Para além da tecnologia e todos os avanços técnicos e tecnológicos proporcionados para a área da saúde, o marco da pandemia faz questionar como será a formação dos futuros médicos, enfermeiros, fisioterapeutas, enfim, de toda a classe de profissionais que escolhem salvar vidas como carreira e aptidão.
Diante do desafio imposto no combate ao novo coronavírus, a maioria dos soldados na linha de frente dessa batalha nunca tinha enfrentado uma epidemia.
Diante do desafio imposto no combate ao novo coronavírus, a maioria dos soldados na linha de frente dessa batalha nunca tinha enfrentado uma epidemia.
Então, diante da realidade da pandemia da COVID-19, é natural questionar o quanto estavam preparados e pensar no que precisarão agregar à formação para não ser surpreendidos diante de desafios que estão por vir.
Cientistas no mundo alertam que pandemias poderão se tornar mais habituais, com menor intervalo, e o planeta e os trabalhadores da saúde, principalmente, têm de estar aptos a controlar o caos com menor índice de estrago tanto para pacientes quanto para profissionais.
Cientistas no mundo alertam que pandemias poderão se tornar mais habituais, com menor intervalo, e o planeta e os trabalhadores da saúde, principalmente, têm de estar aptos a controlar o caos com menor índice de estrago tanto para pacientes quanto para profissionais.
“Como formadores de futuros médicos, os principais alertas e preocupações percebidos pelo UniBH foram a essencialidade da existência e do bom funcionamento do Sistema Único de Saúde (SUS) para coordenar e prover cuidados de saúde para todas as pessoas”, afirma Camila Sousa, coordenadora-adjunta do curso de medicina do centro universitário.
Segundo ela, a pandemia da COVID-19 deixa clara a necessidade de valorização das vigilâncias em saúde, da atenção primária à saúde, da urgência e emergência, da integração da rede assistencial à saúde, da prática de saúde baseada em evidência, da formação de recursos humanos integrada ao SUS e o desafio de investir no ensino, pesquisa, extensão e na inovação.
Segundo ela, a pandemia da COVID-19 deixa clara a necessidade de valorização das vigilâncias em saúde, da atenção primária à saúde, da urgência e emergência, da integração da rede assistencial à saúde, da prática de saúde baseada em evidência, da formação de recursos humanos integrada ao SUS e o desafio de investir no ensino, pesquisa, extensão e na inovação.
Conforme Camila Sousa, outro alerta ao SUS intensificado com a pandemia foi a necessidade de uso mais intensivo da telessaúde para orientação, diagnóstico, monitoramento, consulta e matriciamento, que passa necessariamente por ampla capacitação para uso eficiente e seguro dessas tecnologias.
Camila Sousa destaca que o UniBH defende a formação de médicos imersos e integrados a contextos sociais reais, no qual as pessoas moram, estudam, trabalham, se relacionam, adoecem, recebem cuidados de saúde e eventualmente morrem.
Uma formação em que o estudante aprenda a usar a rede assistencial a favor de melhor saúde e mais anos de vida dos seus pacientes, da família e das comunidades assistidas.
Uma formação em que o estudante aprenda a usar a rede assistencial a favor de melhor saúde e mais anos de vida dos seus pacientes, da família e das comunidades assistidas.
A pandemia impôs uma série de mudanças na formação dos profissionais da saúde. O UniBH e a Inspirali (vertical da Medicina na Ânima Educação) já propunham a inserção de tecnologia de ponta no ensino e nos cuidados médicos. Com a ameaça da COVID-19, tecnologias como telemedicina (CONEXA Saúde), pacientes virtuais (Body Interact) e telessaúde via telefone foram incorporadas no curso.
A educação em saúde se tornou fundamental. Isto é um enorme desafio de informação
e logística”
José Celso Cunha Guerra Pinto Coelho, Diretor da Faculdade de Ciências Médicas de Minas Gerais (FCM-MG)
VOCAÇÃO
O professor José Celso Cunha Guerra Pinto Coelho, diretor da Faculdade Ciências Médicas de Minas Gerais (FCM-MG), destaca que os maiores desafios seguramente serão lidar e conviver com essa nova realidade. O primeiro deles, ressalta, é entender que atuar no atendimento dos pacientes, independentemente do momento histórico em que estamos, faz parte da vocação do médico e de todos os profissionais de saúde que escolheram como profissão cuidar de pessoas.
“As atividades acadêmicas, assistenciais em internatos ou em práticas laboratoriais da FCM-MG retornaram em absoluta consonância com os princípios de formação desse profissional e em total segurança. Sempre houve casos de pacientes com infecções multirresistentes nos hospitais, e nós aprendemos e sabemos lidar com isto em segurança como profissionais de saúde. A diferença agora é que estamos diante de um vírus comunitário e muito contagioso.”
