Jornal Estado de Minas

Tecnologia

Comunidades multietárias: idosos se desafiam no mundo das startups


 
Atualize-se. Descarte ideias antigas e visão preconcebida. Enquanto a maioria repete a possível relação conflituosa entre velhos e tecnologia, há quem procure se adaptar às novas tecnologias no trabalho para se renovar, se oxigenar e ganhar novas competências e sabedoria no mundo dos negócios e do empreendedorismo. O mundo das startups, jovem na essência, tem sido ocupado por idosos que desafiam entrar na bolha para, não só aprender, mas também ensinar, trabalhar, contratar, inovar e criar.




 
Portanto, eStartup, coworking, big data, cloud computing, firewall, chatbot, malware não é mais apenas uma linguagem restrita aos jovens. O aumento da longevidade é fato. Se a expectativa de vida era de 45,5 anos em 1940, em 2020, a do brasileiro subiu para 76,8 anos. Assim, a população idosa cada vez mais adia a aposentadoria e empreende, em especial na área de tecnologia e, mais ainda, na de negócios digitais (ou on-line). Se em 2019, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), existiam no Brasil 32 milhões e 900 mil pessoas com mais de 60 anos, em 2060 a expectativa é que este número chegue a mais de 58 milhões de pessoas, sendo superior a 25% da população brasileira.

Fernando Potsch, de 65 anos, CEO da GBG Seniortech Ventures, psicólogo, mestre em comunicação, pós-graduado em transformação digital, revela que de maneira otimista está sempre destacando suas habilidades, atitudes e competências que transcendem a questão da idade e fazem parte do seu DNA: “Sigo a máxima: ‘que idade você teria se não soubesse a idade que tem?’. Tenho todas as idades distribuídas nos momentos existenciais que vivo. O preconceito do etarismo é constante na sociedade e cruel para a população sênior.”

Diariamente, “somos expostos a essas atitudes, vindas até mesmo de pessoas que nos relacionamos diariamente. Algumas vezes, fazem isso sem perceber. São essas pequenas coisas que fazem um grande estrago na vida das pessoas maduras que de forma inconsciente, absorvem esses limitadores, aceitando isso sem questionar. O maior desafio é explicar que a longevidade é para todos e que esperamos que cheguem na velhice e não fiquem pelo caminho. Mostrar que o preconceito tem efeito bumerangue e criar, na prática, ações que quebrem esse preconceito e inclua o idoso na jornada da vida”, afirma.





Propósito 


Para Fernando Potsch, carioca e colecionador de orquídeas, que comanda o projeto de conservação ambiental na Casa das Orquídeas, há barreiras bem definidas para o empreendedorismo da maturidade: “Principalmente o mindset. Desaprender, reaprender, aprender na jornada do lifelong learning. Desconstruir para se reconstruir e aprender a viver na sociedade da nova economia do século 21”. Fernando Potsch é CEO da GBG Seniortech Ventures, uma venture builder cujo propósito é identificar, selecionar e investir em startups que apresentem soluções para as necessidades da geração prateada, 50+.

“Nossos critérios utilizam o sênior como referência em todos os aspectos. Não basta ter uma startup que apresente soluções para os sêniores, mas acima de tudo devem saber conversar e conhecer como eles vivem, se comportam etc. Para isso, no processo de aceleração, sempre que a startup inicia aumento do quadro de pessoal, indicamos uma pessoa sênior para compor o time”, explica.

Já Sandra Mortari, de 60 anos, CEO da Let’s Delivery, formada em direito e empreendedora há mais de 20 anos, liderando empresas em diversos setores, atualmente é CCO & COO da Let’s Delivery, responsável pela gestão comercial da startup, que inovou ao criar o software de gestão de delivery que unifica todos os Apps e pedidos em uma única ferramenta. “Empreender em uma startup com 60 é assumir com coragem e determinação o protagonismo da mulher madura frente a inovação, rompendo paradigmas, superando barreiras culturais, interagindo com um universo ilimitado de informações, conhecimento e experiências. Empreender aos 60 só é possível com um propósito de transformar a sociedade para que todos tenham oportunidades iguais, com educação e capacitação, num mundo que se abre para o novo e atemporal.”





Sandra Mortari, de 60 anos, CEO da Let%u2019s Delivery, startup que inovou ao criar o software de gestão de delivery que unifica todos os Apps e pedidos em uma única ferramenta (foto: Nathália Mortari/Divulgação)


Sandra avisa que empreender é um desafio para qualquer pessoa e que é preciso criar uma casca formada pelo sentimento de resiliência que também pode ser nomeado como superação, recuperação, força e invulnerabilidade. A empreendedora instiga: “Queiram fazer acontecer”. Tanto que seu propósito lhe deu a oportunidade de virar a chave da carreira para fazer o que gosta. Hoje, a LET’S Delivery conta com 25 colaboradores de diversas regiões do Brasil e pretende finalizar o ano com 60 funcionários. E já tem mais de 600 clientes utilizando a plataforma.

Inclusão

 
Historicamente, os 65 adotaram tardiamente o mundo da tecnologia em comparação com os mais jovens, mas seu movimento para a vida digital continua a se aprofundar. Dois grupos de brasileiros mais velhos emergem. O primeiro, que se inclina para idosos mais jovens, mais instruídos, tem ativos tecnológicos relativamente substanciais e também tem uma visão positiva dos benefícios das plataformas on-line. O outro, que tende a ser mais velho, muitas vezes com desafios significativos de saúde ou deficiência, está fisicamente desconectado do mundo das ferramentas e serviços digitais.

Como a internet desempenha um papel cada vez mais central na conexão das pessoas de todas as idades às notícias, informações, serviços governamentais, recursos de saúde e oportunidades de apoio social, o nível de uso cresce aceleradamente. E a pandemia tornou um novo normal o uso de redes sociais e consultas on-line de toda natureza, especialmente a médica”, pontua o empresário Fábio Veras, presidente do Sindicato da Indústria de Software de Minas Gerais e do Conselho de Tecnologia e Inovação da Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais (Fiemg).





Para Fábio Veras, há um mercado de idosos muito grande, mas seu consumidor não tem o hábito de se definir como idoso. “Prefere consumir soluções comuns ao mercado.” Portanto, há que se falar em serviços especiais como startups que amparam a prestação de serviços em domicílio especiais para idosos. Há startups que mitigam a solidão, que oferecem ajuda a idosos que sofrem com o isolamento social, que envolvem desde entretenimento e socialização até a gamificação. Além de soluções de mercado que endereçam atenção especial do idoso. Já a terceira idade empreendendo ainda é minoria, mas há um movimento crescente nessa direção.

Na visão de Fábio Veras, as barreiras para os mais velhos se estabelecerem neste setor são essencialmente as mesmas de um empreendedor mais jovem, que são as barreiras de negócio, de mercado. O empreendedor nesta idade pode se associar com pessoas em idades distintas e competências complementares. Sua experiência traz maturidade ao negócio. No campo do ensino e de atividades que geram interação humana as pessoas 65 têm uma maturidade de vida e paciência especial.

Ferramenta

Como transformar sua ideia em startup?

1 - O que você sabe sobre o mercado em que quer atuar?
2 - Quais são as tendências?
3 - O que ainda não foi resolvido nesse mercado?
4 - Quem são esses players?
5 - Existem grandes players e pesquisas que te ajudem a entender o tamanho desse mercado?
6 - Quais as principais referências do setor?

Fonte: Associação Brasileira de Startups (Abstartups)

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