O senador Aécio Neves (PSDB) fez críticas à posição do governo durante o processo de discussão do novo valor do salário mínimo, aprovado na Câmara dos Deputados na última quarta-feira. O senador acusou a presidente Dilma Rousseff (PT) de ser autoritária ao determinar, no projeto enviado ao Congresso, que o governo fixe o valor do salário mínimo por decreto nos próximos anos. ''É uma violência enorme essa tentativa de subjugar o Congresso Nacional buscando aprovar a majoração do salário mínimo via decreto. Alem de contrariar violentamente a constituição, ela também foge à lógica, pois hoje nós temos uma situação econômica que pode ser diferente daquela que nos teremos daqui a um ano ou daqui a três anos'', afirmou Aécio, nesta sexta-feira, em visita à cidade do Rio de Janeiro.
O senador disse que vai procurar líderes da oposição e da base governista durante esta semana, antes da votação do projeto no Senado, marcada para quarta-feira, para convencê-los a rever a prerrogativa de fixar um valor por meio de decreto e aprovar um projeto em que o valor da remuneração seja revisto anualmente pelo Congresso.
Caso não consiga, a oposição irá entrar com uma ação no Supremo Tribunal Federal (STF) questionando o projeto enviado pelo Executivo. ''O que está em jogo não é a comparação deste ou daquele valor, há algo muito mais relevante, que é o papel do poder Legislativo. Ou nós vamos cumprir nosso papel de Legislar ou nós vamos permitir que já na largada deste novo governo que o Congresso Nacional se agache perante o poder Executivo'', disse.
Sobre o valor do novo mínimo, que é fixado em R$ 545 para 2012, o senador admitiu que a oposição está a par de sua ''posição minoritária'' e que não deve conseguir aumentar o valor.
Petista reage
O deputado federal Ricardo Berzoíni, ex-presidente do PT, reagiu às acusações do senador tucano. Em seu Twitter, Berzoíni ironizou Aécio e disse que ele ''quer competir com Tiririca, como comediante'', alegando que o tucano, quando foi governador de Minas, desprezou o poder Legislativo ao editar leis delegadas no início do seu mandato.
As leis delegadas são leis criadas pelo Executivo estadual que não precisam passar pela a aprovação do Legislativo para começarem a vigorar. ''Aécio governou com leis delegadas, a pior forma de desprezar o legislativo'', afirmou Berzoíni, que disse que o político ''virou as costas'' para o Legislativo e que seu sucessor, o governador Antonio Anastasia (PSDB), segue o mesmo caminho.