Jornal Estado de Minas

Partidos menores se movimentam para não ficar de fora da sucessão na PBH

Amanda Almeida Juliana Cipriani
A polarização antecipada das discussões eleitorais entre PT e PSDB levou quatro partidos menores a se movimentar para não ficar de fora da sucessão municipal de 2012. Apesar de integrarem a base de governo do prefeito Marcio Lacerda, lideranças do PCdoB, PDT, PR e PRB se reuniram nessa segunda-feira na Câmara Municipal de Belo Horizonte e decidiram formar um movimento suprapartidário pelo lançamento de outras candidaturas à prefeitura. A ideia é fortalecer outras frentes por meio de seminários temáticos e envolver a sociedade na discussão sobre a cidade.
Entre os partidos, dois deles já declararam a intenção de lançar candidatura própria à administração municipal. Em convenção da Executiva do PCdoB, a deputada federal Jô Moraes foi escolhida para representar o partido na disputa. A parlamentar concorreu com Lacerda nas últimas eleições municipais e, no segundo turno, se aliou ao peemedebista Leonardo Quintão (PMDB). Já o PR teria o deputado federal Lincoln Portela como principal nome, mas conta ainda com outras opções, como o senador Clésio Andrade.

De acordo com a presidente do PCdoB no estado, Belo Horizonte não deve repetir a polarização das disputas partidárias nacionais entre petistas e tucanos. “BH é muito mais plural do que Atlético e Cruzeiro. Temos o América, que também quer ocupar espaço”, afirmou Jô, brincando com a rivalidade dos principais times de futebol mineiros.

Conforme a deputada, serão feitos encontros entre os demais partidos para integrá-los na discussão sobre Belo Horizonte. “Nesse espaço devem surgir propostas, debates e articulações para uma BH mais plural, o que nos coloca em condições de apresentar diferentes nomes ou mesmo fazer parte dessa composição envolvendo algum desses dois grandes partidos”, afirmou.

Na lista de temas a serem discutidos pelo grupo, que pretende fazer um simpósio nos próximos meses, entram questões como os cortes orçamentários do governo federal. “Temos grandes desafios na área de mobilização urbana e que estar atentos com programas que não podem ser cortados, como o Programa de Aceleração do Crescimento (PAC). Temos que nos articularmos para a pauta em BH”, afirmou. De acordo com Jô Moraes, serão feitas reuniões com ministros e representantes dos movimentos sociais da capital não ligados a partidos políticos.

O presidente do PR municipal, Leonardo Portela, também criticou a divisão de forças entre PT e PSDB. “Não queremos que as eleições municipais sejam um balão de ensaio para a disputa ao governo do estado em 2014”, argumentou. Na última semana, o PR ensaiou uma debandada da administração de Lacerda, colocando a possibilidade de tornar independente. Portela afirma que, apesar de ser base e ter alguns filiados em quadros municipais, o PR municipal não se sente representado institucionalmente. O partido tem o comando da Regional Norte, com um nome indicado por Clésio Andrade.

A reforma administrativa foi o estopim para tornar pública uma crise entre partidos aliados do prefeito Marcio Lacerda, principalmente entre PT e PSDB, que se uniram há três anos para elegê-lo. Agora, os dois partidos dizem ser impossível uma nova aliança e, no meio deles, Lacerda se recusa a escolher com quem caminhar no pleito. Petistas e tucanos já demonstraram interesse em apoiar o prefeito desde que o outro não esteja junto.