Daurio Speranzini Jr
Líder empresarial no mercado da tecnologia médica do Brasil
O governo federal direciona aproximadamente 4% do Produto Interno Bruto – cerca de US$ 72 bilhões – para o atendimento de 220 milhões de habitantes. Países desenvolvidos, como os EUA, investem US$ 3,8 trilhões para atender seus 350 milhões de habitantes (cerca de 18% do seu PIB). Um número que impressiona.
A melhor forma de comparar os investimentos é avaliá-lo per capita. E, no Brasil, ele é 33 vezes menor que o dos americanos. Uma grande e trágica diferença para nós, brasileiros. Há que se levar em consideração, entretanto, que a população americana, por ser mais idosa, solicita ainda mais do seu sistema de saúde, especialmente quando se fala em doenças não transmissíveis (cardiovasculares, câncer, diabetes e, principalmente, respiratórias). Além disso, a judicialização da saúde nos EUA faz com que exames e procedimentos sejam superdimensionados. O custo por paciente aumenta.
Já no Brasil, por outro lado, as condições sanitárias contribuem para estressar nosso sistema de saúde, principalmente nas periferias e pequenas cidades. Doenças transmissíveis como hepatites, HIV, chagas ou leucemia, por exemplo, têm um maior protagonismo em países com pouca infraestrutura. E, finalmente, há que se mencionar a qualidade da gestão do sistema brasileiro. É correto dizer que, nos últimos 10 anos, esse sistema evoluiu bastante, mas ainda está muito longe do mínimo necessário.
O Brasil tem o sonho de fazer com que seu sistema, muito mais baseado no Estado, seja Universal – ou seja, promova acesso de qualidade igualitária a toda a população. Hoje, infelizmente, nada mais do que um sonho. A saúde já é o segundo maior orçamento da União, apenas atrás da Educação, mas na frente de Infraestrutura. Como política pública, Educação e Saúde são as duas maiores prioridades de um governo, principalmente emergente.
A solução ideal seria um crescimento acelerado da economia e do nosso PIB, conectado com um aumento gradual da porcentagem de investimento sobre ele. Investir muito mais em atividades e procedimentos preventivos deveria evoluir na participação total do investimento da União, evitando ao máximo a realização de procedimentos com alta complexidade no futuro. Investir cada vez mais na capacitação das equipes deveria fazer parte do plano geral de transformação da Saúde.
O novo presidente brasileiro e seus colaboradores (como o presidente do Banco Central) devem nos guiar para o caminho do crescimento. Sem ele nada poderá ser realizado. A nova ministra da Saúde, em conexão com a sociedade civil, deve buscar formas de implementar o que já foi dito por muitos. Agora, me parece muito mais sobre capacidade de execução do que propriamente sobre pensar em um plano.