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Estado de Minas

Como lidar com o luto?


25/04/2023 04:00

Ângela Mathylde Soares
PHD em neurociências, psicóloga e psicopedagoga 
 
O lançamento da série “Todo dia a mesma noite”, inspirada no livro “Todo dia a mesma noite: a história não contada da boate Kiss”, de Daniela Arbex, apresentando o desespero na noite do incêndio, colocou o assunto em evidência, abordando o sentimento de perda e o desalento das famílias. O desastre matou 242 pessoas e feriu outras 636 pessoas, na boate Kiss, na cidade de Santa Maria (RS) e a obra ainda retrata a luta por justiça dos familiares das vítimas até hoje.  O horror e a tristeza ainda movem as discussões sobre a morte e o luto, deixando claro que ainda são tabus sociais muito fortes. 

Grande parte da população não está acostumada e não se sente à vontade para conversar sobre o assunto e também não sabe como agir em relação às perdas significativas. Uma pesquisa solicitada pelo Sindicato dos Cemitérios e Crematórios Particulares do Brasil (Sincep) analisou a percepção de brasileiros sobre assuntos relacionados à morte, desde cerimônias fúnebres à liberdade da pessoa em optar pelo fim da própria vida. O resultado apontou que 68% dos entrevistados concordaram com a frase "Eu sei que a morte virá, mas não me sinto pronto(a) para isso."

A verdade é que morrer é um tema chocante, especialmente, quando acontece de repente ou envolvendo pessoas jovens. Por isso, a população tem um medo muito grande de morrer ou de perder alguém amado. Neste último caso, é bastante complicado, porque provoca danos psicológicos severos, causando depressão e ansiedade, entre outras doenças mentais e cardíacas. Quem se depara com a perda de alguém querido pode não estar preparado para lidar com a morte e não conseguir vivenciar o luto da maneira adequada.  A situação leva o indivíduo a pular fases do luto ou  a desenvolver problemas psicológicos sérios.

A incapacidade de compreender que a pessoa amada se foi, dói na alma e parece insuportável. Por isso, é preciso um acompanhamento psicológico para os casos em que a pessoa não consegue superar a perda. Viver as etapas do luto (negação, raiva, negociação, depressão e aceitação) faz parte do processo, mas se prolongar demais prejudica e, muito, a saúde mental. 

Não há como fugir da tristeza diante de uma perda, inclusive, a melhor forma de lidar é se permitir sentir toda a dor e comoção do momento, para conseguir, de fato, se despedir. Muitas pessoas tentam “segurar” a tristeza, tentando ser fortes, entretanto, acabam desabando em desgosto, posteriormente. Outra situação comum é, simplesmente, não conseguir assimilar que a pessoa se foi e seguir como se nada tivesse acontecido. 

Somente após viver a fase de tristeza e aceitação dos próprios sentimentos, a pessoa consegue começar a pensar em seguir sua vida e entender a situação. Para isso, é preciso deixar os pensamentos tristes e melancólicos para trás e focar nas boas memórias e lembranças da pessoa. Aos poucos, a dor latente da perda vai diminuindo e se transformando em saudade, sentimento que também dói, mas é mesclado com a doçura dos momentos felizes. 

Não adianta querer superar tudo de uma vez só. O acompanhamento psicológico ajuda no processo e a conviver melhor com as fases do luto, lidando com o sofrimento e de forma mais serena. Nunca é fácil, porém deixar a tristeza tomar conta  acaba prejudicando a saúde mental e ainda compromete outras áreas da vida, como o trabalho, relações sociais e a saúde, somente piora o problema ainda mais e aumenta a dor.
 

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