O Centro Federal de Educação Tecnológica de Minas Gerais (Cefet-MG) tem orgulho de ser uma das melhores escolas técnicas do país, destacando-se principalmente em cursos de ciências exatas. Surpreendendo muitos, no entanto, o imponente prédio da Avenida Amazonas, no Bairro Nova Suíça, em Belo Horizonte, onde está o Câmpus 1, irradia produção literária, que projeta nomes da poesia mineira, como também da literatura infantil e literatura marginal.
O curso de letras e a pós-graduação em estudos da linguagem, que chegou há 13 anos, trouxeram para o ambiente acadêmico, além das equações matemáticas e fórmulas químicas, os versos. “A minha geração, que entrou em 2006, concebeu o curso de letras e a pós-graduação em estudo de linguagens. Nos juntamos à turma antiga para propor outras coisas”, diz a poeta e professora Ana Elisa Ribeiro.
A vocação se fortalece a cada evento literário nos corredores do câmpus, conduzidos pelos alunos, como os saraus e varal de poesia, ou em eventos acadêmicos como a Festa de Linguagens e Ciências do Cefet-MG (Flic), que será realizada nas próximas segunda e terça-feiras.
O curso de letras e a pós-graduação em estudos da linguagem, que chegou há 13 anos, trouxeram para o ambiente acadêmico, além das equações matemáticas e fórmulas químicas, os versos. “A minha geração, que entrou em 2006, concebeu o curso de letras e a pós-graduação em estudo de linguagens. Nos juntamos à turma antiga para propor outras coisas”, diz a poeta e professora Ana Elisa Ribeiro.
Saiba mais sobre os versos do Cefet-MG no podcast Pensar
A vocação se fortalece a cada evento literário nos corredores do câmpus, conduzidos pelos alunos, como os saraus e varal de poesia, ou em eventos acadêmicos como a Festa de Linguagens e Ciências do Cefet-MG (Flic), que será realizada nas próximas segunda e terça-feiras.
Uma pista para entender os motivos que fazem do Cefet-MG polo irradiador de poesia pode estar na concepção do curso de letras e da pós-graduação, que nascem como espaços de reflexão sobre o fazer literário, e também locus de produção literária efervescente.
A combinação de conhecimento teórico e práticas artísticas encanta alunos que, muitas vezes, chegam ao Cefet tendo na bagagem muitas experiências artísticas. “Os cursos atraíram alunos da cultura. O foco é bem forte em estudos de edição. Ilustradores e escritores começaram a procurar a gente. Então, tínhamos alunos preocupados em fazer jornais, revistas e livros”, afirma Ana Elisa.
A combinação de conhecimento teórico e práticas artísticas encanta alunos que, muitas vezes, chegam ao Cefet tendo na bagagem muitas experiências artísticas. “Os cursos atraíram alunos da cultura. O foco é bem forte em estudos de edição. Ilustradores e escritores começaram a procurar a gente. Então, tínhamos alunos preocupados em fazer jornais, revistas e livros”, afirma Ana Elisa.
Não só os alunos se destacam pela trajetória artística. Os professores também levam para lá compromissos de vida com a literatura. No entanto, Ana Elisa reforça que a presença de tantos poetas no corpo docente não é por acaso. O Cefet-MG mantém histórico de produção literária que dialoga com quem se interessa por leitura e literatura. A prova dessa tradição é a revista literária Ato, proposta pelo professor Rogério Barbosa.
Com alunos e professores que se dedicam de maneira orgânica à produção literária, parece ser caminho natural que do câmpus da Avenida Amazonas saiam tantas publicações: revistas, livros e ensaios. A mais recente a sair do forno é o livro Boca na palavra, vias do canto, coletânea organizada por Wagner Moreira e Mário Alex Rosa, com textos de sete poetas-professores do Cefet-MG. As fontes tipográficas da publicação foram criadas pelo aluno Mário Vinícius e ela ganhou materialidade na gráfica e editora Impressões de Minas, especializada na edição de livros objetos.
