Jornal Estado de Minas

editorial

Construir e fiscalizar



O déficit habitacional, em todo o país, chega a 5,8 milhões de moradias, segundo levantamento da Fundação João Pinheiro. No relançamento do programa Minha casa, minha vida, em Santo Amaro da Purificação (BA), o presidente Luiz Inácio Lula da Silva se comprometeu a construir 2 milhões de unidades até 2026. Na cerimônia, ele entregou dois conjuntos habitacionais, totalizando 644 apartamentos. Duas mil e setecentas famílias também foram contempladas com moradias, cujas obras estavam paralisadas, em nove municípios de seis estados. É fato que muitas delas já estavam praticamente concluídas no go- verno do ex-presidente Jair Bolsonaro.





Apesar da crise econômica, os empresários se mostram otimistas ante os compromissos assumidos pelo novo governo durante a campanha eleitoral. No discurso que fez na terra de Caetano Veloso e Maria Bethânia, o presidente anunciou que percorrerá o país para identificar as obras paralisadas, para concluí-las e entregar à sociedade, assim como fará com o Minha casa, minha vida. Fica a expectativa de que as promessas sejam cumpridas. E de  que os trabalhos sejam fiscalizados, para que se destinem às famílias que realmente precisam e podem ser beneficiadas pelo programa social, sem se prestar a interesses políticos e/ou econômicos. É primordial evitar qualquer risco de desperdício de dinheiro público.

Ainda durante a campanha eleitoral, Geraldo Alckmin, vice-presidente e ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, adiantou que pretendia investir cerca de R$ 10 bi- lhões na construção civil, pela capacidade de criar empregos e renda, além de fortalecer a economia e impulsionar o desenvolvimento social. Historicamente, o desemprego é um dos grandes problemas do país e precisa ser superado, a fim de que os brasileiros voltem a ter capacidade de consumo, o que faz a economia girar. 

A Organização Internacional do Trabalho (OIT) prevê que a queda do desemprego, iniciada no ano passado, será mantida, ainda que seja mais lenta. Para 2023, a organização estima que 9,9 milhões de profissionais ficarão desocupados, diferentemente de 2021, quando mais de 14 milhões de brasileiros estavam sem trabalho.

Na virada do ano, os empresários deixaram as reclamações de lado, embora insistam que a taxa de juros precisa recuar e a inflação cair, devido aos impactos no custo dos financiamentos e valor dos materiais de obra. O otimismo se justifica. Nos últimos dois anos (2021/2022), a construção civil teve um crescimento de 17%. No ano passado, em 12 meses encerrados em setembro, a expansão chega a 8,8%. 

Com perspectiva positiva, os números podem seguir em ascensão. Melhor ainda que sejam respaldados por projetos e obras executados com transparência, sem vícios. Construir faz bem ao crescimento do país. Fiscalizar garante a segurança que o brasileiro merece.