Jornal Estado de Minas

TRANSFORMAÇÃO DIGITAL

Fiat aposta em tecnologias e traz novos investimentos a Minas Gerais

Linha de produção foi totalmente modernizada para a produção do Fiat Argo (foto: Leo Lara/FCA/Divulgação)
Há 43 anos em plena produção, desde que começou a fabricar por aqui o saudoso compacto 147, o Polo Automotivo Fiat de Betim vive uma fase de profunda renovação, focada na transformação digital de todos os processos, além de um olhar mais amplo sobre as questões que impactam a sustentabilidade da Fiat Chrysler Automobiles (FCA) a longo prazo. Para transformar isso em realidade, até 2024 os investimentos chegarão a R$ 8,5 bilhões e transformarão o município de Betim no maior polo produtor de motores e transmissores da América Latina.


 
Esse é o maior investimento já realizado em Betim desde a inauguração da fábrica, em 1976, a primeira no segmento automobilístico a se instalar fora do cinturão industrial paulista. 
 
De lá para cá, o Polo Automotivo Fiat ultrapassou a marca de mais de 15,6 milhões de veículos produzidos. Sempre na vanguarda, ao longo de sua história no Brasil, a marca desenvolveu soluções pioneiras que ganharam os holofotes do mundo. Exemplo disso é o primeiro carro a etanol fabricado em série, tecnologia que acaba de completar 40 anos e inaugurou o uso dos motores movidos com o combustível verde. 
 
A notícia da expansão em território mineiro foi dada durante visita ao Brasil, no primeiro semestre deste ano, do CEO mundial da FCA, Mike Manley. Segundo ele, a nova fábrica de motores produzirá os propulsores 1.0 e 1.3 GSE Turbo e contará com capacidade de produção de 1,3 milhão de unidades por ano a partir de 2020, quando está previsto o início da produção.


 
A unidade começa com capacidade de produzir 100 mil propulsores turbo alimentados por ano, mas seu projeto já prevê a expansão da produção.
 

Aposta na melhoria da eficiência com etanol

 
Da nova planta de powertrain também “sairá” um motor a etanol de alta eficiência, com tecnologias como turbo, injeção direta de combustível e melhorias termodinâmicas. 
 
A marca acredita que o etanol – cujo ciclo de desenvolvimento da cana-de-açúcar absorve de 70% a 80% do gás carbônico (CO²) liberado pela queima do combustível (no ciclo “do poço à roda”) – ainda tem um importante papel a cumprir no mercado automotivo brasileiro para atender à necessidade de reduzir emissões, em detrimento da propulsão elétrica.
 
Para João Irineu, diretor de Assuntos Regulatórios e Compliance da FCA, o fato de o país já ter uma plataforma produtiva, logística e de distribuição do combustível consolidada facilita o aprimoramento da tecnologia. 


 
“É nos veículos competitivos que fica mais evidente que o etanol é uma solução mais interessante em relação aos veículos elétricos. O custo das baterias que acumulam energia para os motores elétricos é, em média, de US$ 6 mil, valor que pode ser diluído em veículos de maior valor agregado, mas não em populares”, calcula.
 
  

Entrada no segmento de SUVs

 
A renovação da linha Fiat teve início em fevereiro de 2016, com o lançamento da picape Toro, um verdadeiro case de design, que também teve excelente recepção do mercado. Em abril do mesmo ano, viria o subcompacto Mobi, modelo que encontrou seu espaço entre os veículos de entrada. 
 
Em 2017, a marca lançou o compacto Argo, o hatchback premium mais vendido do país. Já o Cronos, um sedã compacto premium com linhas elegantes e esportivas, veio em 2018.
 


Até 2024, a marca Fiat planeja 15 ações de produto entre novos modelos, renovações e séries especiais. Em Betim, está previsto o início de produção de três novos modelos nas linhas de montagem já a partir de 2020. Dois deles marcam a entrada da Fiat no segmento de SUVs, que é o que mais cresce no mercado brasileiro. Mas o primeiro a chegar ao mercado deve ser uma picape compacta. Somando as marcas Jeep e RAM, as ações de produto até 2024 chegarão a 25.

Avanços no processo de produção

 
A forma de construir o veículo também mudou em relação a 1976, quando grande parte das operações era manual. A área de manufatura do Polo Fiat foi completamente integrada à era digital, adotando conceitos como big data, internet das coisas, realidade virtual e inteligência artificial em todos os processos da linha de montagem. A modernização da manufatura foi impulsionada pelo World Class Center (WCC), um laboratório de inovação instalado na unidade da Montagem Final e inaugurado no primeiro semestre deste ano.


 
O espaço de inovação aberta e colaborativa reúne startups, centros de pesquisa, universidades e a cadeia de fornecedores para o desenvolvimento de novas soluções voltadas para a melhoria contínua dos processos produtivos. A estratégia é conectar os mais diversos pontos com agilidade, criatividade e o envolvimento do maior número de pessoas com foco na transformação digital.
 
Com times multidisciplinares e envolvimento de todas as plantas da FCA na América Latina, o WCC integra três áreas. 
 
O Industrial Innovation Center (IIC) é uma delas. Trata-se de espaço dedicado às provas de conceito, ou seja, simulações em escala reduzida para identificar se a tecnologia é viável ou não. Exoesqueletos de segunda geração, termografia e novas aplicações para os robôs colaborativos são algumas provas de conceito em andamento. 
 
O desafio de conectar as soluções já testadas e aprovadas no IIC às plataformas de produção dos novos modelos ocorre no Work Place Integration. 
 
Por último, o Process Center é o espaço-chave para formar pessoas. Em uma mini linha de montagem são realizados treinamentos para compartilhar conhecimentos e ferramentas, integrando metodologia, tecnologia e pessoas.
 
As transformações também são relevantes em território mineiro. 
Saiba como funcionam os centros especializados estruturados no Polo Automotivo de Betim, que concentra tecnologia de ponta desde a concepção até o teste final dos automóveis.