Jornal Estado de Minas

IDENTIDADE DE UM GÊNIO

Machado de Assis preferia a ironia dos livros à militância das ruas, diz professor


ENTREVISTA/EDUARDO DE ASSIS DUARTE / Professor do Programa de Pós-graduação em Letras:Estudos Literários,da UFMG

Depois de mergulhar na obra do escritor carioca para escrever Machado de Assis afrodescendente, o professor Eduardo de Assis Duarte aniquila o discurso da branquitude e da omissão com a escravidão atribuídos por mais de um século ao Bruxo do Cosme Velho e afirma: “Machado de Assis usa um discurso que rejeita o tom de palanque, o tom de panfleto, prefere a finesse do humor, da ironia para fazer as críticas dele”.


O autor de Dom Casmurro e Memórias póstumas de Brás Cubas usou 23  pseudônimos em suas crônicas para jornais para não ser identificado e assim poder fazer suas críticas, porque escrevia para um público restrito e elitista, que era o leitor do jornal em seu tempo, já que 84% da população era analfabeta. Assis Duarte aponta Memórias póstumas de Brás Cubas como a obra em que Machado é mais contundente na denúncia contra a escravidão e o racismo, nesta entrevista exclusiva ao Estado de Minas.

De onde surgiu a ideia do livro sobre a afrodescendência de Machado de Assis? Foi a necessidade de desconstruir a hipocrisia em torno do escritor branco forjado a partir do atestado de óbito dele, em 1908, e reconstruí-lo e resgatá-lo em sua verdadeira identidade étnica?
O tema sobre a afrodescendência em Machado de Assis sempre me instigou. O livro nasce dessa preocupação, claro, e também do projeto de pesquisa que coordenei na UFMG na década passada. O olhar de Machado de Assis é simpático aos de baixo, aos subalternos. É um olhar que analisa a escravidão a partir do ponto de vista do escravo, do escravizado, essa é a minha visão.

Em paralelo com isso, surge esse problema sério da tentativa de embranquecimento do nosso maior escritor. Isso é fruto do racismo estrutural na sociedade brasileira, que não vai admitir que o maior escritor, não só da literatura brasileira, o maior ficcionista, na minha modesta opinião, de toda a língua portuguesa, com todo esse talento, com toda essa finesse, com toda essa cultura, como é que ele poderia ser negro? Então, começa-se todo um processo de embranquecimento de Machado de Assis visando negar suas origens, o seu pertencimento a essa grande maioria que compõe a afrodescendência no Brasil como parcela majoritária da população.


Então, o meu livro tem, sim, esse sentido político, de tentar pôr as coisas nos seus devidos lugares, porque não tem mais cabimento acontecer como aconteceu tempos atrás de uma propaganda da Caixa Econômica Federal usar um ator branco para fazer o papel de Machado de Assis. Há todo esse esforço de embranquecer Machado de Assis. Isso tem a ver com o preconceito incrustado, estrutural, naturalizado na sociedade brasileira. Se o autor constrói a obra, a obra também constrói o autor.

O Machado de Assis que surge nas páginas do meu livro é o afrodescendente, porque ele está sendo construído pelo que ele escreveu. Essa afrodescendência surge dos textos para a biografia do escritor. Ela complementa a biografia do escritor e joga por terra essa balela de que Machado de Assis era branco.



A garimpagem dos trechos sobre escravidão e racismo, que exigiu mergulho na obra de Machado, teve também o objetivo de pinçar nas entrelinhas as críticas ao servilismo que outros autores não viram?
O livro Machado de Assis afrodescendente, em sua terceira edição, reúne crônicas, críticas de teatro publicadas em jornal, poemas, contos e trechos de romances. De fato, isso exigiu a releitura de toda a obra, inclusive de textos machadianos ainda fora das edições em livro, fora da chamada obra completa. Aliás, é impressionante isso, até hoje a obra completa ainda está incompleta. Daí a demora.



