Fábio Silva
Fundador do ecossistema social Rede Muda Mundo e da plataforma de voluntariado
Transforma Brasil
O trabalho voluntário ajuda não apenas quem está precisando. Ele também é muito importante para melhorar a saúde mental e física de quem doa seu tempo para ajudar o próximo. Isso é comprovado por estudos científicos e associações médicas, como a American Psychological Association (APA), para quem atividades voluntárias ajudam a reduzir o estresse e a ansiedade, além de melhorar a autoestima e o bem-estar emocional, inclusive diminuindo o risco de depressão.
Um outro estudo, feito por especialistas da Universidade de Harvard e publicado no American Journal of Preventive Medicine, de 2021, também mostra que fazer o bem a um desconhecido traz muitos benefícios, entre eles risco menor de mortalidade e desenvolvimento de limitações físicas. Quando o voluntário é adolescente ou estudante universitário, os efeitos são imediatos, evitando comportamentos problemáticos e experiências como depressão, uso de álcool e drogas, delinquência, gravidez indesejada, obtenção de notas baixas e abandono escolar, de acordo com um estudo da Universidade de Oxford realizado em 2015. Por fim, voluntários adolescentes também acabam desenvolvendo hábitos positivos de responsabilidade social e são mais propensos a se envolver em suas comunidades quando adultos.
Esses estudos mostram como o serviço voluntário pode ser benéfico para a saúde. Entre os principais efeitos, destacam-se: sentimento de propósito e realização, que ajudam a melhorar a saúde mental e emocional, combatendo ainda os sentimentos de vazio ou tédio; redução do estresse; liberação de endorfinas, que são neurotransmissores associados à sensação de felicidade e bem-estar e melhoram o humor e aumentam a sensação de prazer; interação social, que ajudam a combater o isolamento, melhorar a autoestima e criar um senso de pertencimento, o que é fundamental para a saúde mental.
Mas, dependendo do trabalho prestado, o voluntário pode se envolver em atividades físicas, como trabalhos ao ar livre, jardinagem, eventos esportivos beneficentes ou distribuição de alimentos. E, como sabemos, o exercício físico é essencial para a saúde geral e pode ser um subproduto positivo do voluntariado. Aprender novas habilidades também é um fator positivo, pois aumenta a autoconfiança e a autoeficácia, contribuindo para uma sensação geral de bem-estar.
A criação de memórias positivas criadas pelo voluntariado é experiência gratificante e significativa. Em momentos difíceis, essas memórias podem ser um recurso emocional muito importante.
Muita gente já percebeu isso. No Brasil, por exemplo, de acordo com dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), de 2022, aproximadamente 7,3 milhões de brasileiros realizaram trabalho voluntário. No mundo, a pesquisa World Giving Index, de 2020, conduzida pela Charities Aid Foundation (CAF), mostra que o voluntariado é uma prática global, com mais de 1 bilhão de pessoas participando de atividades voluntárias.