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Estado de Minas

Melhore em você o que critica no outro

É um convite ao crescimento pessoal e à construção de uma base ética sólida para interações sociais saudáveis


24/08/2023 04:00
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Gregório José
Jornalista, radialista e filósofo

Muitas vezes nos deparamos com locuções que comparam as pessoas e enfatizam suas deficiências e imperfeições. Um conhecido provérbio diz isso claramente: quando mostramos um polegar para alguém, três de nossos polegares também apontam para nós mesmos. Este conceito sugere que reconhecer falhas nos outros é um reflexo de nossa percepção de nós mesmos. Perceber as imperfeições dos outros significa autoestima. Ou mais: é um reflexo das próprias características de cada um. No entanto, confiar apenas em nossas próprias mensurações não é suficiente para verdadeira transmutação.
 
O princípio de “corrigir em si mesmo o que você critica nos outros” exige autoconsideração e autoaperfeiçoamento mais profundos. Vários filósofos, desde pré-socráticos até pensadores brasileiros contemporâneos, têm refletido sobre essa ideia, enfatizando a importância de olhar para dentro antes de apontar as falhas dos outros.
 
Sócrates, o filósofo grego, via o autoconhecimento como o caminho para a virtude. Convida-nos a explorar nossas próprias imperfeições para cultivar a sabedoria e a autotransformação. Confúcio já argumentou que cultivar as virtudes que criticamos nos outros é essencial para criar um ambiente equilibrado e moralmente elevado.
 
O filósofo germânico Immanuel Kant abordou essa ideia de um ponto de vista moral, em que   a ética do dever é determinada pela intenção por trás da ação. Friedrich Nietzsche, por outro lado, viu essa tendência crítica como um reflexo de nossa própria fraqueza moral, e Carl Jung explorou as sombras que lançamos sobre os outros como o lado não resolvido de nossas próprias mentes.
 
Ao considerarmos as perspectivas desses pensadores, fica claro que a ideia de “melhore em você o que você critica no outro” pode ser vista como um convite a autorreflexão, crescimento pessoal e construção de uma base ética sólida para interações sociais saudáveis e harmoniosas.
 
Educadores e filósofos contemporâneos como Paulo Freire, Rubem Alves, Leandro Karnal, Vivian Mosé, Luis Filipe Pondé, Marilena Chauí, Marcia Tiburi e Mário Sergio Cortella reforçam essa abordagem. Eles enfatizam a necessidade de autoconhecimento, autenticidade, autogoverno e compaixão pelos outros. 
 
Leandro Karnal explica que podemos entender que, ao identificarmos aspectos que criticamos nos outros, temos a oportunidade de olhar para dentro de nós mesmos e reconhecer possíveis áreas de desenvolvimento. Assim, ao enfrentarmos nossas próprias contradições, estamos nos engajando em uma análise profunda de nossa própria subjetividade nos tornando mais tolerantes e compassivos, pelos pensamentos de Marcia Tiburi.
 
Nesse sentido, ao incorporar essas reflexões, a ideia se transforma em uma jornada de autodescoberta, desenvolvimento ético e crescimento consciente, contribuindo para a nossa própria evolução pessoal e para a construção de uma sociedade mais justa e harmoniosa.


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