Sacha Calmon
Advogado, doutor em direito público (UFMG). Coordenador do curso de especialização em direito tributário da Faculdades Milton Campos, ex-professor titular das faculdades de direito da UFMG e da UFRJ. Ex-juiz federal e procurador-chefe da Procuradoria Fiscal de Minas Gerais. Presidente honorário da ABRADT e ex-presidente da ABDF no Rio de Janeiro. Autor do livro “Curso de direito tributário brasileiro” (Forense)
André Schaun é um analista respeitado. “Desde 1995, a Confederação Nacional do Transporte (CNT) percorre as rodovias do Brasil para registrar as condições de segurança e infraestrutura. Segundo os números, 2022 foi o pior ano de todos. Dos 110.333 quilômetros avaliados, 66% foram classificados como regular, ruim ou péssimo. Em 2021, esse percentual era de 61,8%.”
“Pela primeira vez na série histórica da pesquisa, menos de 10% do pavimento foi classificado como perfeito, o que mostra que as rodovias brasileiras, sobretudo federais e estaduais públicas, chegaram a um estado crítico.”
“São rodovias em operação há mais de 50 anos e que não receberam a devida manutenção. Esse é um indicativo de que existe uma grande depreciação do sistema rodoviário do país. O problema está se agravando e acarreta custos crescentes aos transportadores”, afirma o diretor-executivo da CNT. Em 2022, foi registrada uma piora significativa na classificação Pavimento em relação ao resultado de 2021. A CNT identificou que 55,5% (61.311 quilômetros) da extensão encontram-se em estado regular, ruim ou péssimo, 3,3% pior do que em 2021. Para a Sina- lização, 60,7% (66.985 quilômetros) foram conside- rados deficientes (regular, ruim ou péssimo), e para Geometria da Via, esse percentual foi de 63,9% (70.445 quilômetros). Nunca entendi por qual razão os caminhoneiros apoiavam o ex-presidente. Será só o Bolsa-caminhoneiro? O país precisa conservar, ampliar e abrir novas rodovias e linhas férreas mo- dernas.
Os resultados da Pesquisa CNT de Rodovias 2022 demonstram a urgência da estruturação de ações voltadas à melhoria das rodovias. Afinal, mais de 95% das viagens de passageiros e 65% da movimentação de cargas no Brasil são feitas por rodovias. Perdemos a oportunidade de ouro de ter uma frota de navios de cabotagem, já que as maiores cidades do Brasil estão no litoral ou no raio de 100 quilômetros do mar...
As estradas precárias deixam a nossa comida mais cara e atrasam a indústria, o comércio e o agronegócio. E, de acordo com o relatório, a situação não melhora. As condições ruins do pavimento geram um custo extra de R$ 4,89 bilhões para os caminhões das empresas do transporte rodoviário de cargas.
O asfalto é tão ruim que as montadoras precisam até colocar suspensão militar nos caminhões vendidos no mercado brasileiro. Antes de ser lançado no Brasil, o veículo passa por intensas avaliações em pista de teste e em situações reais do dia a dia. Com as más condições das estradas brasileiras, as vibrações por uns longos períodos comprometem muito a parte mecânica.
“A suspensão do novo Mercedes-Benz Actros, por exemplo, chamada TufTrac, foi desenvolvida pela Mercedes em parceria com a Freightliner, nos Estados Unidos. Essa suspensão metálica tem um bom nível de conforto porque é composta por muitos componentes de borracha. Mas é importante lembrar que essa suspensão foi desenvolvida originalmente para uso militar americano”, afirma Roberto Leoncini, vice-presidente de vendas da Mercedes-Benz do Brasil.
A Freightliner é pertencente ao Grupo Daimler AG, dono da Mercedes-Benz. Seus veículos são co- merciais, mas a fabricante também faz projetos para os caminhões do Exército americano, como o M915, o que nos favorece!
“Necessitamos dessa suspensão com leves ajustes para o Brasil, porque as condições do solo são parecidas com as enfrentadas em operações militares. Os caminhões lotados atravessam pontes de madeira, andam em rodovias terríveis e em estradas de terra, então a suspensão precisa ser muito forte”, diz Leoncini. Essas e outras tantas adaptações dos caminhões aumentam o custo dos veículos para as fabricantes e atrasam toda a cadeia logística do transporte no Brasil.
Vejam em que condições está o Brasil na área das estradas de rodagem, num país sem grandes malhas ferroviárias como ocorre nos EEUU e na Europa. Nosso subdesenvolvimento é doloroso e se- remos por muito tempo ainda um país de Terceiro Mundo.
De acordo com a CNT, o pavimento usado no asfalto mais comum no país tem vida útil estimada entre oito e 12 anos, mas esse número é muito menor em rodovias onde o fluxo de caminhões carregados é intenso (Rio, SP, Minas, eixo Nordeste – Sul).
Ao tempo de Bolsonaro não se fez nada!! Mas caminhoneiros eram fanáticos seguidores do incansável fanfarrão. Falar é fácil, mas fazer é difícil. No campo das realizações, o ex-presidente não fez nada e redundou em falência das rodovias, morte de indígenas, não vacinação de crianças, explosão de atos violentos, sucateamento das universidades e crise generalizada na saúde, para ficar no essencial, sem falar no avanço da devastação da Amazônia e da mata atlântica e no aumento da miséria e da fome, além da fanatização grosseira de parte da classe média.
Seu governo palavroso e desordenado entrará para a história como o pior dos piores. As falas e a inépcia foram suas características marcantes. Girava tudo em torno das simbologias políticas (pátria, liberdade, família, fé) mas a administração do país era péssima!