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Estado de Minas ESCRITA

Livro aborda a adoração da literatura e como ela transformou a civilização

Para contar como surgiram as escrituras sagradas em seu livro, professor pega o rastro de um grupo de judeus exilados que se estabeleceu na Babilônia


11/09/2020 04:00 - atualizado 11/09/2020 09:18

A planta usada para produzir o papiro era nativa do delta do Rio Nilo, bem ao lado da célebre cidade de Alexandria
A planta usada para produzir o papiro era nativa do delta do Rio Nilo, bem ao lado da célebre cidade de Alexandria
Textos fundamentais, como Ilíada e a Odisseia, de Homero, mudaram o curso da história porque sobreviveram ao tempo e inspiraram reis poderosos. Muitos, entretanto, foram transformados em escrituras sagradas, como a Bíblia e o Corão, que estabeleceram maior vínculo entre as pessoas e divindades, exigindo serviço e obediência, independentemente do patrocínio dos grandes reis, como Alexandre, o Grande.

Para contar como surgiram as escrituras sagradas em seu livro O mundo da escrita – Como a literatura transformou a civilização, o professor de literatura comparada Martin Puchner, da Universidade Harvard (EUA), pegou o rastro de um grupo de judeus exilados que se estabeleceu na Babilônia depois de 587 a.C., ano em que o rei Nabucodonosor II destruiu Jerusalém e obrigou a classe dominante a se exilar.

Assim surgiram os primeiros relatos da Bíblia hebraica. Após a destruição de Jerusalém, cerca de 4 mil judeus foram autorizados a se instalar ao sul da Babilônia, onde formaram comunidade para preservar a memória do antigo reino de Israel e Judeia. Entre eles estava o escriba Esdras, que se especializou em aramaico e preservou textos originais do tempo da Casa de Davi, em Jerusalém, antes da destruição.

Foi o embrião do Antigo Testamento, a própria criação do mundo, os primeiros antepassados, Adão e Eva, o dilúvio que quase aniquilou a humanidade – essa e outras narrativas surpreendemente semelhantes ao que consta na Epopeia de Gilgamesh –, Abraão, Moisés, a fuga para o Egito e a terra prometida.

“A maior diferença em relação às outras epopeias é que a coletânea hebraica fora criada por um povo que sofrera longos períodos de exílio. Importantes para os reis, os textos fundamentais eram ainda mais importantes para um povo sem reis e sem impérios”, ressalta Puchner. O próprio Deus em questão era um escriba, tanto que ditou para Moisés os mandamentos para o povo escolhido, segundo a escrituras.

Não fossem os escribas para manter a tradição entre os exilados e o grande desejo de voltar às origens, tudo estaria perdido. Em 458 a.C., Esdras conclamou seus compatriotas no exílio a abandonar a vida que conheciam e migrar para a terra ancestral, sem soldados para protegê-los, mas sob o comando de um único deus – Yahweh. Mas como fazê-los segui-lo? Pelas escrituras em rolos de pergaminho. Pela primeira vez na história, as pessoas adoravam seu deus na forma de um texto.

“A Bíblia hebraica sobreviveu porque não dependia da terra, de reis e impérios. Ela podia existir sem eles e criar seus próprios adoradores, que a levariam para onde quer quer fossem”, conta Martins Puchner. E assim foi. Até que, em 70 d.C., Jerusalém foi novamente destruída, agora pelos romanos. De novo valeu a tradição escrita, com o Novo Testamento contendo os ensinamentos do carpinteiro Jesus de Nazaré, tornado Cristo, mas por meio dos evangelhos escritos por seus discípulos.

A ideia da escrita sagrada tornou-se central não apenas para o judaísmo, mas também para o cristianismo e o islamismo, no que se chama hoje de “religiões do livro”, lembra o professor. A partir do século 7, o islamismo, surgido a partir das pregações do profeta Maomé, ganhou forma com o Corão e começou a se espalhar pelo mundo.

