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As barreiras do mercado editorial no Brasil

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Betinho Saad
Fundador da UICLAP. Formado em administração de empresas, com pós-graduação em gestão contábil e financeira

 

uitas pessoas sonham em publicar um livro, compartilhar suas histórias, teses e ideias com o mundo. No entanto, a realidade do mercado editorial tradicional impõe uma série de barreiras para quem tem esse desejo. Na maioria das vezes, os manuscritos são rejeitados, levando a um verdadeiro calvário atrás de alguma editora que aceite publicá-los. Os ganhos oriundos dos direitos autorais são baixos, e quem não tem condições socioeconômicas encontra barreiras ainda maiores.





 

Boa parte dessas questões se deve ao fato de que o modelo de negócio de publicação de livros tem alguns problemas. Normalmente, o escritor realiza uma busca ativa por uma editora que se interesse pelo conteúdo que produziu, acredite nele e possa realizar o investimento para publicar. Já as editoras, por lidar com investimentos de alto risco – afinal, a maioria das obras não se torna um best-seller –, incluindo custos com produção e logística, sem ter garantia de vendas, são obrigadas a arriscar somente naquilo em que acreditam, de forma a tentar minimizar um pouco o risco.

 

Dessa forma, novos escritores são desestimulados a escrever e ingressar nesse mercado, pois as chances de sucesso são pequenas, com alto índice de rejeição de novos conteúdos. Faltam oportunidades e inclusão, a oferta de novos títulos diminui, o produto final se torna mais caro e os valores pagos a título de direitos autorais são baixos. Todos perdem.

 

Isso sem contar que quem não tem as condições socioeconômicas e culturais exigidas pelo mercado será, provavelmente, marginalizado. Uma pessoa sem estudos, de origem humilde, pode ter alguma história ou uma experiência maravilhosa para dividir com o mundo, mas nunca no mercado tradicional terá uma porta aberta, por uma questão de risco x retorno. O livro “Quarto de despejo”, de Carolina Maria de Jesus, foi publicado porque o renomado jornalista Audálio Dantas a descobriu em 1958. Imaginem se tivéssemos perdido uma obra dessa magnitude para as desigualdades e injustiças do mercado editorial.





 

Mesmo o escritor que se aventura a tentar publicar sua obra tem dificuldade de encontrar uma editora que acredite nele. E, mesmo que encontre alguma, isso não significa reconhecimento ou sucesso financeiro. Afinal, mesmo que ocorram muitas vendas, o que é raro, os valores pagos em direitos autorais não são significativos de fato. Isso vale mesmo para escritores reconhecidos. Os ganhos com direitos autorais dificilmente oferecem uma mudança de vida, já que no mercado tradicional os valores pagos em direitos autorais giram em torno de 5%.

 

Para se ter uma ideia de como é difícil ter um livro publicado em uma editora tradicional, somente um a cada 1.000 livros apresentados às editoras é levado a sério para ser publicado. Milhares de best-sellers foram rejeitados inúmeras vezes, como a saga “Harry Potter”, de J. K. Rowling, que recebeu “nãos” de 12 editoras diferentes e até hoje já vendeu quase meio bilhão de cópias. O mesmo aconteceu com outras obras, como “E o vento levou”, “Alice no país das maravilhas”, “Em busca do tempo perdido”, “Carrie, a estranha” e, até mesmo, “O diário de Anne Frank”.

 

Essas rejeições mostram que as editoras imaginam saber o que o mercado deseja, mas a verdade é que ninguém sabe. Isso mostra que quem deseja publicar não deve desistir.

 

Hoje já é possível contar com diferentes alternativas. A tecnologia oferece a solução para o mercado editorial, pois viabiliza a evolução e o surgimento de novos modelos de negócios que consigam absorver a demanda e corrigir as imperfeições do mercado editorial tradicional. É possível encontrar plataformas únicas de publicação, venda, produção e distribuição de livros físicos, sem custo para o escritor, como a UICLAP, em diversos países desenvolvidos. Assim, em um único ambiente, todos conseguem publicar a versão física do seu livro em tempo real. E o mais incrível: sem custo nenhum. A obra publicada entra para a venda e é produzida somente quando há compra, sem criação de estoque, evitando desperdícios e contribuindo com o meio ambiente. O próprio escritor escolhe o valor a receber por exemplar vendido.

 

Além disso, é preciso estimular a leitura, o que em boa parte depende da realização de mais investimentos por parte dos governos. Eventos como feiras e festivais, a redução da carga tributária e, naturalmente, o fortalecimento da educação por meio de investimentos assertivos são essenciais para estimular o surgimento de novos leitores e autores.