Jornal Estado de Minas

A grandiosidade da fé

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Sacha Calmon
Advogado, doutor em direito público (UFMG). Coordenador do curso de especialização em direito tributário da Faculdades Milton Campos, ex-professor titular das faculdades de direito da UFMG e da UFRJ. Ex-juiz federal e procurador-chefe da Procuradoria Fiscal de Minas Gerais. Presidente honorário da ABRADT e ex-presidente da ABDF no Rio de Janeiro. Autor do livro “Curso de direito tributário brasileiro” (Forense)
 
Hitler e o nazismo detestavam o homossexualismo, as “raças não arianas ou germânicas”, os comunistas e, de fato, os matou impiedosamente, especialmente os judeus.





Certos pastores evangélicos e iletrados são nazistas enrustidos (outros são ocultamente homossexuais), ao contrário de outros cultos ditos protestantes como batistas, calvinistas, metodistas, luteranos, pentecostais e outras denominações mais exigentes. Para ser pastor evangélico basta falar bem, mesmo sem ser uma pessoa de bem e ter ou ingressar no templo.

Leio no Estado de Minas que o controvertido e sempre enrolado Pastor Valadão, um parlapatão já conhecido, pregou matar os homossexuais masculinos e femininos, condição sexual que desafia séculos. Há médicos que dizem já nascerem predestinados pela vontade de Deus, prescrevendo o exercício da aceitação e tolerância cristãs para as pessoas homoafetivas.

Colho no Estado de Minas os tópicos mais importantes do assunto: Deputados estaduais de Minas Gerais protocolaram representação no Ministério Público Federal (MPF), em Belo Horizonte, contra o pastor André Valadão, líder da Igreja Batista da Lagoinha, que fez discurso de homotransfobia incitando evangélicos atacar e matar pessoas LGBTQIA+, no último domingo, em culto realizado em Orlando, nos Estados Unidos.





“O vídeo (em que Valadão ataca pessoas LGBTQIA ) está sendo compartilhado e as pessoas estão sendo intimidadas, coagidas. E a gente não sabe até que ponto isso vai colocar em risco a integridade física delas”, afirmou a deputada Lohanna.

Já Bella Gonçalves afirma que a representação também tem intenção de analisar se a frase pode trazer ganhos econômicos para o religioso. Na postagem, ele anuncia uma série e “usa do ódio para chamar atenção”. “A gente espera que ele possa ser responsabilizado e até preso por esse caso. (...) Crime de LGBTfobia. Convocação de fiéis para o assassinado de pessoas LGBTs que é algo sem precedentes. Precisa de uma atuação exemplar do Ministério Público”.

Valadão insinuou que evangélicos deveriam agredir e matar homossexuais, durante a live intitulada  “Teoria da Conspiração”. “Agora é a hora de tomar as cordas de volta. Deus fala que não pode mais. Ele diz Se eu pudesse, matava tudo e começava de novo. Mas prometi que não posso, agora tá com vocês”. Ao que o pastor, se dirigindo para os fiéis, reafirmou que “não entendeu o que eu disse? Agora tá com vocês! Deus deixou o trabalho sujo para nós.”





Um dos poucos parlamentares a saírem em defesa de Valadão foi o deputado federal bolsonarista Nikolas Ferreira (PL-MG), que afirmou, na segunda-feira, em sessão no plenário da Câmara, que “combater o pecado não quer dizer incitação ao ódio”. O comentário foi realizado após críticas dos deputados federais Glauber Braga (Psol-RJ) e Pastor Henrique Vieira (Psol-RJ) à fala de Valadão.

A Advocacia-Geral da União (AGU) enviou à Procuradoria-Geral da República (PGR) uma queixa-crime contra o deputado Gustavo Gayer (PL-GO), após o parlamentar tecer comentários racistas no podcast Três Irmãos na semana passada. Durante a entrevista, Gayer faz uma associação entre africanos e pessoas com QI baixo. Segundo o deputado, a democracia não deu certo em países da África, pois não teriam “capacidade cognitiva”. “Democracia não prospera na África. Para você ter o mínimo de capacidade cognitiva de entender entre o bom e o ruim, o certo e o errado”, disse.

Estes pastores são inquisidores-mor, do tipo que foi Torquemada, ao tempo da inquisição cristã contra judeus e a protestantes contra as bruxas (há até um filme: “As bruxas de Salem”, nos EUA).





Essa fala do Nicolas de “luta contra o pecado” leva o assunto para o campo da teologia da santidade típica da baixa idade média da humanidade no Ocidente. É uma gente tosca, pequena, mesquinha, supostamente religiosa, mas com intensidade fanatizada. Se fossem islâmicos fariam parte dos talibãs no Afeganistão, com toda certeza.

É justamente o amor e a compaixão pela condição humana em toda sua extensão incluindo todas as raças e classes sociais que conduz à tolerância e à aceitação cristã.

A luta é contra o pecado e as diferenças sociais e de cor. E o amor em favor do que sofrem, incluídos os próprios pecadores, buscando que se redimam em Cristo.

Atire a primeira pedra aquele que nunca pecou, disse um dia Jesus, a pregar a compreensão da condição humana e o processo de acolhimento do pecador, valorizando o valor do perdão (amamos uns aos outros).

A grandiosidade da fé cristã está justamente na caridade, na crença e na esperança em Deus, as chamadas três virtudes teologais, uma trindade em nossas almas, que alguns tidos por cristãos não possuem, pois querem poder e prestígio, iludindo os fiéis, como Valadão e Nicolas.