Começamos essa pesquisa no início de 2001 para 2002 e a primeira edição só ficou pronta em 2007, porque tivemos que ir e voltar, ir novamente, a todas as obras e muito também de garimpagem de textos que estão nos jornais de época. E ainda há muita coisa de Machado de Assis publicada nos jornais do século 19 sob pseudônimo, que a obra completa ignora. Fizemos a primeira edição do livro em 2007 e, para ter uma ideia, em 2008 saiu nova edição da obra completa, da editora Aguilar, que antes havia publicado três volumes, em 1992, com quase mil páginas cada um, aquele papel bíblia, fininho.

Em 2008, saiu a nova edição da Aguilar com quatro volumes. A obra de Machado de Assis é um manancial quase inesgotável, uma produção literária imensa que ele deixou. Essa garimpagem, por- tanto, demorou cinco anos, e implicou de fato a releitura de tudo que já se conhecia antes e também de textos descobertos ao longo da pesquisa. E nessa edição de 2020 incluímos um conto pouquíssimo conhecido de Machado, A mulher pálida, um conto cômico, ferino na sátira que ele faz a essa obsessão brasileira pela brancura, pela beleza branca importada da Europa.

Então, precisou-se debruçar pacientemente sobre a obra para encontrar esses elementos muitas vezes disfarçados de crítica ao establishment daquela época, pautado fundamentalmente sobre a escravização dos africanos e dos seus descendentes.


Autor-caramujo, capoeira literária, poética da dissimulação, “rabo de arraia”. Afinal, por que Machado de Assis foi tão dissimulado em suas denúncias? Por causa do perfil elitista dos leitores dos jornais para os quais escrevia, do emprego público que tinha, para não evidenciar sua condição de afrodescendente...? Lima Barreto, por exemplo, era afrodescendente também e foi perseguido pelas críticas aos seus contemporâneos ao publicar Recordações do escrivão Isaías Caminha, em 1909.
Por que Machado usa um discurso que rejeita o tom de palanque, o tom de panfleto? Por que prefere a finesse do humor, da ironia para fazer as críticas dele? Essas críticas não são menos contundentes se fossem faladas num palanque, num comício, esbravejadas por cima de um palanque. A tradição literária que temos aí, milenar, mostra o poder que a comédia, que o humor tem em termos de crítica. É o que Machado está fazendo.

Há um detalhe muito importante, não podemos esquecer nunca de um fator público. Quem era o leitor de Machado de Assis? O censo demográfico, o primeiro realizado no Brasil por dom Pedro II, em 1872, teve seus resultados co- nhecidos só quatro anos depois, em 1876. Ali está colocado que 84,6% da população brasileira daquele época, 1870, era analfabeta. Só 15,4% sabiam ler. O leitor de livros daquele momento era o leitor da elite branca. E o leitor de jornais também E, além disso, Machado não era um homem rico, não era da elite, era um funcionário público. E muitos funcionários, inclusive nobres, amigos de dom Pedro II, foram perseguidos, demitidos por ter publicado um artiguinho no jornal criticando a escravatura.


O professor Alfredo Bosi, inclusive, tem uma frase ótima que diz que Machado precisava, para fazer suas críticas, circular nos meios literários do seu tempo, precisava ter aquela compostura exigida dos homens de cor. Lima Barreto, ao contrário, nem sempre teve isso, sempre foi alguém que disse tudo o que precisava dizer e no tom que lhe é peculiar. E Lima Barreto foi extremamente discriminado. Chegou um momento em que nenhum jornal do Rio de Janeiro queria publicar coisas de Lima Barreto. Lima Barreto é um homem que floresce na idade adulta a partir já do século 20.

E mesmo no fim do século 19, quando já não havia mais escravidão, Lima Barreto se declara abertamente negro ou mulato, como queiram. Já Machado de Assis, raramente, acho que nunca, bateu no peito e disse sou negro, porque nos tempos da escravidão, no século 19, negro, sobretudo, era sinônimo de escravo. Fala-se muito isso, Machado nunca se assumiu como negro, mas também nunca escreveu que fosse branco. Essa questão do emprego público, da censura que havia nos meios de comunicação, jornais foram empastelados, jornalistas foram perseguidos, agredidos no meio da rua.

