Bertha Maakaroun
Restam outros sistemas fora
do solar a colonizar.
Ao acabarem todos
só resta ao homem
(estará equipado?)
a dificílima dangerosíssima viagem
de si a si mesmo:
pôr o pé no chão
do seu coração
experimentar
colonizar
civilizar
humanizar
o homem
descobrindo em suas próprias inexploradas entranhas
a perene, insuspeitada alegria
de con-viver.
(Carlos Drummond de Andrade,
O homem; as viagens, em
“As impurezas do branco”)
Este é o ano de Carlos Drummond de Andrade. Segue vivo, presente, eterno, em seus 120 anos de nascimento. A efeméride é celebrada em um conjunto de atividades que convergem para relançamentos e lançamentos inéditos pelas editora Record e José Olympio, além de um conjunto de atividades iniciadas na próxima segunda-feira, 31 de outubro, aniversário do poeta, a começar pela Maratona 24 Horas de Leitura – 120 anos de Drummond, quando, em transmissão simultânea, serão feitas leituras ao vivo e ininterruptas da obra Carlos Drummond de Andrade, da zero hora à meia-noite.
As celebrações e homenagens a Drummond serão realizadas durante a segunda edição do Flitabira, evento literário promovido pelo Sempre um papo na cidade natal do poeta. O festival tem a curadoria do jornalista Afonso Borges, dos escritores Antônio Carlos Secchin e Tom Farias e do artista visual Pedro Drummond, neto. A curadoria local, por sua vez, foi feita por Sandra Duarte e Rafael de Sá. O festival se estenderá até 6 de novembro, domingo, na rua da “Casa de Drummond”, onde será montada uma imensa livraria, uma diversificada área de gastronomia e um palco onde vão se alternar atrações do Vijazz Blues Festival, que vai acontecer paralelamente ao festival.
Durante o Flitabira, serão lançadas pela Editora Record novas edições de “A rosa do povo”, com posfácio de Affonso Romano de Sant’Anna; “As impurezas do branco”, com texto de Bruna Lombardi; a coletânea “Quando é dia de futebol”, que resgata posfácio de Pelé; além de uma antologia inédita, “O gato solteiro e outros bichos”, organizada por Pedro Drummond, neto do poeta, mais focado no público de jovens, com textos sobre animais, direitos dos animais e meio ambiente. Prevista para ser lançada pela Editora José Olympio na Festa Literária Internacional de Paraty, entre 23 e 27 de novembro, está ainda a edição histórica “Viola de bolso” em versão fac-símile, com a reprodução das emendas feitas a mão pelo próprio autor.
Ao longo deste ano, a Editora Record lançou seis outros títulos de Carlos Drummond de Andrade. Os primeiros quatro livros escolhidos para abrir a coleção – que soma 63 obras – são pilares drummondianos, uma porta de entrada para as novas gerações de leitores: “Antologia poética” (1962), “Claro enigma” (1951), “Sentimento do mundo” (1940) e “Alguma poesia” (1930). Essas novas edições contam com uma cronologia que cita os principais acontecimentos, a contar da data do lançamento pelo autor, em vida, dos três anos que antecederam a primeira edição e os três subsequentes. Completam a lista os livros infantojuvenis relançados pela editora: “A cor de cada um” e “Criança d’agora é fogo”. Além das novas publicações com inédito trabalho de fixação dos textos, o poeta foi distinguido, ao longo do ano, com intervenções urbanas, saraus e homenagens em eventos como o CasaCor e o Paixão de Ler.
Os 120 anos de Drummond também serão marcados por debates, shows, gastronomia, lançamentos de livros e exposições programados na segunda edição do Flitabira, que tem o patrocínio do Instituto Cultural Vale e apoio da Prefeitura de Itabira e da Fundação Cultural Carlos Drummond de Andrade. Toda a programação será em formato figital: presencial (em uma imensa montagem na Praça do Centenário) e digital (pelas redes sociais YouTube, Instagram e Facebook).
