Jornal Estado de Minas

Marcio Lacerda fica em cima do muro sobre apoio de petistas e tucanos

Prefeito de BH diz que torce para que as duas legendas estejam unidas novamente em torno da sua reeleição em 2012

Juliana Cipriani
"Já viu aquele casal que se separa e cada um quer levar o filho para o seu lado? Então, eu sou aquele filho que não quer que os pais se separem e pede: vamos ficar todo mundo junto?" - Marcio Lacerda, prefeito de BH - Foto: Marcelo Sant'Anna/EM/D.A PRESS No centro de um verdadeiro cabo de guerra entre PT e PSDB para saber quem estará com o prefeito Marcio Lacerda (PSB) na disputa pela reeleição à Prefeitura de Belo Horizonte em 2012, o principal interessado pretende ficar exatamente onde está. Pelo menos por enquanto. O socialista afirmou nessa sexta-feira que se recusa a escolher um dos dois aliados que o levaram ao comando da capital e que, apesar de tucanos e petistas dizerem o contrário, os três partidos podem estar juntos mais uma vez.
O casamento fracassado entre PT e PSDB, na visão do socialista, que se coloca como fruto da união, ainda pode ser refeito. “Já viu aquele casal que se separa e cada um quer levar o filho para o seu lado? Então, eu sou aquele filho que não quer que os pais se separem e pede: vamos ficar todo mundo junto?”, compara o prefeito. De acordo com Lacerda, mesmo com petistas e tucanos já não se entendendo, a aliança foi favorável para BH. “A cidade elegeu essa aliança, que está governando com um clima de trabalho muito produtivo, tanto que a população tem uma boa avaliação”, disse.

O prefeito pediu paciência aos dois partidos. “Se a gente antecipar esse debate eleitoral de 2012 falando em uma opção por A ou por B, vamos criar uma distensão interna que pode prejudicar a administração. Minha tese neste momento é: vamos adiar essa discussão e eu acredito na possibilidade de reeditar a aliança”, disse.

Motivo de novas tensões internas e adiada em mais de um mês justamente pelo descontentamento de aliados, a reforma administrativa do prefeito Marcio Lacerda será finalmente concluída na semana que vem. Os decretos com as fusões e mudanças estruturais na administração serão publicados no Diário Oficial do Município com circulação na segunda-feira e, na terça-feira, é a vez dos últimos nomes de secretários.

A nova acomodação dos partidos que dão sustentação ao seu governo está se transformando em uma prova de fogo para Lacerda. A perda de espaço pelo PT, que até então tinha postos centrais da administração, irritou integrantes da cúpula partidária e levou a um certo distanciamento do partido, que, apesar de falar em aliança com o socialista, trabalha com possibilidade de candidatura própria. O discurso do PSDB, em virtude da demora de uma posição de Lacerda, é o mesmo. Preferencialmente opta por estar com o prefeito sem o PT, mas já começa a trabalhar uma candidatura própria.

Esta semana, o secretário nacional do PSDB, deputado federal Rodrigo de Castro, afirmou que um partido com o governo do estado e a dimensão que tem deve sempre pensar em nomes para concorrer à prefeitura. O tucano, cotado como um possível nome para a disputa, reafirmou a intenção da legenda de marchar com Lacerda, mas sem os petistas.

Embora o prefeito não confirme os nomes, está certo que a pasta de Desenvolvimento ficará com um tucano. Aliados dizem que o escolhido é um ex-secretário do prefeito do Rio de Janeiro, Eduardo Paes, mas mantém o nome em segredo. O posto era cobiçado pelo PT, que perdeu força e nomes de peso. A Secretaria de Políticas Urbanas, por exemplo, que tinha o petista Murilo Valadares como uma espécie de supersecretário, está sendo desmembrada. Murilo ficará com a pasta de Obras e a de Serviços Urbanos deve ter à frente Pier Senesi, socialista que até então comanda a Regional Leste.