No primeiro mês em que as prefeituras terão de pagar o novo valor do salário, previsto para março, o Tesouro Nacional da União estima uma queda de 31% no Fundo de Participação Municipal (FPM) em relação ao mês de fevereiro, dinheiro que garante a sobrevivência da maioria das prefeituras brasileiras. Ziukoski ponderou, entretanto, que o repasse deverá ser maior do que março do ano passado. O FPM é uma transferência constitucional originada do Imposto de Renda e do Imposto sobre Produtos Industrializados. São depositados 22,5% mensalmente e 1% em 10 de dezembro de cada ano. As cidades recebem 86,4% e as capitais 10%, com o limite de 85% para Sul e Sudeste.
A CNM estima que o impacto do salário de R$ 545 será de R$ 1,3 bilhão para os municípios. Além do salário dos trabalhadores, o cálculo leva em conta também os encargos trabalhistas previsto para os aumentos nos valores dos vencimentos. Para calcular os valores, a Confederação usou os balanços municipais de 2009, publicados na Secretaria do Tesouro Nacional (STN). Para cada R$1 aumentado no mínimo, o custo final para as prefeituras é de R$38 milhões. “O número de cidades que vai ultrapassar o máximo permitido pela Lei de Responsabilidade Fiscal deverá crescer muito. Isso é histórico e, se nenhuma medida for tomada, vai continuar”, disse.
O decreto da União estabelece as regras de correção que devem vigorar até 2015, prevendo ganhos reais futuros. Se a inflação deste ano ficar acima da meta de 4,5%, como preveem economistas do governo e de instituições privadas, é certo que, pelas regras propostas, o salário mínimo, fixado em R$ 545 para este ano, ultrapassará R$ 610 em 2012.
Minas
A preocupação das prefeituras mineiras, segundo a assessora de economia da Associação dos Municípios Mineiros (AMM), Angélica Ferreti, é de que, com o aumento do salário mínimo para R$ 545 as cidades não terão dinheiro para outros investimentos. Segundo Angélica, a estimativa é de que hoje 54,28% do orçamento municipal é gasto com os servidores. Esse percentual vai aumentar para 78,93%. “Os prefeitos estão desesperados, não sabem mais o que fazer. Cada vez mais cidades está tendo que demitir funcionários”, afirmou.