Depois de uma tarde de negociações, explicações e tentativas de conseguir votos, governo e oposição vão para o primeiro grande embate da gestão de Dilma com três valores possíveis para o salário mínimo. O primeiro deles, de R$ 545, é proposto pelo governo, que manteve-se firme na defesa do valor. O segundo, de R$ 560, é defendido pelo PDT e alguns parlamentares da oposição. O terceiro, de R$ 600, será proposto pelo PSDB. A votação acontece nesta quarta-feira.
Nesta terça-feira, o secretário executivo do Ministério da Fazenda, Nelson Barbosa, e o ministro da Fazenda, Guido Mantega, estiveram no Congresso para fazer um último apelo aos aos parlamentares. Segundo Mantega, a cada R$ 1 aumentado no valor do salário, a folha de pagamento dos aposentados cresce R$ 300 milhões. "Temos uma limitação de ordem orçamentária", disse o ministro no plenário da Câmara.
Os líderes da base aliada fecharam acordos para conseguir o máximo de apoio possível na votação e garantiram que os parlamentares da situação estão unidos, apesar de admitirem que deve haver uma parcela de dissidentes. ''Estamos em uma situação confortável. Não trabalhamos com o salário mínimo acima de R$ 545'', disse o deputado Cândido Vaccarezza, líder do governo. Ele afirmou que não haverá punição para quem votar em valores acima do proposto.
O líder do PMDB, deputado Henrique Eduardo Alves (RN), divulgou nota na noite desta terça afirmando que o partido vai votar pela proposta do governo. O líder disse que a decisão do partido ocorreu em defesa da política salarial que está dando certo, ''por refletir ganho real de salário para o trabalhador, compatível com o desempenho positivo da economia brasileira''.
O PDT, com 26 parlamentares, foi o único partido da base aliada que nao aderiu à proposta do governo. O partido fechou um acordo com as centrais sindicais para defender o valor de R$ 560. O líder do partido, deputado Giovanni Queiroz (PA), disse que a posição pelos R$ 560 faz parte da história de luta da legenda, que sempre defendeu reajustes reais para o mínimo. ''Isso não é dissidência. É coerência. O governo não vai partir para nenhuma retaliação'', disse Queiroz.
Oposição
Mesmo com os apelos da equipe da Fazenda, a oposição, composta pelo PPS, DEM e PSDB, não se convenceu e decidiu lutar por um aumento maior do que o proposto pelo governo. Apesar de saber que é quase impossível de conseguir uma vitória, o PSDB propõe R$ 600, o mesmo valor que usou durante a campanha do presidenciável José Serra, no ano passado, mas o valor não é consenso na legenda. A ala liderada pelo senador Aécio Neves (MG), por exemplo, defende o valor de R$ 560, assim como o PDT. O líder do DEM, deputado Antonio Carlos Magalhães Neto (BA), também defende que o novo mínimo seja de R$ 560.
Nesta terça-feira, Guido Mantega argumentou que se o salário mínimo chegasse a R$ 600, o impacto seria de R$ 16,5 bilhões no Orçamento de 2011, além do custo que já terá para reajustar de R$ 510 para R$ 545. Caso o mínimo fosse para R$ 580, o custo seria de R$ 10,5 bilhões este ano.
*Com agências