Marcelo Peixoto
CEO da Minas Digital
Em um mundo que segue em constante evolução, especialmente digital, a tecnologia tem a capacidade tanto de impressionar, quanto de preocupar. Entre as mais recentes ameaças está o uso de deepfakes, que envolve a manipulação de vídeos e áudios, por meio da inteligência artificial generativa, para criar conteúdo falso e enganar espectadores desavisados.
Apesar de divertido e capaz de aumentar as possibilidades de criação de conteúdos, essa tecnologia também tem o potencial de causar danos significativos, desde desinformação até ataques à reputação. Entre empresas ou até mesmo no dia a dia de pessoas físicas, o uso dos deepfakes para fraudes também é algo que preocupa. Segundo dados da Kaspersky, o número de vídeos utilizando deepfake on-line teve um aumento de 900% em um ano. A biometria de voz, por exemplo, se apresenta como uma solução promissora para combater as fraudes baseadas em deepfakes de voz.
O que são Deepfakes? Esses tipos de conteúdos são produtos de técnicas de inteligência artificial que usam algoritmos avançados de machine learning para gerar conteúdo audiovisual manipulado, passando a impressão de que pessoas estão dizendo ou fazendo coisas que nunca ocorreram na realidade.
Um jornalista do The New York Times já assumiu usar a inteligência artificial generativa para criar seus conteúdos de forma mais econômica e rápida, já que essa possibilidade permite gravar vídeos, editá-los e fazer suas pesquisas de matérias sem gastar muito tempo. Entretanto, também é possível pensar em usos maliciosos para essas tecnologias.
Por exemplo, imagine um golpista utilizando uma imitação perfeita da voz de um executivo para solicitar transferências financeiras de alto valor ou até mesmo para obter informações confidenciais. A confusão e o prejuízo potencial são enormes. Esse tipo de golpe, em que uma pessoa tenta se passar por outra, com o uso de gravação da voz, também pode ser chamado de spoofing.
Felizmente, assim como a inteligência artificial permite criar deepfakes de voz, essa tecnologia também pode ser utilizada para combatê-los.
A biometria de voz é uma abordagem que se baseia nas características únicas da voz de cada indivíduo para autenticação e identificação. Entre os elementos que são analisados estão a frequência, o tom, o ritmo e a entonação, construindo um perfil vocal exclusivo. Essas características biométricas são difíceis de serem replicadas por deepfakes de voz e, com o apoio de técnicas anti-spoofing, a biometria de voz também consegue identificar quando se trata de uma voz artificial.
Essa tecnologia funciona basicamente comparando as amostras de voz fornecidas com o perfil vocal registrado de um indivíduo previamente autenticado. Se houver divergências, indicando uma tentativa de uso de deepfake, o sistema pode alertar sobre a possível fraude.
Além disso, ao contrário de alguns outros tipos de autenticação, a biometria de voz pode ser utilizada em tempo real, o que adiciona uma camada extra de segurança, impedindo tentativas de falsificação durante uma conversa ao vivo.
Na prática, instituições financeiras podem adotar essa tecnologia para autenticar transações e evitar golpes baseados em deepfakes de voz. Já as empresas de telecomunicações podem utilizá-la para proteger a identidade dos clientes e evitar que sejam alvos de ataques.
A crescente ameaça dos deepfakes exige respostas eficazes e inovadoras. Por isso, combinar as tecnologias, como acontece com a biometria de voz, surge como uma solução promissora para combater e prevenir fraudes.
Essa tecnologia já se tornou uma importante aliada na autenticação e identificação de indivíduos, oferecendo um nível de segurança adicional para transações financeiras, comunicações corporativas e outros campos sensíveis.
À medida que os deepfakes continuam a se tornar mais sofisticados, a inteligência artificial, aliada ao deep learning, também traz soluções tecnológicas avançadas que protegem nossas sociedades da manipulação, da desinformação e dos ataques de criminosos.