Brasília – A guerra que marcou a votação do salário mínimo proposto pelo governo na Câmara não se repetirá no Senado. Líderes da base na Casa afirmam que os governistas estão coesos e que, na próxima quarta-feira, o projeto será analisado e aprovado em plenário para seguir à sanção da presidente Dilma Rousseff. Nas contas dos governistas — excluídas as bancadas da oposição e cerca de 15 possíveis rebeldes da base e de partidos independentes —, o Planalto tem pelo menos 45 votos favoráveis de 41 necessários. “A ideia é votar na quarta-feira. Quando o projeto chegar, vamos fazer um requerimento de urgência para levá-lo direto a plenário. Temos os votos necessários para aprová-lo”, diz o líder do governo no Senado, Romero Jucá (PMDB-RR).
O líder espera que, em apenas uma semana, a Casa realize audiência pública com o ministro da Fazenda, Guido Mantega, vote o requerimento de urgência e aprove o projeto. “Esse valor significa austeridade, responsabilidade fiscal, combate à inflação e a aprovação de uma regra que vai dar ganho real para a classe trabalhadora ao longo dos próximos anos”, acrescentou Jucá, referindo-se aos R$ 545 aprovados ontem na Câmara. A votação do piso salarial no Senado não precisará ser feita em sessão extraordinária. Acordo entre os líderes da Casa adiará a leitura de 21 medidas provisórias que chegarão à Casa, mantendo a pauta de votações desobstruída. Líderes que atuaram na composição das comissões e participaram ativamente das negociações que mantiveram José Sarney (PMDB-AP) à frente da Presidência do Senado acreditam que os acordos fechados antes da eleição na Casa vão facilitar a votação do salário-base. Na prática, a tranquilidade com que os governistas fazem as contas se deve à atuação do Planalto nas negociações que deram a Sarney uma vitória sem grandes dissidências. Para os líderes, as diferenças entre PT e PMDB estão, pelo menos por ora, sob controle. Em nome da coesão da base, às vésperas de o Senado confirmar o mínimo estabelecido pelo governo, o líder do PT na Casa, Humberto Costa (PE), teve que passar por cima da insatisfação de aceitar que os tucanos comandem a Comissão de Infraestrutura para manter o clima de tranquilidade nesse início de legislatura. Costa também aposta na votação sem sobressaltos do projeto de reajuste do mínimo no Senado. “O governo precisa preservar o equilíbrio fiscal. É necessário que o nosso projeto de desenvolvimento combine a ampliação do poder econômico da população com o equilíbrio fiscal.” Os reflexos da briga para emplacar aliados no segundo escalão de Dilma ainda não afetaram o Senado. É que a insatisfação dos peemedebistas na divisão de cargos do Executivo é bem mais evidente entre os integrantes da Câmara. No Senado, a bancada comandada por Renan Calheiros (PMDB-AL) diz seguir o enredo elaborado pelo governo. Aécio se reúne com representantes sindicais para pressionar o aumento do salário mínimo. Assista ao vídeo