Jornal Estado de Minas

Quem semeou ventos agora colhe tempestades

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Sacha Calmon
Advogado, doutor em direito público (UFMG). Coordenador do curso de especialização em direito tributário da Faculdades Milton Campos, ex-professor titular das faculdades de direito da UFMG e da UFRJ. Ex-juiz federal e procurador-chefe da Procuradoria Fiscal de Minas Gerais. Presidente honorário da ABRADT e ex-presidente da ABDF no Rio de Janeiro. Autor do livro “Curso de direito tributário brasileiro” (Forense)



Em encontro no Palácio do Planalto, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse aos dirigentes das universidades que nunca tinha visto o Brasil "tomado pelo ódio" como agora. "Quando comecei a falar com vocês, vocês perceberam que até gaguejei um pouco, porque estava emocionado com este encontro. Emocionado porque era impensável. Eu tenho 77 anos de idade e nunca vi o Brasil tomado pelo ódio. Ele foi tomado pelo ódio porque em algum momento, neste país, teve muita gente que começou a negar a política."





Lula atribuiu a responsabilidade pelos atos terroristas ao ex-presidente Jair Bolsonaro. Citou, como exemplo, a invasão do Capitólio, nos EUA, em 2021, e atribuiu ao ex-presidente Donald Trump a culpa pelos ataques naquele país. Ao falar dos atos no Brasil, Lula afirmou que não citaria o nome do presidente, “o coisa”.

"E na hora que você nega a política, acontece o que aconteceu nos EUA com Trump. Acontece o que aconteceu no Brasil com o ‘coisa’ (Jair Bolsonaro). E acontece no mundo inteiro o surgimento de uma extrema-direita fanática, raivosa, que odeia tudo aquilo que não combina com o que eles pensam."

Segundo ele, o "novo monstro" da "extrema-direita fanática" precisa ser derrotado. "A ascensão de uma extrema-direita fanática, raivosa, que odeia tudo que se lhe oponha, é um novo monstro que devemos enfrentar e derrubar. Mas não se trata apenas do Brasil", afirmou. "Embora tenhamos derrotado ‘o coisa’, devemos derrotar o ódio, a mentira, a desinformação, os fanáticos, para que essa sociedade volte a ser civilizada."





Na reunião, Lula criticou a falta de encontros com os representantes das instituições de ensino no governo anterior. Para ele, o governo evitava se reunir com os reitores para não ter que cumprir as demandas solicitadas, mas, agora, a sua gestão simboliza "saída das trevas para a luz". "Eu nunca consegui compreender qual era a dificuldade que um presidente da República tinha de se encontrar com reitores uma vez por ano (...) e a única explicação era medo de que vocês fossem fazer reivindicações", disse Lula aos reitores.

De acordo com o presidente, ele e o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, quando era ministro da Educação, realizavam anualmente reuniões com os reitores para colher demandas para as instituições de ensino, avaliavam as solicitações e promoviam reuniões para saber o que foi e o que não foi atendido.

Representantes de 106 instituições de ensino do país participaram da reunião com o presidente. O presidente da Associação Nacional dos Dirigentes das Instituições Federais de Ensino Superior (Andifes), Ricardo Marcelo Fonseca, que também é reitor da Universidade Federal do Paraná (UFPR), disse que o encontro, no primeiro mês da gestão do novo governo, é carregado de simbologia.





Os reitores e as universidades federais foram maltratados, detratados, esganados orçamentariamente. Um deles afirmou: “Fomos colocados como alvos, e pior, fomos alijados do nosso papel natural, que é o papel de estar a serviço do Brasil, dos projetos de desenvolvimento nacional”.

Fonseca lembrou que as universidades federais estão a serviço do Brasil, no desenvolvimento dos projetos estratégicos. "Seja na área do meio ambiente, da energia limpa, da reindustrialização, seja na área da educação, dos demais níveis de educação, para, enfim, acabar com essa dualidade entre a educação superior e os demais níveis de ensino. Porque a universidade entende que a educação básica e os outros níveis de educação também são assuntos nossos", defendeu.

O país, cada vez mais, conhece a escuridão bolsonarista, notadamente os adeptos de Bolsonaro que não seguiam – é muito natural – os atos do presidente em todas as áreas. Aos poucos vão tomando conhecimento do seu obscurantismo, ignorância e omissões em pontos essenciais para a nação brasileira.





No plano educacional, o combate ao analfabetismo foi abandonado, e a política foi transformada quase que num combate militar, com o cínico se dizendo adepto da família, já no quarto casamento; da religião, mas declaradamente católico, embora não a praticasse; e da pátria, que dividiu pela metade, com discurso de ódio ao principal adversário, que o venceu apesar de tudo, daí fomentar atos ilegais de violência contra a democracia.

Não passará impune, pois quem semeia ventos haverá de colher tempestades, segundo avelhantado ditado lusitano, esse povo de bons conhecedores dos mares bravios, de quem herdamos a língua e a grandeza territorial.

Hoje, temos boas relações com os demais países de língua espanhola das Américas do Norte, Central e do Sul.

Para nosso gáudio, hoje não tem nenhum país, do Alasca à Patagônia, direitista. Perderam "in totum” e já começam a declinar na Hungria e na Itália, onde o blá- blá-blá está dando lugar ao descrédito. A direita só medra em ditaduras. Nas democracias livres, logo caem em descrédito com a falência de suas políticas discriminatórias e sem apoio internacional.