Gustavo Penna
Membro da diretoria da Sociedade Brasileira de Endocrinologia
e Metabologia - Regional Minas Gerais (Sbem-MG)
Muita gente ainda não sabe, mas a tireoide é uma glândula vital para o adequado funcionamento do corpo. Afinal, muito além de questões envolvendo somente peso e qualidade do sono, o mau funcionamento dessa glândula pode causar problemas graves, inclusive comprometendo o adequado funcionamento do coração.
A tireoide fica na região inferior do pescoço, tem um formato de borboleta, produzindo e liberando hormônios no sangue que alcançam e agem nos órgãos. Em relação ao coração, quando a tireoide estiver desajustada, provocando o hipotireoidismo, ou seja, com a menor presença de hormônios na circulação, observa-se a diminuição da frequência cardíaca. Já em caso do hipertireoidismo, quando ocorre o excesso de produção, podendo causar complicações, como arritmia e insuficiência cardíaca.
Os hormônios tireoidianos são o T3 e T4, sendo que o primeiro é o hormônio ativo que atua nos órgãos e se origina, principalmente, da conversão do T4 da circulação, influenciando o ritmo e a frequência cardíaca. O hipotireoidismo acaba diminuindo os batimentos cardíacos, elevando a pressão arterial e o colesterol ruim, o que, a longo prazo, pode contribuir para aumentar o risco de problemas cardiovasculares, como infarto agudo do miocárdio e acidente vascular encefálico.
Os sintomas do hipotireoidismo, além dos acima citados relacionados ao funcionamento do coração, incluem o afinamento das unhas e cabelo, pele seca, sonolência, dificuldade para emagrecer, sensação de frio, alterações menstruais e de humor, podendo piorar quadros de depressão.
Já no hipertireoidismo, os batimentos cardíacos ficam mais acelerados e a musculatura do coração é transformada, ficando “mais firme”, ampliando a necessidade de esforço e atrapalhando o seu funcionamento, elevando as chances de outras cardiopatias. Além desses sinais e sintomas cardiovasculares, o hipertireoidismo pode apresentar vários outros, tais como tremores nas extremidades, sensação de muito calor, emagrecimento rápido e inquietação/agitação.
As alterações no funcionamento da tireoide, que levam ao hipertireoidismo ou hipotireoidismo, têm como principal causa a produção pelo organismo de autoanticorpos (doença autoimune), podendo também ser estimulada pelo uso de alguns medicamentos, como drogas para imunoterapia e corticoides.
Uma alimentação balanceada e equilibrada em todos os nutrientes, utilizando de forma racional e, conforme recomendado pelas sociedades médicas do sal na nossa dieta (que contém iodo), contribuem para uma boa saúde e o adequado funcionamento da glândula tireoide.
Em caso de sinais ou sintomas indicadores de algum problema na tireoide, a recomendação é consultar um endocrinologista para uma avaliação completa, com coleta da história, realização do exame físico e solicitação de exames complementares, como o de sangue para checar os níveis hormonais tireoidianos. Apenas após essa adequada avaliação deve-se ter a definição da conduta, com indicação de medicamentos específicos, se necessário. A avaliação ainda aponta como está a saúde do coração, sendo que, se alterações cardíacas relevantes, alguns pacientes podem necessitar também do acompanhamento conjunto com um cardiologista.