A abertura oficial do festival será em 3 de novembro, às 19h, no modo figital: de um palco montado na Praça do Centenário, na frente da Casa de Drummond, Hugo Barreto, presidente do Instituto Cultura Vale, e o gestor Afonso Borges conversam com o diretor do Sesc São Paulo, Danilo Miranda, e o escritor e músico José Miguel Wisnik, estes fisicamente no palco do CPF Sesc, em São Paulo. Ambos com público presente em seus auditórios. Os temas da conversa serão ‘Os rumos da cultura brasileira’ e o ‘Legado de Drummond’. Na sequência, às 21h, o ator Thiago Lacerda fará a leitura de textos do poeta, com as presenças de Pedro Drummond, Adriano Fagundes e o editor da Record, Rodrigo Lacerda, e pelo prefeito de Itabira, Marco Antonio Lage.
Em 5 de novembro, o Flitabira levará à cidade uma das revelações da nova prosa portuguesa, a escritora Rute Simões Ribeiro, que vai fazer o lançamento nacional do seu livro “A breve história da menina eterna” (Editora Nós). No mesmo dia, uma das revelações da literatura brasileira dos últimos anos, a mineira Carla Madeira, autora de “Tudo é rio”, conversará com Afonso Borges sobre sua obra e criação literária, dividindo a mesa com o escritor e editor Rodrigo Lacerda.
De Portugal virá também o fotógrafo Adriano Fagundes, brasileiro radicado em Lisboa, para a inauguração da exposição baseada no livro “Vasto mundo”, um dos destaques da programação, que reúne textos de Carlos Drummond de Andrade selecionados por seu neto, Pedro Drummond. Uma segunda exposição, “Muros invisíveis” apresentará 42 retratos de moradores da cidade, clicados pelo fotógrafo itabirano Yury Oliveira. As fotos, expandidas em painéis de 3 metros de altura, estão expostas no principal logradouro da cidade, a Praça Dr. Acrísio Alvarenga, mostrando a exuberância da produção afro-empreendedora do município. A terceira exposição, “A máquina do poeta”, consiste na exibição das pranchas originais do premiado livro “A máquina do poeta”, do artista plástico, escritor e ilustrador belo-horizontino Nelson Cruz, e vai ser instalada na Fazenda do Pontal.
Em uma cortesia do festival, 100 livros autografados serão distribuídos para professores e estudantes de baixa renda das escolas de Itabira.
Destaques do Flitabira
31/10 – Maratona 24 horas de leitura de textos de Drummond, da zero hora à meia- noite, presencial, na Fundação Cultural Carlos Drummond de Andrade, com transmissão on-line
Ciclo de debates “12x120”, com 3 lives por dia, sendo 12 painéis com dois convidados cada um abordando tanto os aspectos genéricos quanto acadêmicos da obra do poeta. Entre 3 e 6 de novembro, em transmissão pelo YouTube do Flitabira e do CPF Ses. Participam Elisa Lucinda, Eucanaã Ferraz, Antonio Torres e 30 convidados
1º/11 – Abertura da exposição presencial "Máquina do poeta", do escritor e ilustrador Nelson Cruz (inspirado em Drummond)
3/11 abertura oficial do Flitabira. Debate com Afonso Borges, Danilo Miranda e José Miguel Wisnik
3/11 – Leitura presencial de textos de Drummond com Thiago Lacerda, Pedro Drummond, Adriano Fagundes e Rodrigo Lacerda
5/11 – Participação da escritora portuguesa Rute Simões Ribeiro
Serviço
“2º Flitabira – Festival Literário Internacional de Itabira”
De 31 de outubro a 6 de novembro
Atividades presenciais na Praça do Centenário, em Itabira (MG) e atividades on-line nas redes do Festival (@flitabira)
Mais informações em www.flitabira.com.br
O poeta de A a Z
Confira trechos de alguns verbetes do dicionário
EROTISMO (Mariana Quadros)
BELO HORIZONTE (Ivan Marques)
MÃE (Mirella Márcia Longo Vieira Lima)
MINERAÇÃO (José Miguel Wisnik)
Dois livros para as crianças
“Quero lasanha”