"Os cursos atraíram alunos da cultura. O foco é bem forte em estudos de edição"
Ana Elisa Ribeiro, poeta e professora do Cefet-MG
Tantas linhas escritas convocam as vozes do Cefet-MG: versos são vocalizados e performados em saraus e slams de poesia. O poeta e escritor Luiz Eduardo Rodrigues de Almeida Souza, de 38 anos, aluno do doutorado em estudo de linguagem, ajuda a criar pontes entre a academia e a literatura marginal periférica. Ele integra a produção do sarau ColetiVoz, que tem base na Regional do Barreiro. Recentemente, participou do evento acadêmico Cartografias da Edição Independente, em 23 e 24 de setembro.
Junto a Karine Bassi e Dione Machado, apresentaram o relato da experiência de publicação independente da coletânea poética em comemoração aos 10 anos do coletivo À luta, à voz – ColetiVoz (Editora Venas Abiertas). “Já é resultado do trabalho de minha tese. Convidei Karine e Dione. São sujeitos de minha pesquisa, que analisa o sarau ColetiVoz e o slam Clube da Luta”, conta. Na ocasião, foi realizada também no Cefet-MG uma feira de publicação independente com performances de poetas.
O histórico de ações literárias demonstra que a produção de poesia cefetiana é permanente, desde a inserção de professores que mantêm um olhar criativo para o mundo. “Tivemos outras experiências coletivas de poetas-professores, como o Poesia a metro. Fizemos um rio de poesia dos poetas professores em três andares do câmpus 1, salvo engano. Cada professor contribuiu com um poema ou mais.
Escrita linear, uma fita, estendida nas paredes dos corredores”, relembra o poeta e professor João Batista Santiago Sobrinho. Ele cita a parceria criativa com o poeta Guilherme Mansur. “A chuva de poesia dele passou por lá e continua chovendo. A presença desse poeta ouro-pretano resultou num livro e na exposição de seus trabalhos no câmpus 1”, diz.
Escrita linear, uma fita, estendida nas paredes dos corredores”, relembra o poeta e professor João Batista Santiago Sobrinho. Ele cita a parceria criativa com o poeta Guilherme Mansur. “A chuva de poesia dele passou por lá e continua chovendo. A presença desse poeta ouro-pretano resultou num livro e na exposição de seus trabalhos no câmpus 1”, diz.
Um movimento, um coletivo, um grupo?
A convivência diária entre professores-artistas e alunos-artistas tem tanta força como as reações químicas que ocorrem nos laboratórios dos cursos de Exatas. Mas como caracterizar essa produção coletiva? A troca intensa fomenta o espírito pluralista. No entanto, os integrantes não consideram que se trate de um movimento literário, já que cada poeta mantém estilo e linguagens próprios.
Mas não deixam de ser afetados uns pelos outros. “Todo poeta, artista, é uma esponja que capta, transforma a partir da saúde do esquecimento, que lhe permite criar, em vez de repetir. Esse é o espírito pluralista, múltiplo que incita e excita a criação. Esse encontro afetivo, certamente, trará frutos literários e poéticos a cada participante e suas produções distintas, mas não fechadas”, espera João.
Mas não deixam de ser afetados uns pelos outros. “Todo poeta, artista, é uma esponja que capta, transforma a partir da saúde do esquecimento, que lhe permite criar, em vez de repetir. Esse é o espírito pluralista, múltiplo que incita e excita a criação. Esse encontro afetivo, certamente, trará frutos literários e poéticos a cada participante e suas produções distintas, mas não fechadas”, espera João.
Mario Rosa destaca os encontros: “Por uma coincidência feliz [professores-poetas] estão no mesmo espaço de trabalho, portanto, é natural que, uma hora ou outra, se encontrem para conversar, trocar ideias sobre literatura”. Ele pontua que das conversas surgem livros e outras produções. “Participar dessas frentes é importante pela amizade, sobretudo pelo diálogo entre poetas de escritas tão dife- rentes. A influência, se existe, está em não perder nunca o diálogo, e de preferência ao vivo”, afirma.
O grupo congrega diversas trajetórias, com poetas que realizam trabalhos também em espaços externos ao Cefet-MG. “Cada um de nós tem uma produção poética singular, fruto das nossas experiências, das nossas aulas de literatura e, sobretudo, de nossas pesquisas individuais. Tais pesquisas acabam por culminar numa conexão de pessoas que pensam sobre a palavra e a utilizam como forma de pôr em cena o mundo contemporâneo no qual nos inserimos”, avalia a professora Ângela Vieira Campos.