INTERPRETAÇÃO E VERDADES OCULTAS

“Ler em voz alta e interpretar palavras escritas tornou-se importante atividade de fé, fazendo da religião uma questão de literatura. Como sempre havia algo oculto e incognoscível em Deus, as palavras sagradas não podiam ser tomadas ao pé da letra. Tornou-se necessário ler entre as linhas e criar interpretações engenhosas que pudessem revelar verdades ocultas”, cita Puchner.

Importante destacar que os textos fundamentais, não apenas os religiosos, levaram também ao fundamentalismo textual. Além da Bíblia e do Corão, a Constituição dos EUA (século 18) e o Manifesto do Partido Comunista (século 19) são exemplos disso. Ou seja, textos que dependem de grupos exclusivos de leitores encarregados de interpretá-los (como a Suprema Corte no caso da Constituição norte-americana).

O deus hebraico é considerado escriba por ter ditado os 10 mandamentos para Moisés
O deus hebraico é considerado escriba por ter ditado os 10 mandamentos para Moisés

Os grandes mestres

Em O mundo da escrita, Martin Puchner destaca também que para entender a história da literatura é preciso perceber um padrão notável nos ensinamentos de Buda, Confúcio, Sócrates, Jesus e Maomé, mestres que revolucionaram o mundo das ideias. Ele mostra como as escolas filosóficas e religiosas atuais tiveram suas origens com esses professores carismáticos. “O que esses professores tinham em comum era que não escreviam: preferiam reunir estudantes (discípulos) ao redor e ensinar-lhes através do diálogo, conversando cara a cara”, diz o autor.

Essa contradição, entretanto, curiosamente, favoreceu a literatura. A insistência no ensino pessoal e ao vivo foi canalizada de volta para literatura. “As palavras dos professores se transformaram em textos, que agora podemos ler e que nos atraem para os círculos de alunos formados em torno desses professores. Assim, nasceu uma nova forma de literatura, a literatura dos professores, que captava o apelo de um mestre carismático morto há muito tempo, mas cuja vida havia cruzado com as tecnlogias da escrita”, lembra Puchner, que dedica muitas páginas de seu livro para descrever como eram os ensinamentos de cada um desses mestres.

O surgimento do livro

Um grande fator que facilitou a disseminação da Bíblia foi sua tradução do hebraico para o grego, embora com muitas resistências na época. Os judeus se mantiveram fiéis ao tradicional rolo de papiro (tirada da erva aquática Cyperus papyrus, nativa do delta do Rio Nilo), ao lado da biblioteca de Alexandria. Os cristãos se apropriaram da Bíblia em grego, mas havia um grande problema de logística.

A planta que originava o papiro era nativa do delta do Nilo, bem ao lado de Alexandria, mas a centenas quiômetros de Pérgamo. E importar papiro era caro e incerto. Os bibliotecários de Pérgamo (antiga cidade grega, hoje Turquia) então desenvolveram uma técnica que usava pele de ovelha, importante invento tecnológico que acabou levando o nome de pergamentum ou pergaminho.

Eles também usaram um antigo sistema romano de empilhar folhas, unindo-as de um lado e colocando-as entre duas capas. Os romanos o chamavam de códice e  hoje conhecemos como livro. '”Esse sistema trazia uma série de vantagens: ocupava menos espaço, as capas serviam de proteção, podia ser aberto e pesquisado (e não desenrolado) com mais facilidade; funcionava melhor com o pergaminho porque ele era mais resistente do que o papiro”, conta Puchner.

Com o tempo, tornou-se o formato dominante mundo afora, inclusive entre os cristãos, que queriam evitar a reverência às escrituras associados à Bíblia hebraica. Entretanto, na China, o papel já era uma realidade entre os seguidores de Buda e Confúcio. Era feito de fibras vegetais, principalmente da amoreira, possibilitava uma superfície de escrita lisa, leve e que pode ser dobrada ou enrolada, barata e resistente.

