Jornal Estado de Minas

Pessoas ligadas ao Grupo SIM tocam contratos proibidos

Alessandra Mello
Uma empresa formada por colaboradores e ex-funcionários e funcionárias do SIM – Instituto de Gestão Fiscal tem abocanhado parte da clientela do grupo e vencido licitações para realização de serviços idênticos aos que eles prestavam para prefeituras, câmaras e autarquias municipais antes do estouro da Operação Pasárgada, em abril do ano passado, pela Polícia Federal. Coincidentemente, a nova empresa, batizada de Academia de Gestão Pública (AGP) e criada oficialmente há nove meses, funciona na mesma avenida onde o grupo SIM está instalado, na Região Centro Sul da capital mineira, em um prédio em frente ao instituto, e tem funcionários em comum.
O quadro societário da nova empresa é formado por pessoas que ocupavam cargos de confiança no grupo SIM, entre eles Roger de Araújo Melo, ex-supervisor de sistemas de recursos humanos do grupo, o contador Daniel Gehard Batista, dono de uma empresa de contabilidade em Manhuaçu, na Zona da Mata, e colaborador do instituto, e José Maurício Coutinho, secretário da Fazenda de Timóteo, no Vale do Aço, durante a gestão do prefeito Geraldo Nascimento (PT). Ele foi preso em flagrante pela Operação Pasárgada e é investigado por contratação sem licitação do grupo durante sua gestão à frente da prefeitura. Nenhum dos sócios da AGP foi localizado na sede da empresa. Os três, segundo uma funcionária, estavam viajando e incomunicáveis pelo celular. O SIM garante que não há nenhuma relação entre as duas empresas, a não ser o fato de a AGP ter sido criada por antigos funcionários do grupo.

A AGP está assumindo vários contratos do grupo SIM que deveriam ter sido cancelados no ano passado por orientação do Ministério Público Estadual (MPE), que investiga a contratação sem licitação da empresa por cerca de 200 prefeituras mineiras. Os municípios de Pará de Minas, na Região Central, Barbacena, na Zona da Mata, e Formiga, no Centro-Oeste, que usavam os serviços do SIM, agora são clientes da AGP. Atualmente, estão em andamento pelo menos outros cerca de 40 procedimentos licitatórios para contratação dos mesmos serviços que eram prestados pelo SIM que têm objetivo idêntico publicado no Minas Gerais, o diário oficial do estado.

A nova empresa é alvo de investigação do MPE e também está na mira do Tribunal de Contas do Estado de Minas Gerais (TCE-MG), que determinou a suspensão de alguns procedimentos licitatórios para contratação de serviços similares aos prestados aos que vinham sendo feitos pelo SIM. Procurado pelo Estado de Minas, o TCE-MG não deu informações sobre a suspensão das licitações.

O grupo SIM já foi denunciado pelo Grupo Especial de Promotores de Justiça de Defesa do Patrimônio Público do MPE, devido à contratação sem licitação da empresa pela Câmara Municipal de Barão de Cocais, na Região Central do estado. Essa foi a primeira de uma série de denúncias que ainda serão impetradas em outros municípios envolvidos com o grupo. Os proprietários do Grupo SIM, Nelson Batista de Almeida, Nilton de Aquino Andrade, Sinval Drumond de Andrade e Cleide Maria Alvarenga Andrade foram indiciados pela Polícia Federal por formação de quadrilha, corrupção ativa, falsidade ideológica, lavagem de dinheiro e evasão de divisas.

Defesa


Por meio de nota, o grupo Sim afirmou que sua “equipe contava com 300 profissionais reconhecidos no mercado e de inigualável grau de especialização. Apesar da presunção de inocência, a intensa divulgação ocorrida, com alegações que não se comprovam, produziu reflexos negativos, acarretando redução em seu quadro funcional. Alguns desses ex-funcionários se apresentaram no mercado com novas empresas, tanto sediadas em Belo Horizonte (caso da AGP), quanto no interior do estado”.

A nota diz ainda que “o Grupo SIM mantém boa relação com seus ex-funcionários e empresas, sabendo, inclusive, que eventualmente alguns deles são contratados como free-lancers para atendê-las, já que tanto o Grupo SIM quanto estas empresas são credenciados para utilizar o mesmo software, o qual é comprovadamente eficiente ao fim que se propõe e é um sucesso de mercado”