Jornal Estado de Minas

Desafios da saúde suplementar no envelhecimento da população


Carlos Braga
CEO e fundador da healthtech Bio. Médico especialista em Medicina de Família e Comunidade, com MBA em Administração pela FEA/USP

Seremos um país de idosos até 2060. Essa afirmação vem pautada de acordo com a última pesquisa do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), que aponta que hoje 14,7% da população brasileira é idosa. Com cada vez mais os indivíduos tendo menos filhos, a estimativa é chegar a 25% nos próximos 40 anos. Se puxarmos o gancho para a saúde suplementar, por exemplo, o número de idosos duplicou em 20 anos, atingindo 7 milhões de beneficiários no último ano, conforme dados do Instituto de Estudos de Saúde Suplementar (IESS) de 2022. 





Nesse cenário, os desafios da saúde suplementar no envelhecimento da população são inúmeros, a começar pelas operadoras de planos de saúde e pelos custos mais elevados por conta do tratamento de doenças crônicas, como o diabetes, hipertensão, osteoporose, colesterol, depressão, entre outras que precisam de um acompanhamento contínuo. Proporcionar atendimento qualificado para essa parcela da população não é fácil, pois alguns necessitam de cuidados especiais, profissionais especializados e bem qualificados. 

Embora existam serviços mais customizados para esse público, é necessário que toda a rede entenda que o futuro é agora. Para assegurar a qualidade de vida no processo de envelhecimento, a saúde suplementar precisa desde já se adaptar e participar de toda a jornada dos usuários, oferecendo um serviço de atendimento especializado, com foco na Coordenação de Cuidado, na Atenção Primária de Saúde (APS), atuando de forma ativa na prevenção, no tratamento e na manutenção da saúde de todas as pessoas. 

Vale ressaltar que, no decorrer dos anos, tivemos diversos avanços com a Saúde da Família e mais recente com a telemedicina, que levou a saúde e os profissionais para mais perto das pessoas. Porém, ainda temos pela frente muitos desafios, como a criação de uma cultura de coordenação do cuidado, com cada pessoa tendo seu médico e sua equipe de saúde de referência, 24 horas, que tire dúvidas, cuide, acompanhe, trate e atenda às necessidades de saúde, de forma eficiente e humanizada. 

Por fim, temos que cuidar dos nossos idosos agora, estando ao lado deles e entregando o que precisam no momento certo, mas é fato que precisamos preparar nossa próxima geração de idosos, para que cheguem nessa fase com mais saúde. Somente assim será possível resolvermos os problemas pela raiz, aliar o cuidado à tecnologia para entregar saúde de forma acessível e humanizada, no presente e no futuro.