Wagner Moraes
CEO da A&S Partners, economista, especialista em fintechs corporativas e agronegócio
Tendo a agricultura como espinha dorsal vital para a economia, estamos testemunhando um agro cada vez mais aberto e sedento por inovação e tecnologia. As transformações que a nova geração tem trazido para o agronegócio vem resultando na embolização de startups com soluções financeiras inovadoras. A crescente importância dessas fintechs agro tem otimizado os aspectos financeiros do setor com eficiência e sustentabilidade.
Apesar de todos os pontos positivos que essas fintechs representam para os produtores e economia, essas startups também possuem desafios significativos. Posso destacar que o principal deles é a falta de acesso em algumas regiões rurais e capacitação tecnológica dos agricultores. De acordo com último estudo do Instituto Interamericano de Cooperação para a Agricultura, existem 13 milhões de brasileiros nas áreas rurais sem cobertura de internet. Em comparação com o estudo de 2021, houve avanço de apenas 1 milhão. Essa realidade prejudica não apenas o desenvolvimento do país, mas limita ainda mais o acesso à educação, inovação e sustentabilidade.
É preciso que a tecnologia chegue aos pequenos e médios produtores rurais. A partir da acessibilidade é que as empresas agrícolas se fortalecem e as fintechs podem usar todo seu potencial, criando ecossistemas financeiros mais inclusivos, eficientes e resilientes.
Para levar acesso ao campo, é necessário um conjunto de ações e parcerias público-privadas, principalmente entre operadoras de telecomunicações e governo. Precisamos contar com avanços que garantam a disponibilidade de infraestrutura de conectividade, com redes de telefonia móvel, torres de comunicação e acesso à banda larga; acesso à eletricidade; subsídios governamentais ou incentivos fiscais, dispositivos tecnológicos, como smartphones e computadores; capacitação tecnológica para os agricultores. Sem contar nas soluções de IoT e Off-line, que juntas devem permitir monitoramento remoto de equipamentos, colheitas e animais e conectividade intermitente com aplicativos e plataformas que possam ser usados sem necessidade de conexão constante à internet e sincronizados quando houver acesso.
Ter um agro tecnológico é garantir um setor mais fortalecido, com autonomia para avaliação de riscos de crédito, simplificação de processos, análises assertivas de condições climáticas, monitoramento de colheitas e estoques e métodos mais sustentáveis. Sem contar com o manejo consciente dos recursos naturais que devem construir para uma sustentabilidade mais sólida e menos danosa ao meio ambiente. E isso só será possível quando as fintechs e outras startups agro conseguirem se estabelecer e criar ecossistemas inclusivos, eficientes e resilientes.