O propósito não mudou desde que as primeiras equipes chegaram ao Córrego do Feijão, naquele 25 de janeiro: parar só depois de encontrar a última pessoa desaparecida. Cinco meses depois, o efetivo do Corpo de Bombeiros empenhado nas buscas mantém o mesmo patamar desde o início da operação: em média, 150 bombeiros diariamente, acompanhados de cães e drones. A estratégia agora para localizar as vítimas é cruzar dados diversos num serviço de inteligência que atua dia e noite.
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Menos produção, PIB menor. Entenda o impacto da mineração na economiaVale investe R$ 1,8 bi em obras para reduzir carreamento de rejeitos para Rio ParaopebaVale doa mais de R$ 35 milhões para as forças de segurança do estado Cerca de 100 mil moradores de Brumadinho e região já receberam indenizações“O trabalho consiste em cruzar dados que informem quais eram os locais onde elas estavam no momento do rompimento da barragem, como estava o comportamento do fluxo de lama, comparando a localização original dos piezômetros (instrumentos que medem a pressão da água na barragem) e onde eles foram encontrados. Também verifica onde foram achadas outras pessoas dos grupos dos quais elas faziam parte para traçar possíveis lugares onde estariam no momento do ocorrido”, explica o tenente Pedro Aihara, porta-voz dos Bombeiros. Foram feitas ainda entrevistas com sobreviventes e funcionários em busca das prováveis localizações. “As últimas vítimas foram encontradas graças ao serviço de inteligência”, relata.
A previsão é continuar nesse processo nos próximos dias. A partir do serviço de inteligência, as buscas se mantêm há algum tempo com o suporte de máquinas pesadas para remover o minério e permitir a chegada a locais antes inacessíveis. O tenente Aihara destaca que, embora menos de 10% da quantidade de rejeitos tenham sido removidos, 91% de vítimas foram localizadas.
Os militares que integram as operações em Brumadinho explicam que dos 10 milhões de metros cúbicos de rejeito que vazaram da Barragem I, ficaram depositados 7 milhões na chamada zona quente, que compreende os 10 quilômetros da barragem ao Rio Paraopeba. Essa é a quantidade do que desceu até o encontro do rio com o Ribeirão Ferro-Carvão. O restante foi levado a partir dali, pelo curso do Paraopeba.
O trabalho de remoção é feito cuidadosamente e com o monitoramento dos Bombeiros. Em cada escavadeira, há um militar ao lado da cabine do condutor, que verifica o terreno visualmente. Se nada for encontrado, o rejeito é levado para um local dentro da mina de Córrego do Feijão e, depois de seco, é novamente vistoriado com a ajuda dos cães farejadores.