Josualdo Euzébio Silva
Médico cirurgião vascular, membro titular da Sociedade Brasileira de Angiologia e de Cirurgia Vascular
A morte do ex-ministro da agricultura Alysson Paolinelli provocou grande repercussão pela atuação dele em relação à agricultura brasileira, inclusive com duas nomeações ao Prêmio Nobel da Paz, gerando muitas dúvidas sobre doenças vasculares. Ele tinha 86 anos e estava internado, há um mês, devido a uma cirurgia no fêmur para colocação de uma prótese no quadril. As complicações do pós-operatório culminaram com uma embolia pulmonar e colocou os problemas circulatórios em evidência.
A recuperação dele era considerada complexa, envolvendo uma gripe muito forte, que virou pneumonia, deixando os rins fragilizados pela quantidade de medicamentos. A embolia pulmonar é uma condição grave, decorrente de um coágulo de sangue, deslocando-se em direção ao pulmão, obstruindo as artérias, total ou parcialmente, podendo, dependendo do tamanho e efeitos, provocar morte.
A embolia causa um óbito dos 54 registrados no mundo. A condição acontece, principalmente, através da trombose, decorrente da formação de um coágulo, em diferentes membros do corpo, sendo, na maioria das vezes, os inferiores.
A trombose pode ser assintomática, contudo, os principais sinais envolvem a presença de veias dilatadas, sensação de dor e peso, principalmente, durante a apalpação, vermelhidão acompanhada de cianose (com uma coloração azul arroxeada), inchaço e calor no local do coágulo e a rigidez na musculatura.
A prevenção requer evitar ficar muito tempo parado, uma vez que a ação não contribui com a circulação do sangue nos membros inferiores. A atividade física constante é essencial, com uma periodicidade mínima de duas vezes por semana. As pessoas devem manter uma alimentação e hidratação adequadas e usarem roupas confortáveis, evitando o consumo de álcool e tabaco.
Os sintomas como dor no peito, falta de ar, tosse repentina (às vezes com sangue), tontura, sudorese e unhas azuladas indicam necessidade de atendimento imediato. O diagnóstico é realizado pela avaliação médica e exames complementares. O tratamento é individualizado de acordo com localização do trombo e quadro clínico.
Outros fatores que aumentam o risco são a idade superior a 40 anos, cirurgias extensas, câncer, uso de anticoncepcionais com estrógeno ou a reposição hormonal, distúrbios de coagulação do sangue, insuficiência cardíaca, gravidez, período pós-parto, traumas, varizes, tabagismo, obesidade e o sedentarismo, ou qualquer tipo de imobilidade prolongada, como em uma situação que o paciente está em um pós-operatório sem poder se movimentar.