Jornal Estado de Minas

Como será o homem do futuro?

Gilson E. Fonseca
Consultor de empresas 
 
Há uma inquietação global muito grande sobre como será o homem do futuro. Se não bastasse a perda vertiginosa de empregos pelo avanço, jamais imaginado, no século 21, da eletrônica, tecnologia da informação e consequente robótica, a pandemia da Covid-19 também contribuiu não só para o aumento do desemprego como também para a alteração no estado de ânimo de todos nós. Livro como 1Sapiens: Uma breve história da humanidade!, do genial escritor israelense Yuval Noah Harari, traz previsões alarmantes para as próximas décadas. O desaparecimento de profissões pela inteligência artificial como contadores, corretores de imóveis e tantos outras, previsto por ele, não é total surpresa, pois já começou a acontecer. Imobiliárias já se utilizam de vídeos em 3D nas vendas de imóveis, para prestar todas as informações que o pretenso comprador necessita. A internet, com todos benefícios inegáveis que trouxe, também veio confirmar que, “quando se ganha de um lado perde-se de outro”. Informações inconsequentes e falsas são semeadas com grande velocidade e abrangência, de difícil reparação (fake news), prejudicando a harmonia em todos os sentidos e, o pior, muitas vezes com prejuízos de toda a ordem.





A preocupação com a perda de empregos, em quase todas as áreas, é totalmente justificável: quem poderia imaginar veículos circulando sem motorista? Na mineração aqui no Brasil mesmo, os gigantes caminhões fora de estrada já transportam minério sem motorista. As indústrias se utilizam de robôs nas montagens de carros e máquinas, bem como as cirurgias robóticas estão ficando corriqueiras. Bancos fecham agência e reduzem funcionários como nunca se viu. O receio maior está na velocidade de perda de empregos e qual velocidade haverá para reposição deles, já que o mundo continua com crescimento demográfico e a população global, hoje, chegou a incríveis 8 bilhões de pessoas. Incógnita maior está também na perda de valores transcendentes, como visivelmente ocorre hoje, e de como as sociedades irão se organizar. Com certeza, o aumento do distanciamento entre as pessoas, já uma realidade, irá crescer mais ainda, causado por valores novos sem considerar que o mais importante são as relações cooperativas e fraternas entre todas as pessoas. O trabalho remoto, chamado home office, é um indício de isolamento das pessoas que faz diminuir o sentido de colaboração em grupo nas empresas. Como fica o coleguismo, o contato pessoal, a confraternização?   

A importância que as máquinas e programas de computador estão tendo realmente chega a assustar, sobretudo na queda de discussões e valorização humanas. Basta ver que cursos universitários, como sociologia e outros, têm perdido espaço, ocupados pela tecnocracia. Cursos de especialização como antropologia seguem o mesmo caminho. Parece que só nos resta a mudança de pensamento como disse o imperador romano Marco Aurélio: “Não são as coisas em si mesmas que inquietam os homens, ma, as opiniões que eles formam sobre essas coisas”.