Lenine, cantor e compositor
"A gente pelo menos está comemorando os 100 anos de nascimento do Jackson. A gente só lembra do Jackson devido à importante participação dele na produção cinematográfica brasileira em determinado momento: ele e Almira, que fazia par com ele.
A gente está reverberando essa obra incrível. Esse cara é ímpar.
Os artistas regravam Jackson por vários motivos: tem a polirritmia, isso é muito sedutor para quem ouve.
É incrível quando ouve como ele divide as coisas. Ele foi o rei da percussão de boca, o que fazia cada vez que interpretava uma canção. Jamais repetia uma interpretação. Tinha esse ‘instigamento’.
Não tem quem não ouça e não se comova, se faça seduzido por aquela malemolência, por aquele jogo de palavras.
Ele cantou de tudo e tudo que ele cantou, cantou muito bem.
Tem uma coisa que é bacana frisar. Quando uma expressão musical, assim como reggae, consegue, de tal maneira, ter uma alma tão poderosa, consegue adaptar qualquer tipo de canção e você transformar qualquer canção em reaggae e 'reggaeá-la'.
Assim é com o coco. Jackson foi um que defendeu isso até morrer. Ele dizia: ‘Tudo é coco’.
Pegava qualquer música dos Beatles e cantava no pandeiro dele, fazendo na base um coco.
Provava assim que o coco, assim como o reggae, tem essa capacidade incrível de ter alma própria. Jackson e coco: tudo!"