Até então, na China, isso por volta de 200 a.C., os textos eram escritos em ossos, tiras de bambu ou sebe, materiais incômodos ou caros. São atribuídos aos chineses quatro invenções que mudaram o mundo: a bússola, a pólvora, o papel e a impressão. Eles começaram a imprimir em blocos de madeira de lei. O texto escrito por um escriba era entalhado em blocos de madeira, que recebiam tinta e eram pressionados no papel, técnica disseminada pelos budistas.

Mas as amoreiras, já importantes por abrigar o importantíssimo bicho-da-seda, não se desenvolviam no mundo árabe e era preciso encontrar um substituto. Os árabes descobriram a solução perfeita: trapos velhos. Ao ser batida e receber outros tratamentos, a fibra contida nos panos podia ser decomposta, a fim de formar a base do papel, que alimentou a explosão da escrita, por ser mais barato. Era perfeito para contos populares, como a célebre obra As mil e uma noites.

“A expansão do Império Árabe levou finalmente o papel e As mil e uma noites à Europa, quando invasores muçulmanos capturaram grande parte da Espanha e por lá ficaram por sete séculos. As histórias fabulosas contadas por Sherazade tiveram grande influência na cultura ocidental, a começar pelo Decameron, de Giovanni Boccacio, no século 14, em seus 100 contos. Mas a demanda foi tão grande, que começaram a faltar histórias.

Surgiram então muitas apócrifas. Aladim e Ali Babá, por exemplo, tiveram grande difusão na Europa medieval, mas jamais se encontrou um original árabe ou otomano delas, o que se deduz que são invenções europeias, afirma o professor Martin Puchner. As histórias populares levaram os contadores a copiar manualmente os textos para aprender a decorá-los. Isso favoreceu o surgimento da caligrafia, uma escrita ornamental que embeleza o Corão, por exemplo.

Literatura impressa

Na primeira metade do século 15, Johannes Gutenberg, que trabalhava com metalurgia, aproveitou uma feira no interior da Alemanha para apresentar seu ambicioso projeto: fabricar livros, uma invenção que mudaria o mundo novamente. Na verdade, uma reinvenção. Os chineses já estavam imprimindo livros, não apenas esculpindo textos página por página em blocos inteiros, mas fazendo letras individuais e depois montando frases em cerâmica e ligas metálicas.

A vantagem de Gutenberg foi aumentar a escala de produção e ser o primeiro a descobrir como fazê-lo. Ele começou a moldar letras em ligas duras o suficiente para resistir ao uso frequente. Todas do mesmo tamanho e comprimento, para ter uniformidade. Outra grande vantagem sobre os chineses, que tinham milhares de caracteres diferentes, era que Gutenberg contava apenas com o alfabeto de duas dúzias de letras, o grego. “Ele inventou um mecanismo de fundição manual que possibilitava a uma pessoa fundir mais de mil letras por dia, o que permitia a produção em massa de livros”, lembra o professor de Harvard.

Fogueira de livros

Ao longo da história, um fator determinante comprovou o poder da escrita e da literatura. Foram as queimas de livros. Assim como no reino de Assurbanípal, quase mil anos antes de Cristo, na China imperial, em 213 a.C., o primeiro imperador, Qin Shi Huang, quis unificar seu império, por isso mandou queimar os livros com relatos diversos de histórias da região.

A famosa Biblioteca de Alexandria também foi consumida pelo fogo, cujas causas até hoje são misteriosas. Após a invenção de Gutenberg, com a industrialização dos livros surgiu também a imprensa, que virou poderosa arma política e de guerra. As indulgências (perdão dos pecados) da Igreja Católica para levantar fundos para conter a invasão otomona na Europa após a queda de Constantinopla, em 1453, eram impressas e levaram à revolta que gerou a reforma por Martinho Lutero. “Imprimir era o maior ato da graça de Deus”, dizia o monge alemão.

