Desalinhado com os tucanos, Aécio quer mínimo de R$ 560
Ao receber nesta terça-feira representantes das centrais sindicais, com exceção da CUT, o senador Aécio Neves (PSDB-MG) se comprometeu a levar à bancada do seu partido um plano B para a aprovação do salário mínimo no valor de R$ 560 e não de R$ 600, como defendem os tucanos, atendendo ao pedido dos líderes sindicais. Aécio afirma que a sua intenção é procurar a reaproximação do PSDB com as centrais, das quais esteve, segundo ele, afastado nos últimos anos.
"O que estou buscando é a aproximação do PSDB com as centrais sindicais e dos movimentos sociais, que me parecem mais realistas hoje", disse Aécio. "Acho natural que o partido seja solidário à proposta apresentada na campanha eleitoral (do salário mínimo de R$ 600), mas não devemos correr o risco de ficarmos isolados nesse processo. E, se for derrotada a proposta do mínimo em R$ 600, devemos ter um plano B, que seria a unificação das oposições em torno da proposta das centrais sindicais", explicou.
Para o senador, a posição do governo de tentar assegurar o mínimo em R$ 545, alegando que outro valor poderia levar o País a uma crise econômica, não deve ser aceita porque, acredita, "há sim um espaço para negociação e quem sabe pode contar no último momento com a participação do governo".
O ex-governador de Minas Gerais lembrou que os sucessivos recordes de arrecadação tributária do governo e a situação econômica muito melhor do que a anterior, "não apenas pela atuação de um, mas da ação de vários governos", abrem espaço para a negociação. "Não acho correto que o governo faça disso uma queda de braço, um cavalo de batalha e a proposta apresentada pelas centrais me parece razoável", avaliou.
O senador lembrou ser este o primeiro teste do governo da presidente Dilma Rousseff. Mas destacou que, em questões como esta, não prevalece apenas o apoio da base aliada, mas também "o sentimento das ruas" e o sentimento daqueles que elegeram os parlamentares.
Encabeçando o grupo de sindicalistas, o presidente da Força Sindical, deputado Paulo Pereira da Silva (PDT-SP), o Paulinho, afirmou que as duas bancadas do seu partido (da Câmara e Senado) e a bancada do DEM, com quem ele se reuniu pela manhã, vão apoiar a proposta do salário mínimo de R$ 560.
Ele lembrou que as centrais já recuaram da proposta inicial de R$ 580 para R$ 560 para abrir a possibilidade de um entendimento. Paulinho disse que não é o salário mínimo que causa a inflação. "Caso contrário, o governo Lula teria uma inflação galopante, quando ele deu um reajuste de 70% no salário mínimo".