Pedro Sant’Anna
COO da Allu
Muito se fala sobre a economia circular, mas o que isso significa? Em resumo, é um modelo econômico baseado na ideia de reduzir o desperdício e maximizar o uso de recursos naturais, mantendo os materiais em uso pelo maior tempo possível, por meio de processos de reutilização, reparo, reciclagem e regeneração. Tudo isso traz uma série de impactos positivos na sociedade, incluindo produtos inovadores e mais duradouros, redução da dependência de recursos naturais finitos, minimização do impacto ambiental e criação de novas oportunidades de negócios e empregos.
Parece muito fora da nossa realidade? Pois o Uber, a Grover, a AirBnb e tantas outras empresas já são parte desse movimento. Por meio da tecnologia, do poder de rede e de novas alternativas para os varejistas tradicionais entrarem nas graças da geração Z, essas empresas aproveitam da conexão entre as pessoas para propiciar o que é mais crítico para os consumidores de menos de 30 anos de idade: uma experiência diferente.
Ao invés de apostar na economia linear, que, com sua lógica industrial, produz freneticamente uma série de produtos que ficarão obsoletos em pouco tempo, os jovens vêm buscando, cada vez mais, os benefícios gerados pelos bens de consumo, sem necessariamente se importar para a sua propriedade. Afinal, qual é a vantagem de ter algo se você vai ter que comprar a próxima versão daqui a seis meses?
É evidente que existem vantagens no modelo tradicional, especialmente quando falamos de escalabilidade e adoção, mas os tombos do varejo neste ano já nos indicam que não dá para a conta fechar tão facilmente com tantos intermediários entre a solução e o consumidor.
A sustentabilidade e a conexão não vêm somente como algo aspiracional, mas como um próximo passo necessário para que a economia siga saudável mundo afora. Afinal, as assinaturas já não são uma tendência, mas, sim, uma realidade, como diria o brasileiro Thales Teixeira, professor da Universidade de Harvard nos Estados Unidos.
Falando desses dois países, é interessante notar que o potencial imediato da economia circular é maior em terras tupiniquins do que no país do tio Sam, já que uma das grandes vantagens das soluções circulares é propiciar preços mais baixos que as soluções tradicionais (pense em comprar vários dvds x assinar a Netflix, por exemplo), o que é muito mais poderoso em uma economia com menor poder aquisitivo.
Embora tenhamos capacidade para estar entre os líderes deste tipo de economia, ainda há muito a ser feito. Os primeiros passos já foram dados. Agora vamos observar qual será a reação da tradicional economia linear que, com certeza, não ficará tranquila em caminhar linearmente até o esquecimento.