A reforma administrativa que o prefeito Marcio Lacerda (PSB) está promovendo a conta-gotas na administração municipal nem terminou e já faz o PT, do vice-prefeito Roberto Carvalho, andar cada vez mais separado do socialista. Na mesma medida em que perde espaço nos quadros da prefeitura, os petistas se articulam cada vez mais para firmar posição como possível alternativa de poder na sucessão municipal. Segunda-feira foi a vez de o PT municipal, presidido por Carvalho, oficializar posição contrária a de Lacerda sobre o edital de licitação da Feira de Artesanato da Avenida Afonso Pena.
Na prática, em meio à polêmica e protestos dos feirantes, que pressionam o prefeito para rever os critérios de distribuição das vagas, o vice assume o lado dos manifestantes e se posiciona contra Lacerda. O PT municipal defendeu em um fórum partidário o diálogo e uma revisão do edital, contemplando o lado da cultura e dos artesãos. O petista, no entanto, diz que a postura é propositiva e não de denúncia. “Não sou eu, é a posição unânime do partido. Eu e Marcio fomos eleitos em nome do diálogo com a cidade e entendemos que aliado é aquele que contribui com sugestões”, afirmou.
Coincidência ou não, os fóruns para debater assuntos da cidade no PT municipal se iniciam em meio ao descontentamento dos petistas com a aliança com Lacerda. No domingo, o ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio, Fernando Pimentel (PT), principal articulador da aliança, agora condenou a união que, junto ao PSDB, levou o socialista à prefeitura, antes governada pelo PT. Na visão de muitos, a reforma administrativa está fazendo uma verdadeira limpa dos petistas na capital.
Os primeiros a sair foram o ex-presidente da Belotur Júlio Pires e o ex-secretário de Planejamento Helvécio Magalhães – homens fortes da gestão do ex-prefeito Fernando Pimentel. Conforme um alto dirigente do partido, Lacerda também deve tirar da prefeitura o secretário de Recursos Humanos, Márcio Serrano, e o secretário da Regional Centro-Sul, Fernando Cabral, outros dois nomes do PT. Lacerda também não desejaria continuar com Jorge Nahas à frente da Secretaria de Políticas Sociais.
A secretária-adjunta de Políticas Urbanas da PBH, Maria Caldas, é outra que estaria de malas prontas para integrar o governo da presidente Dilma Rousseff (PT), mais precisamente no Ministério do Planejamento, pasta comandada pela ministra Míriam Belchior. O secretário de Políticas Urbanas, Murilo Valadares, que terá sua pasta desmembrada em duas, deve continuar à frente da área de Obras. Já a Secretaria de Serviços Urbanos deve ficar com Pier Senesi, que comanda a Regional Leste.
Enquanto as baixas se multiplicam, foi nomeado semana passada Paulo Bretas, nome que seria ligado ao ex-ministro do Desenvolvimento Social Patrus Ananias, mas o comando partidário não entende como um pedido da legenda. Para a pasta de Desenvolvimento Econômico, que os petistas também pretendiam abocanhar, será indicado um tucano ligado ao senador Aécio Neves. Na segunda-feira, circulou nos bastidores a informação de que o escolhido seria Reginaldo Arcuri, que deixou o governo federal semana passada e já foi secretário de Indústria e Comércio de Minas Gerais. No entanto, ele nega. “Já trabalhei com o Marcio várias vezes, mas não houve nada neste sentido”, disse.