Ângela enumera algumas características para definir a “teia de afeto” em que o grupo se tornou: crítico, solidário e amoroso. “É muito importante tecer esse diálogo com meus colegas dentro da instituição e dessa forma consolidar nosso trabalho, nossas reflexões. Mas compreendo que todos nós somos filhos desse tempo, desse contemporâneo. Nesse sentido, nossa poesia faz parte de todos os espaços onde ela ressoa e, com certeza, transita por todos eles”, afirma Ângela.
Literatura infantil
O Posling – Programa de Pós-graduação em Estudos de Linguagens acolhe estudos sobre literatura infantil. As pesquisas desenvolvidas e os eventos promovidos contribuem para ampliar as discussões sobre a literatura infantil contemporânea em torno da edição, produção e do seu papel na formação de leitores. Amanda Ribeiro, Jéssica Maria Tolentino, Vívian Stefanne Soares Silva e Pollyanna Mattos Vecchio também desenvolvem trabalhos na área. Adriana Rodrigues Gonçalves, Flávio José Vargas Pinheiro e Jussara Maria Leão Coelho Amaral defenderam dissertações sobre o tema.
A professora Marta Passos Pinheiro é referência em pesquisas sobre formação de leitor de literatura, design de livros para crianças e jovens, letramento literário, literatura infantil e juvenil. Em 2019, organizou, juntamente à orientanda Jéssica Maria Tolentino, o livro Literatura iInfantil e juvenil: campo, materialidade e produção, no qual publica um artigo sobre a materialidade da literatura infantil contemporânea. Ana Elisa Ribeiro orienta trabalhos sobre o tema e já publicou livros de literatura para crianças.
O projeto de extensão Aula Aberta promove aulas, palestras e debates sobre temas variados e na segunda-feira (14) recebeu Fabíola Farias, leitora-votante da FNLIJ (Feira Nacional do Livro Infantojuvenil), para discutir “o que faz do livro um produto infantil”. Os congressos e seminários promovidos pela instituição (neste ano, o 2º Teias e o Seminário Cartografias da Edição Independente), bem como a Festa de Linguagens e Ciências do Cefet-MG (Flic), em 21 e 22 de outubro, organizam eixos temáticos que possibilitam apresentações de trabalhos, propostas de minicursos e oficinas na área da literatura infantil, além de incluir, em sua programação, feiras literárias.
Dedicatória
Angela Vieira Campos
A cada verso que a tinta persegue
a cada suspiro que a palavra cala,
evoco todos os dizeres
de todas as vozes
rasuradas:
para cada desejo esquecido
no fundo de uma gaveta humana
para as labaredas adormecidas
entre folhas secas.
(Ouço um grito e não vejo rosto
Por esse rosto que nunca vi)
para as libélulas da escuridão
por todos os irados em segredo
para o animal acuado sob a mira da lei
por todas as ânsias insaciáveis
pelos nômades aqui dentro
em deslocamento
pelo não, esse canto.
Tinha sempre
Mário Alex Rosa
Era preciso alguma razão
quando naquela noite você
apenas contou algumas estrelas,
passou de uma caneta para um lápis
e escreveu: “elas não são suficientes
Para guardar o amor”
As palavras já não tinham mais forças,
era apenas uma forma de relembrar
o verão quando caminhamos próximos ao mar,
atravessamos toda a tarde, todas as pedras,
para ouvir agora aquele doce marulho
tinha sentido.