Então, incapaz de conter o avanço das teses de Lutero, a Igreja Católica organizou a primeira fogueira pública dos escritos do monge rebelde, que respondeu na mesma moeda, ao queimar publicamente grande livros canônicos. “No mundo da impressão, o papel era mais forte do que o fogo”, ressalta Martin Puchner. Menos um século depois, foram feitas outras fogueiras de livro, desta vez na América recém-descoberta pela Europa. “Surpreende o fato de que se tenha dado pouca atenção aos 2 mil anos de literatura e cultura à escrita maia, talvez porque ela tenha sido decifrada apenas no último meio século, mediante os esforços combinados de linguistas russos e americanos”, avalia Puchner.

Os maias da América pré-colombiana tinham um complexo sistema de linguagem, com quase 600 sinais, que expressavam ideias e combinações de sons. Similar ao sistema romano, as páginas eram presas em ambas as extremidades e dobradas num formato de acordeom, em vez de amarradas em uma extremidade e abertas na outras.

Os livros maias eram objetos de prestígio e mais intimamente ligados à ciência de ''cálculos de anos, meses e dias'”, conta Puchner. Em 1562, entretanto, os invasores espanhóis fizeram grande fogueira pública com esses livros e ídolos maias, no processo inquisitório da Igreja contra os “hereges”. Assim como a queima de clássicos confucionistas na China e na ferrenha disputa entre Lutero e Roma, a literatura maia também ardeu em chamas. “A história da literatura é uma história de queima de livros, um testemunho do poder das histórias escritas”, frisa Pucbner.

A invenção do romance moderno veio com Dom Quixote
A invenção do romance moderno veio com Dom Quixote

Dom Quixote

A invenção do romance moderno veio com Dom Quixote de La Mancha, saído da pena do ex-soldado e ex-prisioneiro de guerra Miguel de Cervantes Saavedra, que tem uma história de vida fabulosa. Com seu estratagema audacioso, Cervantes inventou o romance moderno, no início do século 17, numa Europa transformada por novos aparelhos mecânicos, entre eles os moinhos de vento. “Os moinhos de vento eram enormes, visíveis a distância e mais barulhentos do que qualquer outra coisa produzida pelo homem. Capazes de mover moendas e outras máquinas pesadas com a força dos gigantes, foram os primeiros precursores da civilização mecânica e os perfeitos adversários para algúem como Quixote, que insistia em viver no passado”, lembra Puchner.

“Esta é a genialidade de Dom Quixote: um tolo indefeso que está louco de raiva do mundo, captando nossa experiência da civilização mecânica moderna”, considera Puchner. Dom Quixote foi tão popular quando lançado, “que as pessoas começaram a se vestir como ele e seu ardiloso criado, Sancho Pança, talvez em deferência à insistência desse par em deixar a ficção transbordar para o mundo real”.

Primeiros jornais e panfletos

Foi a partir da declaração da independência dos EUA, em 2 de agosto de 1776, que começaram os primeiros jornais e panfletos, que dariam outra guinada na história da humanidade. Um dos principais nomes daquele tempo foi Benjamin Franklin (mais conhecido no Brasil como o inventor do pára-raios). Puchner lembra que ele é tão famoso como um dos fundadores dos EUA, que ficou de lado sua contribuição para a história da literatura e da imprensa. Franklin fundou um clube de amantes dos livros e ainda a famosa Library Company, biblioteca de empréstimos de livros com incontáveis associados.

Mas o problema dos livros era que o seu processo de produção era muito caro e exigia altos investimentos. Franklin, então, “percebeu que a combinação de alta alfabetização e tecnologia da impressão criara condições para novas formas de publicação impressa, sobretudo jornais”, e depois, um produto mais viável e barato ainda, os panfletos, conta Puchner.