Havia um clima de violência, de opressão naquele momento que ele precisava evitar enquanto homem pobre, que pagou aluguel a vida toda. Ele precisava, sim, do emprego público dele. Tudo isso forma um contexto que vai exigir e, ao mesmo tempo, justificar essa capoeira literária, essa poética da dissimulação que a gente vê em praticamente toda a obra de Machado, não só nos jornais. Nas suas crônicas, ele chegou a usar 23 pseudônimos para não ser identificado. Quem é que estava fazendo aquela crônica, aquela denúncia, não só nos jornais, como também nos romances que eram lidos por aquele elite branca do seu tempo?

Por que não existe um protagonista negro relevante nas obras de Machado de Assis? Isso é outro fator de dissimulação?
Exato, as pessoas sempre perguntam a respeito da ausência de um herói negro. Eu sempre devolvo a pergunta dizendo o seguinte: quem é o herói branco nos romances de Machado de Assis? Então, tem um projeto literário antiépico. É uma literatura de anti-heróis, é uma literatura de crítica social, passa por outro diapasão totalmente diferente do que se fazia, por exemplo, no romantismo de José de Alencar, que tem heróis que são, inclusive, senhores de escravos, de chicote na mão, como dom Antônio de Mariz, de O guarani.


E com relação aos protagonistas brancos, são todos anti-heróis. Por exemplo, Brás Cubas é um canalha, Bentinho (Dom Casmurro) é fracassado, alguém que se julga traído a vida toda, que renega o próprio filho, que tenta matar o próprio filho, que deseja a morte do próprio filho. Enfim, é toda uma desconstrução da elite branca daquele tempo.

É uma literatura cética, não tem muito espaço para grandes arroubos de heroísmo, e também isso, evidentemente, coloca a ficção de Machado de Assis dentro desse propósito, desse projeto de uma literatura também pautada pela dissimulação, pela ironia, em que o texto, muitas vezes, está dizendo aquilo que não está explícito lá em cima na página. Para você compreender melhor, tem que ler, reler, comparar.

José de Alencar, a quem Machado admirava, foi ativista contra a abolição. Mesmo assim, Machado o escolheu como o patrono de sua cadeira na Academia Brasileira de Letras. Não é uma contradição ou esse fato vai para a conta do anacronismo?
A relação de José de Alencar e Machado de Assis é uma questão muito interessante que ultrapassa a divisão política que separava ambos. Alencar era conservador, escravocrata, mas era, até então, o principal nome da literatura brasileira, dando os seus primeiros passos, o primeiro grande romancista. Há uma relação entre ambos de profundo respeito. Para se ter uma ideia, Machado tinha 27 anos e José de Alencar escreve um artigo no Jornal do Commercio, que era o jornal da elite imperial de maior circulação, tirava 27 mil cópias.


José de Alencar, com o intuito de apresentar o jovem Castro Alves a Machado de Assis, o faz de público através de uma carta em que ele recomenda o jovem poeta baiano recém-chegado a essa corte. E ele inicia as palavras dele chamando Machado de Assis de Vossa Excelência. Machado já era um nome conhecido como crítico, tanto de teatro quanto literário, de romances, contos e novelas. Mas Machado tinha 27 anos e já era chamado de Vossa Excelência. Não é que existisse amizade profunda, mas havia um respeito muito grande entre eles.

Tanto que o filho de José de Alencar, Mário de Alencar, após a morte do pai, se aproxima de Machado e eles se tornam grandes amigos até a morte de Machado, em 1908. Então, creio que essa questão da academia é mais de respeito no sentido de que Alencar tem um papel muito importante na consolidação do romance brasileiro do século 19 e da literatura brasileira como um todo.

