Jornal Estado de Minas

Ciência

Engenheiro sugere criação do 'Programa Gênios do Brasil'

Paulo Caldas Martins Chagas
Belo Horizonte
 
"São vários os estudos, inclusive da Organização Mundial da Saúde (OMS), que indicam que cerca de 5% dos humanos são gênios, e que esse dom não depende de estrato social, cor da pele, sexo, nacionalidade, dentre outros fatores, ou que a genialidade é uma característica da espécie humana restrita a esse percentual de pessoas.



No Brasil, considerando uma população de cerca de 215 milhões de habitantes, teríamos, então, cerca de 10 milhões de gênios vivendo em zonas rurais e urbanas, nas comunidades indígenas, em todos os lugares, com diferentes escolaridades e até entre os analfabetos. Porém, segundo o Censo Escolar de 2020, publicado pelo MEC/Inep, naquela época havia cerca de 25 mil estudantes cadastrados com o perfil de altas habilidades/superdotação. Isso significa apenas 0,25% do potencial de gênios brasileiros. Para piorar a situação, quando um gênio é descoberto no Brasil, não é raro ele sair do país, ou ser aproveitado por nações que realmente valorizam essas pessoas, notadamente aqueles países reconhecidamente como os mais desenvolvidos do mundo.

A ciência já tem conhecimento sobre o comportamento dos gênios ou superdotados, ou eles podem ser identificados. Com a popularização da internet e dos telefones celulares, hoje seria possível desenvolver tecnologias, inclusive com o uso da inteligência artificial, para detectar essas pessoas e de forma mais ampla, e não apenas com base em comportamentos de alunos matriculados em escolas públicas e privadas, até porque boa parte de nossos gênios não tem acesso ao ensino fundamental, sequer ao básico. Se encontradas, poderiam ter a educação patrocinada pelo Estado ou por entidades privadas, e seriam importantes para o desenvolvimento das comunidades onde moram e para toda a sociedade.

Portanto, fica a sugestão para que professores, pedagogos, psicólogos, psiquiatras, dentre outros, atuem em conjunto com cientistas de dados, especialistas em inteligência artificial e tecnologia da informação, e também com a classe política, para que criem o Programa Gênios do Brasil, um programa que precisa ser 'genial', bem bolado, com real capacidade para identificar nossos superdotados, onde quer que estejam, pois, pelo visto, desconhecemos 99,75% dos gênios brasileiros, ou o que se tem feito nesse sentido parece não estar funcionando, ou o Brasil tem perdido uma riqueza incomensurável ao não dar a devida atenção a essas pessoas."