Começava outra revolução. “Cada vez mais difíceis de controlar, os jornais mobilizaram a maior parte da população alfabetizada na troca de ideias, fomentando o clima no qual a independência (dos EUA) surgiria. “O filosófo Georg Wilhelm Friedrich Hegel compararia o ritual da leitura do jornal matutino com a oração da manhã”, cita o professor, uma rotina que durou até o limiar do século 21, mais de 200 anos depois.

Franklin abriu caminho para as redes de conhecimento, as enciclopédias, fundamentais inclusive para a deflagração da Revolução Francesa, com Denis Diderot e Jean Le Rond d'Alembert. Surgia também a “bibliomania”, a mania quase doentia de colecionar livros. Um hobby bem atual, resistindo até hoje aos e-books.

Manifesto, novo gênero

No século 19, outras revoluções literárias surgiriam, como o Manifesto do Partido Comunista, de Marx e Engels, que Martin Puchner define como a passagem da “filosofia da abstração para a evolução histórica” a partir da Revolução Industrial e da revolução filosófica. “No exato momento do seu triunfo, o capitalismo seria subitamente desafiado por um inimigo de sua própria criação, o proletariado industrial. O Manifesto Comunista era uma narrativa forte, transformando heróis indefesos em heróis que vinham de baixo”.

Tão forte que culminou em revoluções no Velho Continente, a maior na Rússia, em 1917, que derrubou 300 anos da monarquia dos Romanov. A famosa e última frase do manifesto – “Trabalhadores de todo o mundo, uni-vos” – rompeu fronteiras e ecoou durante o século 20, até a última das revoluções, a cubana, em 1959. “Nos primeiros 4 mil anos de literatura, poucos textos conseguiram moldar a história de forma tão eficaz”, considera Puchner.

Enquanto isso, os jornais ou folhetins periódicos se multiplicavam. Muitas das grandes obras literárias surgiram em folhetins. Puchner ignora a literatura portuguesa e não cita no seu livro, mas, no Brasil, Machado de Assis (1839-1908), que viria a ser considerado o maior escritor do país, entre outros autores, publicou suas histórias em folhetins. Memórias póstumas de Brás Cubas, sua obra máxima, foi publicada no folhetim Revista Brasileira entre março e dezembro de 1880, e apenas então lançada em livro, no ano seguinte.

Nova revolução da escrita

Hoje, enquanto o século 21 avança a passos digitais, se vivos fossem, provavelmente Benjamin Franklin e os enciclopedistas franceses teriam abraçado a Wikipedia e outras tecnologias eletrônicas disponíveis na internet, conclui Martin Puchner. “Todo mundo pode ser tornar escritor e encontrar leitores pelas mídias sociais. Outros autores acham que, no futuro, se tornarão meros fornecedores de conteúdo, cujos produtos serão considerados contribuições originais de mentes independentes, mas uma forma de serviço de atendimento ao cliente, projetada para atender a uma determinada demanda. No topo, alguns desses provedores de serviço poderão se transformar em celebridades, trabalhando com uma oficina inteira de assistentes, mas eles também não serão autores no sentido tradicional de indivíduos criando história”, argumenta Puchner.

“Em que medida a autoria está desparecendo, dando lugar ao curador, à celebridade e ao provedor de serviços ao cliente com a esperança de se manter à tona num mar de conteúdo gerado pelo usuário?”, indaga o professor de Harvard.

E arremata: “A duração da mídia eletrônica já é vista como um problema devido à rápida obsolescência de programas e formatos de computador. A lição mais importante da história da escrita e da literatura é que a única garantia de sobrevivência de um texto é o uso contínuo (impresso ou digital). É a educação, e não a tecnologia, que vai assegurar o futuro da literatura”.


O mundo da escritacomo a literatura transformou a civilização
. De Martin Puchner
. Companhia das letras
. 455 páginas 
. R$ 89,90
. R$ 39,90


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