Em linhas gerais, há alguma diferença no tratamento que Machado dá à escravidão entre as duas fases de sua obra, do romantismo ao realismo?
Essa divisão da obra de Machado de Assis em duas metades é muito questionada. Uma primeira fase romântica, uma segunda fase realista, é muito questionável porque aprisiona a obra a um esquema muito estreito, que é o esquema dos estilos de época.


Dizer, por exemplo, que Machado de Assis inaugura o realismo brasileiro com Memórias póstumas de Brás Cubas, publicado inicialmente em folhetins na Revista Brasileira, em 1880, em livro em 1881, é muito arriscado. A gente estudou isso nos livros, nos compêndios de história da literatura brasileira. Mas que realismo é esse em que a história é contada por um defunto? Então, é muito questionável essa divisão romantismo e realismo.

Machado está muito acima disso, é um escritor moderno, o realismo dele antecipa procedimentos literários que só vão se fixar com o modernismo do século 20. É um precursor, antecipa procedimentos que só mais tarde vão ser atitudes corriqueiras na criação literária. Quanto à questão da escravidão, acredito, por exemplo, que Helena, que, teoricamente, seria parte da fase romântica, tem ali a relação entre Helena e o escravo Raimundo de uma forma muito especial. Raimundo é humanizado, tratado como ser humano importante.

Não vejo grande separação, o que pode haver, talvez, é uma mudança de tom. A partir de Memórias póstumas..., Machado vai assumindo um tom cada vez irônico, mais cáustico para com aquela elite que ele gostaria de estar desconstruindo na obra dele.


Em que livro ou conto Machado de Assis foi mais explícito na denúncia da escravidão?
Essa é uma questão complicada. Penso que talvez em Memórias póstumas de Brás Cuba. A cena do Prudêncio criança e o Brás também criança, e o Prudêncio sendo colocado de quatro como se fosse um animal, passada uma corda em sua boca e o menino branco sentado em cima como se o menino negro fosse uma cavalgadura, e xingando o menino toda vez que ele reclamava, é uma baita alegoria de toda a situação do negro na história do Brasil até aquele momento.

O negro transformado em cavalgadura sobre a qual o branco senta e trepa em cima. O papel do negro reduzido a simples cavalgadura para o branco explorar, bater, oprimir, torturar. Essa cena é muito vigorosa, é simbólica, ela resume, aparentemente, numa coisa infantil, inocente, uma verdade cruel sobre a situação do negro. Em seguida, passam-se as páginas do livro, ambos crescem, Brás vai para a Europa desfrutar, fingindo que está estudando, da herança do pai, do dinheiro acumulado do pai pela escravização de tantos outros que trabalhavam para ele.

E quando Brás volta, Prudêncio já está livre, não é mais escravo. Antes de o pai falecer, ele deu alforria a Prudêncio. E Prudêncio faz o quê? O que muita gente pobre fazia naquele momento, usar a compra de um escravo como poupança. Prudêncio, então, compra outro escravo com o dinheiro que ele vai acumulando, ele compra alguém. Depois, Brás Cubas vê numa praça pública o Prudêncio batendo num negro que era escravo dele. E repetindo as palavras que ele, quando criança, ouvia do Brás, o famoso “cala a boca, besta”.


Quando o escravo gemia, Brás gritava “cala a boca, besta”. É raro na literatura universal uma cena tão forte como essa, no sentido de que está mostrando que, uma vez que o branco animaliza o seu semelhante, trata esse outro como se fosse uma coisa, um bicho, nesse momento é porque o branco já se animalizou há muito tempo. Machado faz isso muito antes de Freud teorizar sobre essa questão.

Se você trata alguém como objeto, se trata alguém como animal, é porque já se animalizou, se desumanizou há muito tempo. Essas duas cenas mostram de forma metafórica, simbólica toda uma crítica que Machado faz aos efeitos deletérios do regime escravocrata no Brasil.