Para o professor, outra diferença é que agora é preciso ensinar toda população a lidar com medidas rigorosas de higiene e uso de equipamentos de proteção individual. “A educação em saúde se tornou fundamental. Isto é um enorme desafio de informação e logística.”
José Celso assegura que não é necessário mudar o currículo. Segundo ele, o que deve mudar é a forma de ensinar. Uma reflexão sobre o que de fato merece que o aluno vá à faculdade para aprender? “Certamente, situações do dia a dia, que propiciem a construção conjunta do raciocínio clínico. A reflexão e a aquisição de habilidades e competências em ambiente seguro e controlado.”
José Celso enfatiza que a principal virtude de um bom médico é a compaixão. É acolher e entender o paciente, seus medos e angústias. “É saber que não vamos prevenir ou curar todas as doenças, mas independentemente disso seremos o profissional que estará lado a lado com o paciente neste momento difícil, tentando aliviar o sofrimento em todas as suas dimensões, físicas ou psíquicas, buscando as melhores alternativas disponíveis e possíveis. Exige um preparo mental enorme, além de inúmeros sacrifícios de tempo. A escolha pela medicina deveria se basear nisto e nada mais.”
quatro perguntas para...
Ricardo Guimarães, médico oftalmologista, presidente do Centro de Ensino Superior do Vetor Norte (Cesuv), entidade mantenedora da Faculdade da Saúde e Ecologia Humana (Faseh)
1 - O que a pandemia ensina, deixa de lição e alerta quanto a formação dos profissionais da saúde?
A pandemia do novo coronavírus impactou fortemente a educação de profissionais da saúde e a formação médica em todo o mundo. A introdução da educação on-line, já usada na maioria dos países do mundo, ainda era proibida no Brasil nos cursos da saúde, mas se fez necessária neste momento. O ensino da prática da telemedicina se tornou essencial para o desenvolvimento de novas competências, previsivelmente, demandadas na profissão dos novos médicos. Desse modo, pode parecer paradoxal, mas necessário dizer que o surto da COVID-19 trará um grande benefício para a medicina de modo geral. O colapso do sistema de saúde da maioria dos países mostrou a necessidade de valorizar nossa infraestrutura de atendimento. No caso do Brasil, chamou a atenção o subinvestimento crônico em estrutura física dos hospitais, mas também em tecnologia necessária ao exercício da medicina. A pandemia mostrou nossa dependência na produção de equipamentos médicos, mesmos os mais simples, como uma máscara cirúrgica até um aparelho de ventilação.
2 - E os professores, também terão de mudar?
Para nós, professores de medicina, veio a mensagem de que não basta ensinar ao médico conceitos básicos, como saúde da família. É necessário complementar essa formação com as técnicas mais modernas, os avanços mais recentes no setor, trabalho em equipe e promoção da saúde como um todo. O currículo da maioria de nossas profissões é determinado pelo MEC, foi desenhado há vários anos e não acompanha a mudança do cenário profissional. O Sistema Único de Saúde (SUS) e a rede de saúde complementar estão passando por um teste decisivo no enfrentamento da crise. A proporção de mortes da população de baixa renda, comparada à média total, indicará o grau de eficiência e resolutividade do SUS.
3 - Diante do desafio, é pertinente pensar em mudança de currículo?
Houve a fase inicial, em que a crise interferiu de forma abrupta no processo educacional da formação médica e de outros cursos da saúde, exigindo um remodelamento emergencial e demandando atenção e diálogo ágil entre educadores, alunos e autoridades. Estamos agora na fase de pensar em remodelamento numa perspectiva de longo prazo. Este desafio de mudança de currículo ou formato do ensino para nós não é difícil. A Faseh é uma instituição inovadora. A grande revolução que temos feito é preparar nosso aluno não apenas em competências profissionais, mas no desenvolvimento de habilidades pessoais e no pensamento crítico fundamental ao bom exercício profissional.
4 - A medicina do futuro está preparada para pandemias? É possível se preparar para o caos?
Nunca estamos preparados para surtos como Sars e corona. E, no caso específico desses episódios, vimos os interesses da política se misturarem com os da saúde e as decisões serem tumultuadas pela mistura das necessidades de prevenção, como o isolamento, com as da economia. Não foi uma boa receita. Praticamos ainda uma medicina voltada, exclusivamente, para a doença sabendo que o futuro será o da medicina da promoção de saúde. Sempre haverá doenças, mas é importante prevenir, promover a saúde. A logomarca da Faseh tem um S interrompido que significa exatamente o momento de transição que vivemos agora.