Boca na palavra, vias do canto
» Santiago Sobrinho, Rogério Barbosa, Wagner Moreira e Mário Alex Rosa
Organização: Wagner Moreira e Mário Alex Rosa
Impressões de Minas
132 páginas
R$ 20
Lançamento: 21 de outubro, Cefet-MG, Av. Amazonas, 5.253
7ª Festa de Linguagens e Ciência (Flic)
Evento do Programa de Pós-graduação em Estudos de Linguagens do Cefet-MG
Palestras, debates, oficinas e minicursos sobre temas como tecnologia, jornalismo, linguagem, arte, poesia e vida acadêmica
Data: 21 e 22 de outubro, das 14h às 22h30
Local: Câmpus 1 – Avenida Amazonas, 5.253, Nova Suíça, em Belo Horizonte
Professores-poetas
Ângela Vieira Campos
A poeta tem dois livros publicados, Sendas no silêncio e Teatro das sombras. A convite do Museu Nacional da Poesia, de Belo Horizonte, resolveu publicar Sendas no silêncio, que trata do diálogo com a tradição da poesia, mas acena também para uma preocupação com a multiplicidade, a proliferação e o transbordamento de imagens culturais que nos constituem em Minas Gerais e fora dessa terra: na América Latina, por exemplo, na Europa, no Oriente. Para se autodefinir, a poeta recorre à ideia de nômade em Gilles Deleuze: é aquele que não se move por deslocamentos físicos, mas por intensidades. “Tento escrever pela intensidade, pelas sensações e pela ideia visionária de quem anseia por outras possibilidades de vida que só a arte, e neste caso a arte poética, é capaz de criar. Teatro das sombras realiza essa desmedida e essa busca pelo que a palavra fala e o que ela cala, quando é sombra.
Olga Valeska Soares Coelho
A poeta costuma abordar temas de cunho existencial e filosófico. Começou a escrever muito cedo, com o primeiro poema publicado aos 16 anos, em concurso de poesia mística promovida por um jornal de São Paulo. Quando ela entrou no Cefet, o professor Rogério Barbosa a estimulou a publicar poemas autorais na revista Ato. Publicou Mundos e mutações, pela editora Anome. Esse livro é uma cosmogonia poética que se enraíza em experiências bem cotidianas e existenciais e se amplia, no nível da enunciação, até a dimensão cosmogônica e escatológica. Mundos e mutações é composto por dois livros: o Livro I contém poemas verbais e o Livro II, imagens digitais que traduzem os poemas do primeiro livro. Atualmente, prioriza publicações em antologias poéticas nacionais e internacionais. Além disso, participa de performances, realizando trabalhos que exploram a interface entre poesia e corpo.
João Batista Santiago Sobrinho
“Escrevo faz muito tempo. E aprendi a escrever apesar da escola”, diz. Publicou um romance em 2005, um livro de prosa poética, Nimuendaju (Editora Lutador), o ser que faz o próprio caminho. Também é autor do livro de ensaios Mundanos fabulistas: Guimarães Rosa e Nietzsche (Editora Crisálida) e de poesia, Dois rios (Editora Crisálida). Tem três livros em andamento – um de poesia, outro romance e um de ensaio. “Sempre gostei muito de poesia e filosofia. Sinto-me bem nesses espaços relacionais”, conta.
Ana Elisa Ribeiro
Começou a escrever bem jovem. Publicou o primeiro poema, no Estado de Minas, aos 19 anos. O primeiro livro foi aos 22, parte da coleção Poesia Orbital, quando BH fazia 100 anos. Publicou vários livros desde então, entre poesia, conto, crônica, infantis e juvenis, por diversas editoras. “Alguns livros circulam bem, em clubes de leitura ou em compras públicas; outros me deram prêmios e alegrias de outras naturezas”. Participou de vários eventos literários no Brasil e no exterior. Mas não ficou nisso. “Gosto também de produzir e provocar, então editei coleção de poesia, produzi eventos e propus projetos a muita gente legal”, diz.
Mario Alex Rosa
Mario conta que a trajetória literária começa pela falta. “Ausências que tento resolver na poesia, nos meus objetos. Parte da minha criação é a tentativa de preencher essas ausências que não param de chegar. Chegam sempre pra doer em algum canto dos nossos pensamentos”, afirma. Junto à carreira como professor, atua como curador de literatura. Por dois anos foi curador do Festival de Literatura de São João del-Rei (Felit). É poeta, autor do livro ABC Futebol Clube e outros poemas.
Entrevista
ANA ELISA RIBEIRO
professora e poeta
“É preciso
poetizar paredes”
O que podemos falar sobre a produção que se irradia do Cefet-MG nessa tradição na poesia mineira? Podemos falar em movimento literário?
