consolidação do que foi conhecido como RH 4.0.
Esse crescimento se intensificou ainda mais durante os últimos dois anos e a pandemia desempenhou um papel decisivo para uma virada de chave, com a necessidade de mudanças nas formas de trabalho e de contratação, ao mesmo tempo em que revelou a demanda por ampliar o cuidado, sobretudo, com a saúde mental e o bem-estar dos colaboradores, o que, certamente, acelerou o surgimento do RH 5.0.
Assim como os demais setores, a área de recursos humanos também enfrenta obstáculos relacionados à esfera da inovação. Mesmo que o volume de soluções disponíveis para o setor tenha crescido e o poder destas ferramentas seja cada vez maior, não há impacto nos negócios se não houver uma equipe adaptada a esses recursos e aderente aos objetivos da empresa.
Por outro lado, isso pode ser visto também inversamente. Por vezes, excelentes gestores são subaproveitados por empresas que não oferecem ferramentas que contribuam para que esses profissionais possam desempenhar a função de maneira assertiva e adequada aos negócios da companhia.
Dessa forma, certamente, um dos principais desafios para o avanço deste modelo de RH é conseguir unir as competências humanas às qualidades tecnológicas, uma aliança que se torna, cada vez mais, uma tendência para o segmento.
Parte disso acontece pela opção de algumas empresas em manter um RH generalista, em que o mesmo profissional é responsável pelos recursos humanos e pelo departamento pessoal. Ou seja, é ele o encarregado por todas as ações, desde o recrutamento, fechamento de folha salarial, cálculo de férias e feedback com colaboradores.
Diante disso, o investimento e a utilização de tecnologias específicas para este segmento contribuem para a redução das atividades operacionais dos profissionais do setor, ampliando, assim, o tempo dos gestores para ações estratégicas e que tenham como foco tanto o colaborador quanto o desenvolvimento dos negócios.
Atualmente, o mercado oferece soluções estratégicas desenvolvidas especialmente para facilitar a rotina desses gestores, com ferramentas que flexibilizam a configuração de diversos tipos de cálculos para pagamentos, que garantem uma organização completa dos benefícios pessoais de cada funcionário, mais agilidade, eficiência e flexibilidade na abertura de novas oportunidades de emprego dentro da companhia.
Além disso, esses modelos de solução fornecem, ainda, indicadores para decisões mais conscientes quanto à sucessão, promoção, bonificação e treinamento de colaboradores, bem como indicadores para gestão estratégica em tempo real, como custo da folha, banco de horas, benefícios, absenteísmo, rotatividade, acompanhamento de PDI, férias e evolução de colaboradores, por exemplo.
Assim, para que esta tendência, que já é realidade nas empresas, possa se potencializar, é preciso que as companhias aliem o que há de mais moderno em termos de tecnologia e soluções inovadoras ao olhar humano, voltado, especialmente, para a diversidade, a cultura da empresa e o bem-estar dos colaboradores.
Com o RH 4.0, a tecnologia tornou-se protagonista no desenvolvimento do setor de recursos humanos. Agora, com o RH 5.0, é preciso alavancar a visão humanizada e colocá-la ao lado das ferramentas tecnológicas, para que possam trabalhar juntas para o desenvolvimento das organizações e das pessoas.