Carola M.B. Matarazzo
Diretora-executiva do Movimento Bem Maior
Paulo Andrade
Presidente do Instituto iungo
A simbólica imagem do atacante Hulk e dos outros jogadores do Atlético e do Coritiba entrando em campo junto com professores para homenageá-los, na partida do Campeonato Brasileiro de Futebol disputada no dia 8 de outubro, leva-nos a um pensamento. Imagine se, além do país do futebol, o Brasil fosse a nação da educação. A partir dessa reflexão, vem o questionamento. Qual é o projeto de país que desejamos construir?
Se quisermos transformar, realmente, o Brasil em um lugar mais digno e próspero para se viver, temos necessariamente que olhar para a educação, pois é por meio dela que as mudanças duradouras podem acontecer. Todos os dias, a ‘bola’ passa pelas escolas e universidades, em um esforço coletivo para a efetivação do direito à educação de qualidade, garantido pela Constituição Federal a todos os cidadãos brasileiros. Com educação de qualidade nas escolas, outros tantos ‘gols’ podem ser feitos fora de campo, como, por exemplo, desenvolver tecnologias disruptivas, descobrir a cura de doenças, estimular as artes, gerar empregos, reduzir a pobreza, diminuir a violência, combater a mudança climática e, assim, alcançar muitas e determinantes conquistas.
Todos precisam entender, claramente, que a educação é a base para a concretização de um projeto de país e que a sociedade que idealizamos depende de como formamos e valorizamos os professores. São eles que fazem a educação acontecer em cada sala de aula do país. Eles são os nossos craques. São essenciais para que possamos virar o jogo, promovendo o desenvolvimento integral das novas gerações e, assim, contribuindo para que possamos derrotar as desigualdades sociais.
Ser professor é exercer uma profissão vital para a sociedade. É bom sempre lembrar que cada brasileiro convive grande parte da vida com professores – ou, ao menos, deveria conviver, já que a própria Constituição do Brasil diz que a educação é um direito de todos e que o ensino precisa ser ministrado com base, entre outros princípios, na igualdade de condições para o acesso e permanência na escola.
Um professor que atua com excelência, empatia, ética e engajamento é capaz de, em conjunto com toda a comunidade escolar, mudar as trajetórias dos estudantes, gerando possibilidades para um presente e um futuro mais felizes, significativos e conectados aos anseios, interesses, necessidades e realidades das crianças, adolescentes e jovens. E é com isso que os professores estão comprometidos. Um estudo recente realizado pelo Núcleo de Novas Arquiteturas Pedagógicas da Universidade de São Paulo (NAP/USP), em parceria com o Instituto iungo, ouviu docentes de todo o Brasil a respeito de seus desejos, sonhos, necessidades e projetos de vida. Nesse trabalho, 83% dos professores afirmaram que a educação ocupa papel central em seus projetos de vida. E, dentro desse grupo, 88% expressaram a intenção de buscar a excelência na educação. Desejam investir em formação continuada, como via para se desenvolver profissionalmente e fortalecer permanentemente o próprio trabalho em sala de aula.
A dedicação e o empenho dos educadores devem ser acompanhados por ações tanto do poder público como da sociedade civil. Os professores necessitam de reconhecimento. Um reconhecimento que se concretiza, por exemplo, pela garantia de boas condições para sua atuação profissional, pelo investimento em formação, pela remuneração adequada. Essas são algumas das atitudes essenciais para que o Brasil possa colocar em prática a construção de um projeto de país pautado pela educação de qualidade.
Precisamos colocar sempre em evidência o trabalho do professor. Todos nós podemos contribuir com isso, de variadas formas. Um bom exemplo é o apoio direcionado pela filantropia e pelo investimento social privado, que tem promovido programas estruturados de formação continuada de professores, nos quatro cantos do país, em articulação com as redes públicas de ensino. E a campanha #professorécraque – iniciativa do iungo, do Instituto Galo e do Clube Atlético Mineiro, em parceria com o Instituto MRV, a MRV, a CNN Brasil e a Itatiaia – que encheu um estádio de futebol para homenagear os mais de 2 milhões de professores brasileiros. O atacante Hulk e o goleiro Everson entraram em campo com suas professoras da época de escola, sendo ovacionadas pela torcida junto com os demais atletas e outros 22 professores que participaram de formações do Instituto iungo. Foi um gesto de reconhecimento, de agradecimento e de carinho pelo profissional que marca a vida de cada um de nós.
São muitos os desafios enfrentados pelos professores nas salas de aula, intensificados no período pós-pandemia. Mas eles seguem firmes, comprometidos, esperançosos e trabalhando muito para fazer os gols necessários para um novo Brasil. Partem deles os caminhos que consolidam a construção de um país contemporâneo, fraterno e socialmente mais justo e promissor. Precisamos ouvi-los, valorizá-los e respeitá-los em todos os níveis. Valorizar os professores precisa ser a nossa paixão.