O que temos, a meu ver, é um grupo de pessoas que gostam de literatura e de artes em geral reunido na mesma cena, na mesma instituição, nos mesmos espaços, inclusive espalhando isso por onde passa. Uma instituição que, a despeito de sua história centenária com as ciências exatas e dos narizes torcidos de alguns poucos mais preconceituosos – isso acontece em todo lugar. Talvez por isso mesmo, faz a gente precisar da poesia como do ar. É preciso poetizar as paredes, o corredor infinito que dá numa parede azul, a falta de lugar para sentar e conviver, oxigenar um pouco o batidão de aulas e o barulho caótico de todo mundo sempre correndo em linhas retas. Um grupo de pessoas convive ali, no mesmo tempo-espaço, e como temos um clima bom entre nós, sempre sai algum projeto mais coletivo, mais conjunto, que depende de troca, conversa e alegria. De fora, pode ficar parecendo mais organizado do que é; e que bom. Nós estamos em sintonia com BH também, bem próximos da rua. Nossa sede fica à beira da Amazonas, onde passa uma parte da população, a pé e dentro das dezenas de linhas de ônibus. Sabemos o que significa BH para a literatura e a literatura para BH.
Em que medida pesquisas e estudos empreendidos na graduação e na pós-graduação impulsionam e qualificam essa produção?
Nossos cursos de graduação em letras e de pós-graduação em linguagens acabam atraindo pessoas também dispostas à poesia, à edição, ao livro, à leitura, às artes. Nosso bacharelado em edição pega firme nessas discussões, traz a literatura para um âmbito muito materializado, muito intenso. Muitos estudantes chegam lá já escritores ou desejosos disso, atraídos por nossa proposta. Outros vão se preenchendo disso, se aproximando e são fisgados. Na pós, mais ainda. Chegam-nos, por meio do processo seletivo regular ou de disciplinas isoladas, editores profissionais, escritores plenos ou iniciantes, artistas plásticos das mais diversas linguagens, ilustradores, tradutores, etc. É uma energia que encontra seus correspondentes. Talvez daí pareça um “movimento”. Sabemos que não é. É uma boa confluência, isso sim. As dezenas de estudos que têm sido feitos, na graduação e na pós, ao longo da última década, vão se tornando um acervo qualificado de pensamento e ação sobre muitos temas da cultura, em especial a literária, tradicional ou contemporânea.
Como são estabelecidas as interações entre vocês? Como os trabalhos de vocês dialogam? Ou como as respectivas obras são afetadas por esse coletivo?
Cada um tem seu trabalho, sua aposta, sua voz, individualmente. Alguns são mais próximos entre si, têm mais parcerias; outros, menos. Mas quando um ou dois convocam os outros, a diversidade é respeitada, ao mesmo tempo em que um organizador e um designer dão forma harmônica a um conjunto. Participar disso é sempre muito amistoso e divertido, dentro das possibilidades de cada um e de todos. Publicamos, recentemente, um livro intitulado Boca na palavra, vias do canto, com poemas de sete de nós. A organização é de Wagner Moreira e Mário Alex Rosa, poetas sempre dispostos aos trabalhos coletivos. Temos feito lançamentos aqui e ali, numa disposição muito bonita. Outro exemplo são os livros de teoria que fazemos juntos, com capítulos de todos, como foi o Edição & crítica, organizado por Luiz Henrique Oliveira e Wagner. O design e os aspectos gráficos sempre envolvem nossos estudantes, que vão convivendo com isso horizontalmente. Os eventos também funcionam como coletivos efêmeros, flash mobs. Fazemos a Festa de Linguagens e Ciência há sete anos e ela só acontece porque as pessoas atendem a um chamado. Elas sabem que podem chegar, se aproximar. Eu mesma executo um projeto de extensão chamado Aula aberta, cujo objetivo é abrir as portas das salas de aula para que as pessoas interessadas venham ouvir e dialogar com um/a professor/a sobre algum tema relevante, proposto por quem vai falar, mas editado por quem vai ouvir. Enfim: somos muito permeáveis. E somos feitos de mais do que a exatidão.