Setembro é o Mês Mundial da Doença de Alzheimer, oportunidade em que as sociedades e associações médicas se mobilizam para chamar a atenção para o “combo” diagnóstico precoce e alerta aos fatores de risco.
O Alzheimer afeta hoje no Brasil mais de 1,5 milhão de pessoas diretamente e outros milhões de indivíduos se considerarmos os familiares e cuidadores envolvidos na assistência ao paciente. Além de os efeitos da doença serem um baque na vida da família – a começar pelo diagnóstico –, pensar que um ente (geralmente pai ou mãe, ou mesmo os dois) viveu a maior parte da vida forte, lúcido, de maneira autônoma, e agora tem uma doença crônica, sem cura, afeta a saúde mental dos familiares e amigos mais próximos.
Essa realidade será ainda pior daqui a algumas décadas. De acordo com pesquisadores da Universidade Federal de Pelotas, no Rio Grande do Sul, em 30 anos, serão 4 milhões de brasileiros com a enfermidade.
A atenção para os fatores de risco, bem como o diagnóstico precoce é fundamental na jornada de cuidado das pessoas e famílias envolvidas. A Sociedade Brasileira de Geriatria e Gerontologia (SBGG) realiza, ao longo de todo o mês de setembro, campanha alertando para condições que podem levar à demência. Diabetes, hipertensão, baixa acuidade auditiva, isolamento social e causas genéticas são apenas alguns desses itens. Fatores ambientais e de estilo de vida são determinantes, sendo responsáveis por aproximadamente 50% dos casos de Alzheimer no Brasil. Falta educação para a saúde, falta informação precisa e que atinja os nichos adequadamente.
Segundo Renata Faria Simm, neurologista da Imuno Brasil, empresa que atua no setor de saúde, é a partir da informação que as pessoas derrubam qualquer barreira e não deixam que sejam colocadas mais dificuldades e limitações aos doentes.
Se antes carregava o peso do nome, “mal de Alzheimer”, como se fosse uma sentença de morte, hoje se transformou "apenas" em doença, ao lado de tantas outras, o que de certa forma reduziu um pouco a carga do paciente. E é exatamente o motivo pelo qual todos os anos, repetidas e repetidas vezes, as campanhas tentam levar informação atualizada para uma população que não cuida muito de si.
Desestigmatizar e disponibilizar qualidade de vida ao paciente e à sua rede de apoio, garantindo a integração dele à sociedade deve ser obrigação das instituições de saúde, públicas e privadas, e constar nos documentos como função de todos os representantes que gerem as políticas públicas de saúde dos municípios e estados. Enquanto isso não ocorre, sofre o paciente e sofrem as famílias.