O que dificultou o processo de abolição?
Foi o egoísmo da classe senhorial brasileira em aceitar os novos tempos que fez com que o Brasil fosse o último a abolir escravos. Em 1871, Pedro II já queria fazer a abolição. Aliás, ele já tinha feito a abolição quando acaba a Guerra do Paraguai. Ela faz a abolição lá no Paraguai, que estava ocupado pelo Exército brasileiro. No Brasil, há crise política e o máximo que o imperador consegue é a Lei do Ventre Livre, que vai adiar de 1871 para 1888 o fim do regime, pelo menos o fim teórico.


O que vai dificultar a abolição é a insistência dos senhores em manter o regime. Os conservadores tinham maioria no Legislativo. Tanto que os projetos mais liberais, nenhum deles foi aprovado. Havia o projeto do senador Dantas de fazer a reforma agrária junto com a abolição, distribuindo terras governamentais que estavam sobrando. E foram doadas tantas terras públicas para os imigrantes europeus. Queria-se doar terras também para os antigos escravos, o famoso projeto do senador Dantas.

E o projeto não foi aprovado e teve a abolição pela metade. Os antigos escravizados foram jogados ao deus-dará e viraram marginais, viraram essa periferia, que até hoje temos essa grandiosa maioria da nossa população, carente ainda de condições mínimas para exercer a cidadania.

Sem instrução e sem opção de subsistência, alforriados continuavam agregados aos seus senhores. A abolição foi feita pela metade. Como defendia José de Alencar, ainda não estava na hora sem um processo preparatório?
Os antigos escravizados foram abandonados, completamente jogados ao deus-dará. Acabou o regime, agora, cada um que se vire. Esse fato é explorado por Machado de Assis em diversos escritos dele. Estávamos passando de uma escravização oficial para uma escravização dissimulada, fantasiada de emprego formal, mas com salários de miséria.


Machado denuncia isso em vários momentos, inclusive nas crônicas dele no jornal. Essa abolição pela metade existiu não porque ainda não estava na hora, porque faltou tempo para fazer o processo preparatório, de modo algum. Foram duas décadas batendo na mesma tecla, desde 1871, com muitos debates, projetos. O que faz a abolição ser feita pela metade é o racismo estrutural, que via no negro um indivíduo subumano e em segundo lugar o interesse das elites em não querer abrir mão dessa mão de obra gratuita.

É o egoísmo das elites brasileiras que permanece até hoje. Nenhum país passa impunemente por mais de 300 anos de escravização. Isso tem consequências, entra pelo século 20. Estamos vendo as consequências agora em pleno século 21. Fazer a reforma agrária e distribuir as terras aos antigos escravos. Hoje, o Brasil seria outro se isso tivesse sido feito em 1888.

Da forma como feita, a abolição criou outro tipo de escravidão, a miséria, já notória na modernização urbana do Rio no início do século 20. Essa herança maldita é a principal causa da segregação racial e socioeconômica que perdura no Brasil 132 anos depois da abolição?
A nova escravidão é a miséria. Temos um país com desigualdade criminosa. A grande maioria vive num estado de pobreza em que se tira dela qualquer resquício de cidadania. Haja vista o tratamento que essas pessoas recebem nas periferias, nas comunidades, inclusive pelo Estado. A primeira coisa que o Estado faz é mandar a polícia, atira primeiro e pegunta depois.


Essa subcidadania é efeito direto de mais de 300 anos de escravatura. Essa herança maldita que causa toda essa segregação. No caso do Brasil, segregação disfarçada em boa aparência, disfarçada de mil formas. Não é só elite, o quanto que a gente tem uma classe média reacionária e que não escondeu seu racismo, que não gosta de negros. Isso é uma coisa visível. Em qualquer família de classe média brasileira, você vai encontrar sempre um racista. Infelizmente, 132 anos depois, o país paga até hoje o preço dessa segregação.

Quantas pessoas de classe média branca são contra cotas nas universidades públicas pagas com os impostos de toda a população. Tem um setor da classe média que se considera usurpado, que acha que deveriam ser reservadas para os seus filhinhos. Temos que assumir uma atitude firme contra o racismo. Racismo nunca mais.