Jornal Estado de Minas

JUSTIÇA

Diógenes, o filósofo, e Alexandre, o grande

Túllio Marco Soares Carvalho
Belo Horizonte

“Diógenes, filósofo grego, tomava sol sentado ao lado de seu barril. Alexandre, o Grande, rei da Macedônia, que teve Aristóteles, outro filósofo grego, como seu preceptor, quis conhecer Diógenes, e, montado em Bucéfalo, seu imponente cavalo, assim se apresentou ao ilustre cidadão da cidade portuária de Sinope: “Sou Alexandre, o Grande, conquistador de reinos e de riquezas." Diógenes, cínico e impávido, respondeu: “Eu sou Diógenes e isto me é suficiente." Alexandre, pasmo e pueril, diante do desprezo de Diógenes, redarguiu: "Sou admirador da sua sabedoria. Ofereço-lhe metade das minhas riquezas se quiser acompanhar-me." Diógenes, de bate-pronto, retrucou o soberbo rei: “Só quero que você saia da frente do meu sol e pare de me fazer sombra." Alexandre, rendido e já se afastando do filósofo, confidenciou aos seus oficiais: "Se eu não fosse Alexandre Magno, eu queria ser Diógenes." Parafraseando essa história antológica, a democracia, já farta de ser usada como pretexto para o comportamento despótico e contaminante do ministro Alexandre de Moraes, do STF, clama, em alto e bom som, ao homônimo do rei macedônico: "Eu sou a democracia e isto me é suficiente! Saia da frente do meu sol e pare de me fazer sombra!"